Se o capitão de um petroleiro que se dirige para
Sines adormecer e atirar o navio contra uma praia, derramando o crude e
provocando um desastre ambiental o mínimo que lhe sucede é ser preço no momento
do desembarque. Não havendo uma causa natural que provoque o desastre o capitão
tem responsabilidades criminosas independentemente de o seu acto resultar de
negligência ou incompetência.
Se um piloto de um avião que se dirige para o
aeroporto de Lisboa confundir a auto-estrada com uma das suas pistas e atirar a
aeronave contra pos camiões que circulam junto a Alverca provocando a morte de
uma parte dos passageiros será acusado pelo crime que cometeu. Não faltarão os
que irão dizer que o erro foi tão grosseiro que o piloto deve ser acusado da
intencionalidade do crime.
Se alguém decidir e assar sardinhas para o Parque
Florestal de Monsanto, embebedar-se e adormecer enquanto o carvão arde e
provoca um incêndio será acusado do crime, ainda que resulte de uma negligência,
ninguém lhe perdoará a destruição de uma floresta tão importante para a
capital.
Se o mestre de um cacilheiro beber um copito a mais
durante o almoço e no momento de encostar a embarcação a atirar contra o
cais  provocando feridos a bordo é muito
provável que seja despedido com justa causa e nem tão cedo voltará a conduzir
um barco de passageiros.
Em todas as profissões ou no dia a dia de cada
cidadão todos cometemos erros, mesmo não sendo incompetentes ou negligentes há
o risco de se cometer um erro. Por isso temos capacidade para compreender e
perdoar os erros alheios. Mas nas situações descritas não se admite o perdão,
quem lida com riscos ambientais ou quem transporta pessoas deve ter cuidados
acrescidos, não deve ter descuidos.
Mas há uma excepção a esta regra, uma situação em
que se pode ser negligente, incompetentes, irresponsável e até fazer experiências
que ninguém autorizou. O ministro das Finanças pode usar milhões de portugueses
em experiências pessoais, pode destruir centenas de empresas e lançar muita
gente na falência e no desemprego, pode destruir uma boa parte da riqueza do país,
pode forçar milhares à emigração, pode condenar muitos a perder a casa ou a
cair na miséria. Até pode agravar as condições das suas experiências para
chegar a situações mais extremas e poder experimentar soluções ainda mais
radicais.
Sucede alguma coisa ao ministro? Não, não é
negligente, não é criminoso, não é incompetente, o presidente continua a
repetir-lhe as falsas promessas e os prognósticos falseados, continua a ser
ouvido com muita atenção por audiências de militantes escolhidos e protegidos
por seguranças de cantores incómodos. Há dois tipso de falhados, os que podem
ser condenados e os que podem falhar repetida e intencionalmente.
Quantos suicídios, quantos emigrantes forçados,
quantos portugueses a  ficar sem casa,
quantos despedimentos, quantos falidos, qual a percentagem da dívida soberana
no PIB, o que será necessário para que um ministro incompetente ou que faça
experiências abusivas com todo um país será necessário para que possa ser
condenado ou, pelo menos, corrido do cargo?

 Foto Jumento
























