quarta-feira, janeiro 30, 2013

Ironia do destino


Aqueles que no passado tudo fizeram para empurrar o país para os braços do FMI porque isso lhes trazia ganhos eleitorais, apresentam-se agora como os lutadores pela libertação da Pátria e até já falam em antecipação da saída do programa. O país afunda-se, a recessão acentua-se, a borrasca da recessão da zona euro ameaça os supostos sucessos do ajustamento mas a realização de eleições autárquicas obriga a mudança de estratégia.
  
Há pouco tempo pediram mais tempo para cumprir as metas e mais tempo para pagar, o que equivale ao mais tempo e mais dinheiro que sempre negaram, mas passados poucos dias de terem soçobrado perante a realidade foram ao mercado amparados pelas novas políticas do BCE de que sempre discordaram e a que se juntaram à Alemanha numa tentativa de as impedir, falam agora em libertar o país da troika.
  
Os que se diziam estar-se lixando para as eleições nem precisam de esperar pelas legislativas para correrem à promoção de fraldas para incontinente do Pingo Doce, para se borrarem pelas calças abaixo bastou-lhes as autárquicas. Eleições menos importantes mas fundamentais para um partido que se alimenta do caciquismo. O que será do PSD se o Menezes perder no Porto, o Aguiar perder em Gaia ou o Seara acabar no Parlamento Europeu dando entrevistas em teleconferência à sua jornalista?
  
Para se salvarem não hesitam em enganar todo um povo, criando um ambiente artificial de saúde financeiro, propagando a mentira de que podemos sair do programa de ajustamento, para não falar do prometido crescimento económico que começou por ser prometido para 2012, depois para 2013 e já se ouviu um secretário de Estado da Economia assegurar que seria coisa para 2014.
  
E o que vai estimular o crescimento? As empresas que encerram, os melhores quadros que emigram, as empresas europeias que enfrentam a recessão, os trabalhadores portugueses que estão no desemprego, os funcionários públicos a quem foi dito que iam ser despedidos? Pois, mas se não forem os portugueses quem poderá ajudar ao crescimento, certamente não serão as férias do Seara, do Marques Mendes, do Relvas ou do Dias Loureiro no Brasil que estimularão a empobrecida procura interna. Também não serão os despedimentos do Rosalino ou os do Álvaro, os impostos do Gaspar, enfim, restam-nos os sorrisos do Passos Coelho, sim, a economia portuguesa vai crescer graças aos sorrisos do primeiro-ministro.