Reestruturar o Estado?
Sim, o Estado é mal gerido, tem serviços a mais, tem chefias
em excesso e mantém uma cultura de gestão inadequada. Tudo isto constava no
memorando e tanto quanto se sabe as famosas fusões e emagrecimentos ficaram por
fazer, o que o relatório do FMI parece dizer é que pouco importa se o Estado é
bem ou mal gerido, se tem ou não qualidade, o necessário é que se corte na
despesa para que se possam financiar as reduções de impostos sobre os ricos e a TSU. Não admira
que Passos já fale em redução de impostos à custa da sua refundação, e não
deverá estar a referir-se ao IRS que aumentou de forma brutal.
Aumentar a comparticipação dos cidadãos no SNS?
Sim, a tendência da medicina é para cada vez maior
capacidade de cura com recurso a medicamentos cada vez mais caros e a
tecnologias cada vez mais sofisticadas e dispendiosas. Cada vez que surge a
cura para uma doença ou que se avança para novas soluções com recurso à
cirurgia os custos do SNS aumentam exponencialmente. Mas isso não significa necessariamente
taxas moderadoras brutais. Recorde-se que o PSD se recusou a introduzir taxas
moderadoras nas cirurgias.
Introduzir propinas no ensino secundário?
Nem pensar, ainda que sejam necessárias medidas que
co-responsabilizem os encarregados de educação na educação dos filhos.
Eliminar autarquias?
Sim, há juntas de freguesia a mais bem como municípios cuja
existência não faz sentido, mas como se sabe a troika tem fechado os olhos ao
oportunismo do Miguel Relvas e o relatório do FMI parece só conseguir encontrar
poupanças nos despedimentos.
Há funcionários públicos a mais?
É evidente que há, em consequência não só de alguns regimes
laborais, mas também da tendência dos chefes do Estado para criar pequenos exércitos
administrativos. Em muitos serviços toda a gente sabe quem mete atestados atrás
de atestados para se baldarem ou quem não tem capacidades para o desempenho das
funções. O problema é que as cunhas protegem e na hora de haver um despedimento
é mais provável que alguém competente seja vítima de uma vingança.
Há polícias a mais?
Há e a prova é que os agentes da GNR e da PSP servem para
tudo, basta entrar nos grandes quartéis da GNR e contar os soldados que cumprem
funções de segurança e os que na melhor tradição militarista portugueses estão
lá para engraxarem as botas dos oficiais ou, simplesmente, para bater a pala
quando estes entram ou saem do quartel. Se retirarmos das ruas de Lisboa os
agentes que estão fazendo os chamados serviços remunerados é muito provável que
seja difícil ver um agente ou um carro
da PSP nas ruas da capital.
Reformar o Estado com o PSD de Passos Coelho?
Nem pensar, estes rapazolas são defensores do terrorismo
institucional e o único objectivo que visam é libertar recursos financeiros
para entregar às suas clientelas, aos Ângelos Correias deste país que depois de
acabados os fundos comunitários precisam urgentemente de encontrar outras
fontes de financiamento. Aquilo que Passos quer é uma solução para enriquecer
os amigos durante a próxima década.