O que o governo enterrou em quatro bancos corresponde ao que
cortou em subsídios durante dez anos e a uma parte substancial do aumento da dívida
soberana durante esta legislatura, mais de dez mil milhões de euros.
Referimo-nos ao BPN, BANIF, BCP e BPI, bancos geridos por gente muito querida do
actual regime, que ainda passa reveillons com ministros em hotéis de Luxo no
Rio de Janeiro, que ao longo de mais de duas décadas foram apresentados como
gestores modelos, exemplo das grandiosas reformas liberais de Cavaco Silva e
que durante décadas ludibriaram o país escapando-se ao pagamento de impostos
graças a governantes corruptos que lhes fizeram todos os favores.
São os pensionistas os responsáveis pela insustentabilidade
da dívida soberana, são os funcionários públicos que ganharam demais e levaram
a banca à falência, foram os subsídios que impediram os bancos de financiar a
economia? É evidente que não, o país está a ser enganado e o povo a ser sujeito
a sacrifícios que não constavam no memorando para que um governo ultra
direitista use os recursos nacionais para proteger e ajudar os seus a voltar a
enriquecer.
Pouco importa se há gente a ficar no desemprego, quem fique
sem casa onde viver ou quem não tome os medicamentos de que necessita, os
accionistas do BCP, do BPI ou do BANIF são cidadãos de primeira que não podem
ser sujeitos a qualquer sacrifício e muito menos assumir as consequências da
sua incompetência ou oportunismo à frente dos bancos. Com o falso argumento de
que os bancos não podem falir estão usando os recursos nacionais em seu favor,
ao mesmo tempo que investem nas suas agências de comunicação para comprarem a
opinião pública. Os sacrificados não só estão a pagar os seus lucros, como
ainda pagam a propaganda usada para serem ludibriados.
Foram os professores que decidiram atirar a economia
portuguesa contra uma parede e adoptar uma política fiscal incompetente da qual
resultou uma perda de mais de 4.000 milhões de euros em receitas fiscais,
precisamente o montante que agora querem poupar destruindo de forma arbitrária
três décadas de progresso social? É despedindo 50.000 professores que aumenta a
qualificação dos portugueses, um dos grandes obstáculos à nossa
competitividade? É despedindo 120.000 funcionários que os nossos empresários
ficam competitivos, competentes e inteligentes de um dia para o outro?
Não era o ajustamento português que estava a correr às mil
maravilhas e era diariamente elogiado pelos três bananas da troika que vieram
para Portugal comer à nossa custa em hotéis de cinco estrelas, instalando
funcionarecos aposentados que andam armados em experts do FMI no Ritz? Não era
Portugal que estava muito melhor do que a Grécia? Os rapazolas da troika não
previram, tal como o Gaspar, que no segundo semestre de 2012 já haveria criação
de emprego e crescimento económico?
O povo português é o culpado da incompetência do governo,
dos três bananas da troika e dos falsos experts do FMI?