terça-feira, fevereiro 12, 2013

Os amigos do BPN


O caso do BPN ilustra bem o que é corrupção em Portugal, como as nossas elites se comportam como proxenetas, como a justiça é uma farsa e como parece haver uma conspiração de gente bem instalada na capital do país a viver à custa do povo português.
  
É evidente que um dia destes o país acompanhará com o maior interesse o grande julgamento do caso BPN, os magistrados lá estarão com aquele ar de estátuas do Palácio de São Bento, os senhores do Ministério Público, os tais que têm um sindicato patrocinado pelos banqueiros, vão aparecer com aquele ar justiceiro que já lhes conhecemos e os fotógrafos vão se amarfanhar para conseguir fotografar o grande burlão, o doente, idoso e gasto Oliveira e Costa.
  
De Oliveira e Costa ninguém vai dizer que foi um dos rapazes que ajudou Cavaco Silva a fazer a rodagem do BX, que sem o actual Presidente da República nunca teria saído do anonimato, que uma boa parte da capital negociou com ele e com alguns artistas que ainda estão no activo os famosos perdões fiscais e que enquanto foi secretário de Estado acumulou as responsabilidade pelas despesas e receitas estatais com as do PSD onde desempenhava as funções de tesoureiro. A confusão terá sido tão grande que quando deixou a parceria governamental com Cavaco Silva passou de modesto cidadão a poderoso banqueiro e sócio de Dias Loureiro.
  
O Dias Loureiro teve a arte e o engenho de escapar, andou a bronzear-se em Cabo Verde e ao que consta já anda por aí, tomando o pequeno almoço em hotéis de luxo da capital ou passando o réveillon no Copacabana Palace na companhia de um outro banqueiro também com passagem por Cabo Verde, que entretanto se fez doutor e chegou a ministro.
  
E é a isto que se resume o caso BPN, sete mil milhões, um culpado e um inocente. O inocente está de boa saúde, o culpado faz lembrar um daqueles velhos cavalos usados pelos picadores nas corridas de touros à espanhola, são cavalo velhos destinados a serem sacrificados e que não sobrevivem a meia dúzia de espectáculos  degradantes.  Oliveira e Costa já não era o banqueiro bajulado que enchia as páginas da revista do Expresso contando o seu caso de sucesso, ou o sócio de Dias Loureiro que dominava uma imensa teia de relacionamentos envolvendo governos, centenas de autarquias e classe política da direita à esquerda.
  
Este Oliveira e Costa e os seus parceiros já não convidam personalidades vip do nosso país, como o actual presidente do Tribunal de Contas, para administradores não executivos dos bancos da SLN, como era o caso do banco EFISA, uma das heranças do BPN para os contribuintes portugueses.
  
O caso BPN foi muito mais do que o Oliveira e Costa, o Dias Loureiro ou o Franquelim, foram centenas de personalidades que ganharam uma pequena quota dos sete mil milhões que os portugueses estão a pagar em subsídios, ainda por cima acusados de terem consumido demais por parceiros políticos dos vigaristas. São centenas ou mesmo milhares de personalidades que ganharam com o BPN, ganharam com negócios manhosos envolvendo acções não cotadas, ganharam com créditos fáceis, a juros baixos e sem garantias, ganharam em negócios envolvendo autarcas e governantes, ganharam vendendo sistemas de comunicações, ganharam com os muitos negócios envolvendo as empresas do grupo SLN.
  
Há gente da esquerda, do centro e da direita pois nem o Oliveira e Costa, nem o Dias Loureiro são burros, souberam untar as mãos de muitas gente, têm “irmãos” à esquerda e à direita, laços familiares com várias famílias políticas e quase conseguiam juntar a Opus Dei e a maçonaria nas mesmas administrações.
  
A maior vigarice no caso BPN já nem está nos sete mil milhões, está sim na forma com as elites da nossa nação se juntaram para roubar o país e o povo e agora ainda gastam o dinheiro dos contribuintes para fazerem encenações julgando aquele que faz de boi da piranha, o boi atirado ás piranhas para que a manada passe o rio tranquilamente. Quem faz parte da nossa elite política e que não ganhou com o BPN ou com a SLN que levante o dedo.