Vivemos num Estado de direito onde o sindicato dos magistrados
quase festeja a demissão de um alto responsável do Ministério Público, por
coincidência a responsável pelos grandes processos deste país. Já é um hábito
os nossos sindicatos terem tiques soviéticos e quase não opinarem sobre
questões laborais. Mas o sindicato do pessoal da toga é ainda mais original,
opina sobre o alto responsável pelas investigações onde se inclui a banca,
precisamente a mesma banca que patrocinou o seu luxuoso congresso, com
agradáveis programas para que os e as conjugues não se aborrecessem durante os
trabalhos.
O BPN já não veio a tempo de patrocinar os sacerdotes da toga,
mas o BES teve mais sorte e lá estava entre os banqueiros generosos, o BES
presidido por um senhor que anda às voltas com investigações e que já é
recordista na correcção das declarações de IRS, com mais de 20 milhões em
falta. E por falar em impostos outro sindicato com tiques soviéticos é o dos
trabalhadores dos impostos, não há notícia em relação á qual o seu presidente
não se auto designe analista oficioso.
Não admira que o país viva neste verdadeiro PREC da bandalhice
em que o famoso estado de direito se tenha transformado num albergue espanhol.
Quando um ex-governante manda um colega “Tomar no cu” com o mesmo à vontade com
que o convidaria para tomar uma Coca-Cola. Quando um ex-governante recebe uma
sugestão destas só porque alguém se lembrou de aplicar uma lei a coisa está a
ficar feia.
Um dia destes vai sair no Diário da República um aviso em que
o governo informa em relação a que leis o cidadão pode mandar o agente da
autoridade “tomar no cu” se este se lembrar de a aplicar. Por exemplo, se
estacionarmos o carro em cima de uma passadeira e algum agente da PSP mais
rigoroso decidir multar-nos estamos no direito de o mandar tomar em todos os
orifícios corporais. Ou então, fazer
como fez um ex-Presidente da República e mandar o homem desaparecer.
É evidente que no meio de toda esta confusão já ninguém se
incomoda que a política económica se assemelhe a um anúncio da aguardente
Aldeia Velha. No anúncio o cliente perguntava no café se havia Aldeia Velha,
como não havia respondeu “então dê-me um pastel de bacalhau”. Vítor Gaspar fez
mais ou mesmo com a TSU, “i não querem a golpada TSU? Então levam com um golpe
no IRS”. E se nenhuma previsão económica bate certoi não há nada de mal nisso,
o Gaspar é o nosso João Pinto da política económica, previsões para 2013? Sim,
mas só lá para Março de 2014!”.