terça-feira, fevereiro 26, 2013

O PREC da bandalhice


Vivemos num Estado de direito onde o sindicato dos magistrados quase festeja a demissão de um alto responsável do Ministério Público, por coincidência a responsável pelos grandes processos deste país. Já é um hábito os nossos sindicatos terem tiques soviéticos e quase não opinarem sobre questões laborais. Mas o sindicato do pessoal da toga é ainda mais original, opina sobre o alto responsável pelas investigações onde se inclui a banca, precisamente a mesma banca que patrocinou o seu luxuoso congresso, com agradáveis programas para que os e as conjugues não se aborrecessem durante os trabalhos. 
O BPN já não veio a tempo de patrocinar os sacerdotes da toga, mas o BES teve mais sorte e lá estava entre os banqueiros generosos, o BES presidido por um senhor que anda às voltas com investigações e que já é recordista na correcção das declarações de IRS, com mais de 20 milhões em falta. E por falar em impostos outro sindicato com tiques soviéticos é o dos trabalhadores dos impostos, não há notícia em relação á qual o seu presidente não se auto designe analista oficioso. 
Não admira que o país viva neste verdadeiro PREC da bandalhice em que o famoso estado de direito se tenha transformado num albergue espanhol. Quando um ex-governante manda um colega “Tomar no cu” com o mesmo à vontade com que o convidaria para tomar uma Coca-Cola. Quando um ex-governante recebe uma sugestão destas só porque alguém se lembrou de aplicar uma lei a coisa está a ficar feia.
Um dia destes vai sair no Diário da República um aviso em que o governo informa em relação a que leis o cidadão pode mandar o agente da autoridade “tomar no cu” se este se lembrar de a aplicar. Por exemplo, se estacionarmos o carro em cima de uma passadeira e algum agente da PSP mais rigoroso decidir multar-nos estamos no direito de o mandar tomar em todos os orifícios corporais.  Ou então, fazer como fez um ex-Presidente da República e mandar o homem desaparecer.
É evidente que no meio de toda esta confusão já ninguém se incomoda que a política económica se assemelhe a um anúncio da aguardente Aldeia Velha. No anúncio o cliente perguntava no café se havia Aldeia Velha, como não havia respondeu “então dê-me um pastel de bacalhau”. Vítor Gaspar fez mais ou mesmo com a TSU, “i não querem a golpada TSU? Então levam com um golpe no IRS”. E se nenhuma previsão económica bate certoi não há nada de mal nisso, o Gaspar é o nosso João Pinto da política económica, previsões para 2013? Sim, mas só lá para Março de 2014!”.