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Medelim [A. Cabral]
Jumento do dia
António José Seguro
Quando fez propostas e foi ignorado António José Seguro ficou calado, quando o governo refez o memorando para endurecer a austeridade e permitiu à troika impor o que ainda não tinha conseguido impor Seguro calou-se, o líder do PS tem sido um líder totalmente tolerante com as políticas do PSD. Agora, empurrado pelas sondagens e pelo receio de oposição interna, o líder do PS decidiu brincar aos governos e apresentou a sua candidatura a primeiro-ministro.
É uma candidatura totalmente fora de tempo, o governo que até agora o tinha desprezado, senão mesmo ridicularizado, vai aproveitar-se da sua posição, se até aqui desprezava as suas opiniões vai tentar exigir-lhe propostas. Seguro quer chegar ao governo sem chegar a ter feito oposição, só isso explica que ignore o relatório do FMI ou as baboseiras de Beleza sobre a ADSE para se preocupar com o seu umbigo. O país sofre, o terror de Gaspar aumenta e Seguro brinca aos governos, como se ainda estivesse nos tempos a brincar com o seu velho amigo Passos Coelho.
«António José Seguro, perante ameaças de uma crise política e eventuais eleições antecipadas, assegura que o Partido Socialista está pronto para ser Governo e que os membros deste eventual Executivo iriam surpreender o País.» [DN]
[Via CC]
Dúvida
Vítor Gaspar ter-se-á afogado na garrafa do champanhe durante o reveillon? É que já estamos quase em Fevereiro e o ministro das Finanças ou desapareceu ou anda escondido, nem sequer veio a público defender o seu relatório que o FMI gentilmente assinou.
Crise polítuica
Já é o FMI a falar no risco de uma crise política, os mesmos que estimularam a arrogância de Passos Coelho fazendo-lhe todos os fretes já procuram na crise política a causa do falhanço de um ajustamento que graças à incompetência dos técnicos do FMI e dos dois palermas da UE estão levado a economia portuguesa a bater na parede.
Dantes exibiam as exportações como sinal do sucesso do ajustamento, mostando que além de incompetentes são oportunistas pois é óbvio que nada no ajustamento tinha estimulado as exportações no momento em que estas foram contratadas. Agora já falam em contágio da crise portuguesa, em falhanço e em crise política.
Mas não foram os anormais do FMI que se esqueceram de que o memorando tinha sido assinado por mais gente e desde que se apanharam com um governo dócil e de amigos têm como passatempo rever o memorando?
Sabia que ele meteu uma cunha a Nuno Álvares Pereira
O homem não faz só as figuras do costume vestindo-se a rigor com um capote alentejano, encostado a um cadeirão decadente no meio do jardim em dia nublado. Se não fosse o capote até se poderia pensar que seria um D. Sebastião. Mas não, D. Sebastião não regressaria para elogiar o Salazar ou para dizer que D. Nuno Álvares Pereira contou com mais uma batalha contra os castelhanos, desta vez em Roma e não em Aljubarota, onde não contou com a ala dos namorados mas sim com a cunha preciosa do Duartinho sem pio numa República que o fez igual q qualquer outro cidadão e sem orçamento para os luxos pessoais.
«La casa del duque de Braganza está en la parte noble de la noble ciudad de San Pedro de Sintra, a 40 kilómetros de Lisboa, y la cita es en una mañana fría, neblinosa y húmeda. El caserón es grande, viejo, bello, decadente, con un jardín inmenso a la espalda manchado de musgo y verdín. Las habitaciones son oscuras, alfombradas, de techos altos, y se encuentran pobladas de retratos de antepasados de hace muchos años, de armeros con 15 escopetas de caza, de azulejos historiados en los zócalos y de estufas catalíticas. El duque Duarte Pío, el heredero de la dinastía casi milenaria (aunque ya sin trono) de los reyes de Portugal, llega a la hora. Tiene 67 años. Es alto, afable, atento, con cara de aparente buena persona. Habla un español esmerado. Invita a pasar al comedor y enseña el retrato de cuerpo entero de un caballero con armadura y cara de pocos amigos que preside la mesa principal. Es Nuno Álvares Pereira, el condestable que derrotó a los ejércitos españoles en Aljubarrota. Empezamos bien.
—Venció a los castellanos. Pero, ojo, trató muy dignamente al enemigo. Fue santificado hace poco, y yo hice mis intrigas en Roma para conseguirlo, porque los españoles no querían.» [ EL Pais]
As eleições de Seguro
«Na altura em que devia estar a esmiuçar o relatório do FMI, a denunciar os seus erros e a questionar as soluções propostas, o PS andava muito ocupado a discutir na praça pública a sua própria posição sobre a ADSE. Ficamos a saber que o responsável dos socialistas para o sector da saúde, Álvaro Beleza, tem uma posição pessoal que não coincide com a posição do partido, sem que tivéssemos ficado a saber nem a dele, nem a do partido, nem a de Seguro.
Não é um assunto menor: a ADSE serve mais de meio milhão de portugueses. Além disso, convinha a um partido como o PS ter uma posição sobre os subsistemas de saúde, se pretende integrar a ADSE no Serviço Nacional de Saúde ou como encara a relação dos subsistemas com os operadores privados.
É mais um assunto em que António José Seguro tem a certeza de conseguir fazer melhor que o Governo, mas se esquece de dizer como o faria. É como o crescimento económico com que enche a boca: passa a vida a dizer que é fundamental, e disso ninguém tem dúvidas, mas convinha dizer-nos quais as ideias que tem para se passar da intenção ao acto.
Não é que este tipo de comportamento surpreenda ninguém. Seguro chegou ao poder no PS com um programa claríssimo: muito afecto pelos militantes e pouquíssimo ou nenhum por Sócrates. O que é que esse afecto queria dizer em termos políticos e que alternativa tinha ao ex-primeiro-ministro é que nunca se chegou a perceber.
O líder dos socialistas devia interrogar-se por que diabo existe um descontentamento generalizado contra o Governo e o seu partido não descola nas sondagens, ou por que será que os cidadãos não o vêem como possível primeiro-ministro. E porque, sendo claro para todos que o actual Governo está a conduzir o País para o mais absoluto desastre, os portugueses não estão disponíveis para lhe entregar as chaves da governação.
Ninguém sabe o que ele quer realmente para o País. O discurso do "eu não disse?" não convence ninguém, não dá segurança a ninguém, não é plano de governo. Seguro é, porventura, o maior obstáculo à queda do Governo. É o facto de ele não conseguir assumir-se como alternativa que mantém Passos Coelho no poder.
Seguro não conseguiu afirmar-se nem fora nem dentro do partido. Normalmente, as conquistas externas consolidariam a sua posição interna, mas foi dentro do partido que as coisas começaram a correr mal. Seguro não conseguiu lidar com a herança de Sócrates: nem a matou nem a aproveitou. E isso foi-lhe fatal. O facto de ver em cada um dos antigos governantes um adversário, e em cada um dos indefectíveis de Sócrates um inimigo, fez com que desaproveitasse gente com um amplo conhecimento dos dossiers e condenasse à clandestinidade gente muito bem preparada trocando-os por figuras de segunda linha desconhecidas dos eleitores. Assim o líder dos socialistas, longe de unir o partido, aumentou as suas divisões.
É, aliás, a fragilidade interna de Seguro que o levou a pedir, esta semana, a maioria absoluta para o PS ou a dar a ideia de querer acelerar o processo eleitoral quando o tempo, tudo o indicava, corria a seu favor.
A oposição interna, ao redor de António Costa, que já não receia mostrar a cara e assume claramente o confronto, tinha, e ainda tem, um problema de calendário: se Seguro não cai até ás eleições autárquicas, muito dificilmente cairá depois. O PSD terá, muito provavelmente, uma derrota gigantesca e o líder do PS apareceria relegitimado.
Só que o tempo político subitamente para Seguro começou a correr mais depressa. Terá sido por Costa ter tomado a iniciativa, por o PS se ter colocado de fora da discussão da reforma do Estado, que vai ter sempre de fazer seja agora seja mais tarde, por o partido não tolerar a falta de crescimento nas sondagens ou muito simplesmente por aqueles clicks repentinos e inexplicáveis férteis em política, a verdade é que Seguro se sentiu obrigado a vir ameaçar com moções de censura e eleições antecipadas para tentar segurar o seu partido.
Em pleno Parlamento teve um acto falhado, o secretário-geral socialista lembrou a conversa que Marco António Costa terá tido com Passos Coelho na altura do PEC IV: "Ou tens eleições dentro ou fora do partido." A história parecia assentar-lhe como uma luva. Só que Seguro tem um problema diferente: o actual primeiro-ministro podia optar, ele não. Externamente está dependente de Portas e de Cavaco, e internamente da capacidade e vontade de António Costa.
Pode ser que Seguro derrote a oposição interna e evite ser o primeiro líder do PS a não concorrer a eleições legislativas, mas parece que há mais uma tradição prestes a ser quebrada.» [DN]
Pedro Marques Lopes.
Snobismo plantado em cão possidónio dá desastre de Sofia
«Conta a Condessa de Ségur que a sua incontrolável Sofia, no dia em que fez quatro anos, estava tão excitada que nem deixava a criada penteá-la, não parando de mexer a cabeça, ansiosa por conhecer as prendas que lhe daria a mãe, a Senhora de Réan (Les Malheurs de Sophie, 1858, ou Os Desastres de Sofia, Oficina do Livro, 2010).
O primeiro presente era um livro, o que muito dececionou a criança, ainda analfabeta, mas logo se recompôs ao descobrir que, afinal, era uma caixa de pintura, que se abria premindo um dos cantos da falsa capa. O segundo, que a entusiasmou muito mais, era um serviço de chá, em miniatura.
Sofia pediu logo autorização para oferecer um chá aos primos que viriam celebrar o seu aniversário. A mãe recusou, temendo queimaduras e outros desastres e autorizou apenas o uso do serviço para fingir.
Claro que a criança engendrou um plano para tornear a proibição: com água do bebedouro do cão e uns trevos arrancados no jardim, fez o chá; com branco de zinco, para polir pratas, e mais água do cão, inventou o leite; pedaços de giz deram o açúcar necessário.
Os primos quase vomitaram e a cena terminou com as mamãs a separar as crianças que queriam forçar Sofia a engolir a beberagem que inventara.
Outra Sofia, esta Galvão e com múltiplos de quatro anos, também recebeu há dias um presente chique: organizar uma conferência de gente seleta para "pensar o futuro". A senhora quis brilhar, por entre o Governo mais possidónio de sempre.
(Possidónio: político sertanejo e casca-grossa que vê a salvação da pátria no corte radical da despesa pública - ou no aumento enorme dos impostos, na versão mais contemporânea.)
Era preciso dar um toque snobe ao encontro.
(Snobe: do latim, sine nobilitate, sem nobreza, exercício de sofisticação na tentativa de sobressair e mostrar-se mais do que se é.)
Não era possível impor o mindinho espetado a beber o chá, por falta do dito (chá, não de mindinhos...). Mas alguma coisa se poderia fazer para dar um toque chique. Ora nem mais: Chatham House Rule!
Se mal pensou Sofia, pior o fez: abriu a conferência no Palácio Foz aos jornalistas, que apenas podiam reproduzir o discurso do ascensional Carlos Moedas, o qual pediu para ser contrariado: "Vá contradigam-me, mostrem-me que não tenho razão!" (Entre dentes: "... que continuarei a fazer exatamente o que quero.")
Qual era a regra imposta? Os jornalistas podiam assistir aos debates, sem gravação de imagem ou som, e apenas lhes era permitido atribuir afirmações ali proferidas se o orador desse expressa autorização. E chamou a isso, chiquerrimamente, Chatham House Rule.
O que é a Chatham House Rule? É uma convenção em que os participantes podem utilizar o que tenha sido afirmado, sem revelar as filiações nem identificar as pessoas que participaram. A ideia é criar um espaço de informalidade onde as pessoas vão dando a sua contribuição e até podem evoluir na sua opinião durante o debate. Utilizou-se, muito antes de ser formalizada como regra do antigo Instituto Real de Negócios Estrangeiros britânico, para reuniões discretas ou secretas e clandestinas, como para outras mais tranquilas e distendidas.
Mas atente-se: todos os presentes numa reunião dessas são participantes, ou seja, não há participantes e assistentes. Não faz sentido convidarem-se os jornalistas para assistirem - e não reportarem corretamente.
Em primeiro lugar, porque uma reunião pública off the record, além de contraditória nos seus termos, transforma-se numa conjura, porque cumplicia o jornalista com o que ali é dito, sem que ele o possa denunciar. (Nada tem a ver com uma declaração avulsa em off the record feita por uma personalidade, em privado, a um ou poucos jornalistas, apenas para os esclarecer - ou intrigar - sobre alguma coisa em concreto.)
Em segundo lugar, porque, apenas da biografia da promotora indicar elevados estudos (ou equivalências, não averiguei, mas tanto dá) como jurista, mostra que a senhora nada sabe das leis da arte dos jornalistas, que nem são muitas e cabem todas no espaço de um cartão de crédito, que se chama Código Deontológico. Na conceção dela, os jornalistas poderiam contar o que foi dito na reunião, mas não revelar quem o disse. Ora, tudo o que se disse na reunião foram opiniões, e a norma deontológica diz, sem abrir exceções, que "as opiniões devem ser sempre atribuídas".
É simples de perceber: uma opinião não pode ser escrutinada por outro critério que não seja a credibilidade e autoridade de quem a proferiu. É diferente um funcionário que, numa reunião, encaminha as pessoas para os seus lugares, comentar "só ouvi aqui disparates", do que ser um dos oradores convidados a dizê-lo, como se percebe.
Houve jornalistas que não aceitaram as regras e abandonaram a sala. Mas, dada a natureza ilegítima e desleal da proposta feita, querendo colocar os profissionais da informação a transgredir o seu código de honra, entendo que lhes seria legítimo o direito à resistência e manterem-se na reunião - e contarem tudo o que lá se passou. Até para que se saiba se o resumo que foi prometido tornar público corresponde ao que foi dito ou está falsificado. Isto para quem ainda acredite que daquela colisão de crânios possa sair a faísca salvadora da nação...
Verdade seja dita, há também certa culpa por parte de jornalistas, alguns dos quais com notoriedade na praça e que, com o seu pendor para elaborarem peças noticiosas "analíticas" de quem está "muito por dentro" dos meandros da coisa, recorrem abundantemente a comentários de fontes anónimas - e podem, com isso, ter influenciado a promotora da reunião no Palácio Foz que, pelo que se observa, só sabe de jornalismo de ouvir dizer.
Esta cumplicidade entre jornalistas e as fontes acaba por resultar na descredibilização dos profissionais - quando não na mudança de trincheira, transformando-os em assessores. A perda de consideração pelos jornalistas é inevitável e estes passam com facilidade a ser vistos como "os rapazes dos jornais", a quem se pode impor qualquer coisa.
Temo mesmo que, satisfeito com o êxito desta Chatham não sei quê, o Governo já esteja a pensar numa coisa de mais arromba: a conferência Chattanooga Choo Choo! Uau! Reúnem-se as personalidades num pachorrento comboio, a discutirem ao som de Glenn Miller, com as janelas abertas - e os jornalistas a correrem ao lado, a tentar ouvir alguma coisa. Em Caneças de antigamente é que era!» [DN]
Oscar Mascarenhas.
Cidadão modelo do FMI
«Farto de que os ladrões ‘visitassem’ o snack-bar de que é proprietário, em Vila Franca de Xira, António passou a dormir com frequência no local, munido de uma arma ilegal. Na quinta-feira, em mais um assalto, baleou um ladrão. O atirador foi detido e posto em liberdade. O ladrão deu entrada no hospital e fugiu, sendo depois localizado pela PSP. Foi constituído arguido.» [CM]
Parecer:
Com o FMI a defender o despedimento de polícias o dono do snack bar Bom Retiro devia ser eleito cidadão modelo do FMI e levar uma comenda a entregar pela Lagarde. Sem polícia só resta aos cidadãos transformar tudo em armas de fogo e transformar o país numa coboiada.
A verdade é que se multiplicam os casos de justiça pelas próprias mãos, mas a grande preocupação dos incompetentes do FMI parece ser a possibilidade de despedir polícias.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se a proposta.»
Homens com dores de parto
«Os apresentadores Dennis Storm e Valerio Zeno foram ligados a elétrodos para simular as contrações sentidas pelas mulheres durante o parto, no seu programa de televisão "Proefkonijnen" (Cobaias).
Os dois homens estiveram sujeitos às dores de parto durante duas horas, com Zeno a admitir depois que já não tem a certeza de querer ser pai, por recear que a namorada passe por a mesma dor.
Inicialmente, os dois apresentadores riem-se enquanto estão na cama ligados ao simulador, mas quando a dor começa, acabam por gritar em agonia (veja o vídeo, a partir do minuto 4.39). Uma das enfermeiras presentes, chega a dar-lhes a mão e a tentar ensinar-lhes técnicas de respiração.» [DN]
«Os apresentadores Dennis Storm e Valerio Zeno foram ligados a elétrodos para simular as contrações sentidas pelas mulheres durante o parto, no seu programa de televisão "Proefkonijnen" (Cobaias).
Os dois homens estiveram sujeitos às dores de parto durante duas horas, com Zeno a admitir depois que já não tem a certeza de querer ser pai, por recear que a namorada passe por a mesma dor.
Inicialmente, os dois apresentadores riem-se enquanto estão na cama ligados ao simulador, mas quando a dor começa, acabam por gritar em agonia (veja o vídeo, a partir do minuto 4.39). Uma das enfermeiras presentes, chega a dar-lhes a mão e a tentar ensinar-lhes técnicas de respiração.» [DN]
Um dia destes vamos todos à cantina social
«O Governo vai financiar mais cantinas sociais e permitir aumento de refeições nas Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), disse hoje o secretário de Estado da Segurança Social, sublinhando que não falta dinheiro para esta resposta social.
“Vamos acabar com o limite de uma cantina social por instituição” e com “o limite de refeições”, que passa a existir por cantina, anunciou o Governante, confrontado com o relatório da Confederação Nacional de Instituições Sociais (CNIS) que revela existirem listas de espera e que as refeições são insuficientes.» [i]
Parecer:
Um verdadeiro campeão da caridade este pequeno Marco.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao homem que se candidate a Gaia e deixe o país descansado.»