Aqueles que no passado tudo fizeram para empurrar o país
para os braços do FMI porque isso lhes trazia ganhos eleitorais, apresentam-se
agora como os lutadores pela libertação da Pátria e até já falam em antecipação
da saída do programa. O país afunda-se, a recessão acentua-se, a borrasca da
recessão da zona euro ameaça os supostos sucessos do ajustamento mas a realização
de eleições autárquicas obriga a mudança de estratégia.
Há pouco tempo pediram mais tempo para cumprir as metas e
mais tempo para pagar, o que equivale ao mais tempo e mais dinheiro que sempre
negaram, mas passados poucos dias de terem soçobrado perante a realidade foram
ao mercado amparados pelas novas políticas do BCE de que sempre discordaram e a
que se juntaram à Alemanha numa tentativa de as impedir, falam agora em
libertar o país da troika.
Os que se diziam estar-se lixando para as eleições nem
precisam de esperar pelas legislativas para correrem à promoção de fraldas para
incontinente do Pingo Doce, para se borrarem pelas calças abaixo bastou-lhes as
autárquicas. Eleições menos importantes mas fundamentais para um partido que se
alimenta do caciquismo. O que será do PSD se o Menezes perder no Porto, o
Aguiar perder em Gaia ou o Seara acabar no Parlamento Europeu dando entrevistas
em teleconferência à sua jornalista?
Para se salvarem não hesitam em enganar todo um povo,
criando um ambiente artificial de saúde financeiro, propagando a mentira de que
podemos sair do programa de ajustamento, para não falar do prometido
crescimento económico que começou por ser prometido para 2012, depois para 2013
e já se ouviu um secretário de Estado da Economia assegurar que seria coisa
para 2014.
E o que vai estimular o crescimento? As empresas que
encerram, os melhores quadros que emigram, as empresas europeias que enfrentam
a recessão, os trabalhadores portugueses que estão no desemprego, os funcionários
públicos a quem foi dito que iam ser despedidos? Pois, mas se não forem os
portugueses quem poderá ajudar ao crescimento, certamente não serão as férias
do Seara, do Marques Mendes, do Relvas ou do Dias Loureiro no Brasil que
estimularão a empobrecida procura interna. Também não serão os despedimentos do
Rosalino ou os do Álvaro, os impostos do Gaspar, enfim, restam-nos os sorrisos
do Passos Coelho, sim, a economia portuguesa vai crescer graças aos sorrisos do
primeiro-ministro.