A não ser que se trate de uma daquelas avaliações que
permitem que um qualquer asno passe a doutor em meia dúzia de dias, um
processo de avaliação é um algo sério em que as duas partes, quem avalia e
quem é avaliado, são independentes, onde, por princípio, é o avaliador a avaliar o avaliado. A ,maior perversão da avaliação ocorre quando o
avaliador sente que é ele próprio que está a ser avaliado, neste caso a
avaliação é uma farsa e transforma-se numa fantochada, num processo corrupto.
A troika vem fazer a sétima avaliação, isso supõe
que o governo português deverá demonstrar aos representantes dos credores que
cumpriu com as obrigações que o Estado português assumiu no memorando de
entendimento que assinou e no qual quer um governo, quer os partidos da
oposição se envolveram. O problema é que nada disto já é verdade, o memorando
que foi negociado com um governo e o maior partido da oposição já não existe,
agora ninguém sabe o que existe pois não está publicado nem em português, nem
em inglês nem na língua indígena, apenas se vai sabendo o que o Gaspar diz querer e que uns dias
depois é apresentado como imposição da troika. Há muito que entre troika e Portugal não existe memorando, existem as ideias do Gaspa e dos seus amigos dos laboratórios do BCE.
Há muito tempo que a relação entre um Estado soberano e os
representantes dos credores desapareceu, agora onde existia o Estado soberano
está um ministro todo-poderosos cujas ideias não foram a votos e que não está
disposto a ceder no seu projecto ideológico perante ninguém. Do outro estão uns
rapazolas que acharam divertido ignorar o memorando e transformar um país
soberano num brinquedo com o qual técnicos cinzentos e formados em escolas
pouco melhores do que a Lusófona decidiram brincar às desvalorizações fiscais.
São vários os casos que evidenciam que entre o Gaspar e a
troika não há uma relação típica de duas partes, em que uma é um Estado
soberano e a outra são organizações soberanas com estatutos bem definidos e às
quais aquele Estado pertence. Veja-se o caso da TSU, o Gaspar teve a ideia, o
governo aprovou, os portugueses duvidaram, o comissário dos assuntos monetários
fez chantagem sobre o país ameaçando com o fim do dinheiro, os portugueses
opuseram-se e em cinco dias o Gaspar substituiu a TSU por algo totalmente
diferente, o aumento brutal do IRS. Este processo mostrou que não há governo,
que o ministro não representa o país e que a troika não respeita o memorando
que assinou e decidiu brincar com um país
.
Nestas condições não faz sentido falar em sétima avaliação
da troika, o que esses canalhas vão fazer é combinar com o seu amigo local qual
a experiência que vão fazer nos próximos dois meses, quais os portugueses quee vão ser
expropriados para se financiar a continuação da experiência. Neste país já não
há nada para avaliar pois deste lado não há uma parte soberana e independente,
há gente que vai mais vezes a Bona dar explicações do que o faz no parlamento, quando o faz em Portugal é num hotel para onde vai às escondidas, numa sala cheia de polícias, para militantes escolhidos a dedo e, mesmo assim, rodeado de guardas pessoais. Do outro lado também não há troika de organizações internacionais
com regras e princípios, há uns bandalhos que decidiram usar um país e um povo
para fazerem experiências.
Há uma única avaliação a fazer, a desvalorização fiscal
falhou e conduziu Portugal a uma situação bem mais grave do que a inicial, onde
se crescia, pouco mas crescia-se, há uma espiral de recessão, onde a dívida
representava 80% do PIB passou a representar quase 130%, onde o desemprego era
alto passou a ser brutal, o défice era elevado passou a estar descontrolado,
onde as receitas fiscais eram estáveis aumentaram-se as taxas e estão caindo a
pique. Quem tem de ser avaliado não é Portugal, são os rapazolas, portugueses,
europeus ou africanos, que tomaram conta do processo, ignoraram o memorando e
decidiram brincar com um país.
A troika não está respeitando o memorando e deve ser
avaliada por isso. Um memorando tem duas partes e à sétima avaliação faz sentido que seja a troika a ser avaliada pela forma como tem cumprido com os compromissos que assinou com Portugal.