segunda-feira, fevereiro 29, 2016

Coisas que não aconteceram

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Mais ou menos por esta altura o parlamento já deveria ter aprovado uma nova Constituição, a esquerda obedeceria ao traste de Massamá e a Paulo portas aprovando uma revisão constitucional que permitira a Cavaco Silva dissolver o parlamento e convocar novas eleições antecipadas. Mas nada disso aconteceu, habituado a um Seguro que dava o rabinho e cinco tostões para ser recebido em São Bento, em Belém ou no Banco de Portugal e a troco de umas fotografias aceitava tudo, agora o PS é liderado por António Costa.

Mais ou menos por esta altura a agência de notação DBRS já devia ter atribuído à divida portuguesa a classificação de lixo, levando a que o BCE ficasse impedido de comprar dívida portuguesa. Mas nada disso aconteceu, bem se esforçaram para que tal sucedesse, nunca a DBRS tinha recebido tantos telefonemas de jornalistas idiotas, não só a DBRS não fez o frete como a Moody’s elogiou o OE.

Mais ou menos por esta altura a Comissão Europeia devia ter chumbado o OE a pedido da direita portuguesa, enquanto o Eurogrupo teria dito cobras e lagartos das contas portuguesas, com o ministro alemão a confirmar que não dava os parabéns da António Costa. Mas nada disso aconteceu, a Comissão Europeia não chumbou o OE e o Eurogrupo fez as recomendações da praxe.

Mais ou menos por esta altura o país estaria a debater a necessidade de um segundo resgate enquanto Passos Coelho via confirmadas as suas previsões mais catastróficas. Mas nada disso aconteceu, o país continua a ir aos mercados financeiros, os juros estabilizaram a níveis normais e o traste de Massamá e que foi incapaz de mudar de discurso e cai no ridículo dizendo que está pronto para ser governo.

Mais ou menos por esta altura o PS devia ter caído nas sondagens, Francisco Assis reunia a revolta contra Costa num restaurante da Mealhada e Passos Coelho exigia a demissão de um governo duplamente ilegítimo, por ter perdido as eleições e por não ter maioria nas sondagens. Mas nada disso aconteceu, o PS vai subindo, devagar mas vai subindo, Assis desapareceu e não há sinais de crise política.

Mais ou menos por esta altura o presidente eleito pela direita deveria já estar a promover intrigas contra o governo e preparando as condições para a dissolução do parlamento. Mas nada disso aconteceu, Marcelo fez questão de ganhar as eleições dispensando apoios, e desde que começou a corrida presidencial ignorou aqueles que de forma pouco digna o apelidou de cata-vento.
Mais ou menos por esta altura a TAP era definitivamente privada e os transportes urbanos estariam a ser geridos por empresas privadas, foi para isso que Cavaco deu posse ao traste de Massamá. Mas nada disto aconteceu, foi possível negocial um novo modelo de sociedade para a TAP que não passa pela total privatização e os transportes urbanos poderão ser geridos num quadro em que a gestão dos transportes não é feita à margem da gestão das cidades.
  

Umas no cravo e outras na ferradura


  
 Jumento do dia
    
Assunção Cristas, a futura líder robusta do CDS

Compreende-se a frustração da rapariga, contava passear a sua incompetência num ministério durante mais uma legislatura, mas veio o António Costa e estragou o negócio. Agora institucionalizou a raiva e a estupidez, uma estupidez pois já se sente no direito de escolher o futuro líder do PS e a raiva de quem não consegue digerir uma derrota política.

«O que pode ser a solução de Governo com o PSD no quadro parlamentar. Em que situação é que isso pode acontecer?

Ninguém pode afastar a hipótese de este governo, em dado momento, não correr bem e, se isso vier a acontecer, António Costa sair da liderança do PS. Não acho provável, acho até muito improvável porque quem chega ao poder desta maneira também facilmente não sairá. Em todo o caso, a acontecer, porque não o PSD e o CDS serem de novo chamados a formar um Governo que certamente teria de contar com algum apoio de um novo PS, mas com uma nova liderança. Acho que isso não se pode excluir à partida.» [Público]

      
 Passos está pronto para governar
   
«O ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho afirmou este domingo que "o PSD estará preparado para governar" e recusou "especular" sobre "qualquer solução que esteja relacionada com alguma crise que seja suscitada pelo facto de os partidos da maioria não se entenderam".

"O PSD estará preparado para governar quando for caso disso. Não vou estar a antecipar condições de crise para o país", afirmou Pedro Passos Coelho, em Viana do Castelo, no final de uma viagem num barco de pesca para conhecer os problemas de assoreamento da barra que afetam os pescadores locais.» [Expresso]
   
Parecer:
É uma questão de esperar quatro anos.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
  

domingo, fevereiro 28, 2016

Semanada

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Como Portugal é um pouco mais pequeno que a China e entre a fronteira e a Capital é preciso viajar de avião, os nossos governantes têm uma grande preocupação em levar o governo para fora da capital. Já tivemos as presidências abertas, outras fechadas mas com muitos roteiros, Durão Barroso foi um dia a Óbidos lançar um grande programa de investimentos na ciência e Santana Lopes fez mesmo uma espécie de governo itinerante, aquilo mais parecia um circo que andava de feira em feira. Digamos que os nossos políticos gostam muito de dar ares de regionalistas, e António Costa não é diferente, depois de ter mudado a presidência da autarquia para o Itendente parece que vai levar os conselhos de ministros para fora da capital. Esperemos que tenha mais sorte do que Santana, nas primeiras é tudo muito bonito, depois vem a desgraça. Mas parece que Santana Lopes fez escola.
  
A Catarina Martins deve andar cheia de pilim e decidiu brincar com o Jesus, mas em vez de se meter com o JJ de Alvalade, a personagem preferida dos encarnados, a líder do BE não fez a festa por menos e meteu-se com o J de Belém, Vai daí e sugeriu que o São José pôs o palitos à esposa e amancebou-se como Criador. Como a coisa com coisa não dá filhos decidiram adoptar o J, recorrendo à Maria como barriga de aluguer. Depois de décadas a apelidar o PCP de revisionista parece que a extrema-esquerda converteu-se ao cristianismo e agora promove a revisão da Bíblia a fim de dar fundamentação divina às suas causas.

As coisas não estão a correr bem ao primeiro-ministro no exílio, agora foi a Moody’s que ignorou as suas obrigações com os partidos da direita portuguesa e em vez de ameaçar Portugal com uma descida no rating optou por aprovar o OE do governo de Costa. EM consequência disso o traste de Massamá mudou a sua avaliação do OE, o inicial era mau, mas depois das alterações o OE é menos mau. Só não se entende porque votou contra um OE que foi aprovado por Bruxelas e pela Moody’s.
  
Depois de ter promovido a democracia económica vendendo uma boa parte da economia portuguesa aos comunistas da China a direita tem uma nova bandeira nacionalista, a defesa da manutenção dos centros de decisão em Portugal. Vítor Bento foi o ideólogo da austeridade, agora oferece-se para ideólogo das nacionalizações.
 
Ao que consta um poderoso procurador abriu uma conta bancária para lá depositarem centenas de milhares de euros. A ser verdade não deixa de ser estranha a descontracção, ou o procurador era muito descuidado ou contava com um estatuto de impunidade.


Umas no cravo e outras na ferradura


  
 Jumento do dia
    
António Costa, primeiro-ministro

Ao receber o sindicato dos bancários numa reunião que foi omitida da agenda do primeiro-ministro, António Costa abriu um precedente com consequências. Desde logo porque a partir de agora a agenda do primeiro-ministro vale o que vale, perante outras situações nunca se saberá com quem se reúne o primeiro-ministro.
 
Ao receber os sindicalistas para discutir o futuro de um banco que não é público, o primeiro-ministro abre a porta para igual procedimento em relação a qualquer empresa, pública ou privada. E ao receber a UGT para discutir o futuro de um banco não terá outro remédio senão receber a CGTP para debates do mesmo género sempre que o futuro de alguma empresa suscite dúvidas.

«António Costa recebeu, ontem, em São Bento, o líder da UGT e dirigentes dos três principais sindicatos do sector bancário para analisar o futuro do Novo Banco, que esta semana anunciou o despedimento de mais 500 trabalhadores daquela instituição. O encontro, que durou quase uma hora e meia, não fazia parte da agenda pública do primeiro-ministro. Mas, confrontado pelo Expresso, Carlos Silva “não desmentiu” a reunião, onde, estiveram também presentes o ministro e o secretário de Estado das Finanças.

Na ocasião, o Governo terá deixado garantias claras de que está a fazer contactos a vários níveis para garantir uma solução para o Novo Banco. Em cima da mesa está a possibilidade de venda do ativo, mas, caso essa hipótese não permita um encaixe para o Estado equivalente ao valor do fundo de resolução criado para este fim, o Governo admite também a possibilidade de integração do Novo Banco na Caixa Geral de Depósitos, no Millennium BCP ou ainda no BPI. O dossiê deverá estar fechado até agosto deste ano e pretende manter a CGD na esfera do Estado e a propriedade do Novo Banco sob administração portuguesa.


Os sindicatos defendem uma solução para o Novo Banco semelhante à encontrada para o BCP, que evitou “os despedimentos coletivos”, substituindo-os por um acordo de empresa que implicou uma redução gradual dos quadros ao longo de quatro anos. No Novo Banco estão “6 mil postos de trabalho em causa”, sublinhou Carlos Silva, que acrescentou ter já sido agendada para a próxima semana uma reunião com a administração do banco e os representantes sindicais.» [Expresso]

 O BE tem duas mães

Graças ao excesso de excitação em que tem vivido Catarina Martins cometeu um erro grave com um cartaz idiota com que pretendia ficar com os louros de uma de muitas votações parlamentares. Só que o erro foi grave e Marisa Matias não teve dúvidas em dizê-lo. Agora o BE tem definitivamente duas mães a que obedecer, Catarina Martins e Marisa Matias, resta saber qual das duas vai fazer o papel de chefe de família.

      
 Há uma certa tristeza nisto tudo
   
«Há uma certa tristeza nisto tudo, mas as coisas são como são. O país conhece um ritmo depressivo quotidiano. De vez em quando, há um crime hediondo. Uma mãe mata as filhas. De vez em quando, é preso alguém importante e respeitável. Um procurador. De vez em quando, há um pequeno sobressalto porque alguém quer pôr árvores a servir de separadores de uma estrada. De vez em quando, há um pequeno sobressalto porque alguém quer deitar abaixo umas árvores. De vez em quando, há uma jovem actriz de telenovelas que tem cancro e, como não sabe viver fora dos holofotes, leva o seu cancro a tudo quanto é capa. As melhoras. De vez em quando, há mais um caso de violência doméstica. De vez em quando, um pescador ou um operário ou um desempregado que arredonda o seu orçamento apanhando bivalves no Tejo morre afogado. De vez em quando.

Há uma certa tristeza nisto tudo, mas as coisas são como são. Quase sempre, a todas as horas, há futebol. Discute-se antes, durante, depois. Os canais noticiosos, que deviam acrescentar-se aos canais desportivos, são tanto ou mais desportivos e cada vez menos noticiosos. Se um começa um painel sobre futebol, nenhum outro se atreve a fazer qualquer outra coisa que não seja outro painel sobre futebol. Nada mobiliza mais os portugueses, em particular como espectadores, telespectadores, ouvintes, conversantes, tertulianos e habitantes de mesas de café, do que a bola.

Há uma certa tristeza nisto tudo, mas as coisas são como são. Na política, o país está num impasse, mas parece que não. Como acontece por toda a Europa, a impotência do poder político democrático face ao poder económico castrou governos eleitos e submeteu-os a entidades obscuras como os “mercados”, onde o grosso do dinheiro que circula não tem pai nem mãe, a não ser numa caixa de correios das ilhas Caimão. O sistema político democrático, a representação partidária tradicional, está numa crise que parece não ter saída. Os partidos do “arco da governação”, ou seja, os que têm o alvará de Bruxelas, do senhor Schauble, da Moody’s e da Fitch, ainda ganham as eleições num ou noutro país, mas ninguém os quer ver a governar outra vez, pelos estragos que fizeram à vida dos homens comuns para salvar a banca, não tendo no fim salvado coisa nenhuma.

Por isso, coligações negativas, com mais ou menos sucesso, surgem em Portugal, na Espanha, na Irlanda, ou fortes partidos radicais, nacionais e populistas, na França, na Grécia, na Polónia, na Hungria. Ou partidos como o Labour reencontram um mundo do “trabalhismo” que se decretara ser arcaico. São tudo partidos muito diferentes, uns à esquerda, outros à direita, mas têm uma coisa em comum: contestam o poder transnacional da União Europeia, e o pensamento único em economia que daí emana por diktat. Uns mais o primeiro, outros mais o segundo. Contestam a promiscuidade que juntou socialistas com partidos do PPE, numa aliança que tornou o “não há alternativa” na ideologia autoritária dos nossos dias.

Há uma certa tristeza nisto tudo, mas as coisas são como são. Temos um Governo único na Europa, sem precedente por cá, sem paralelo por lá. Mas mesmo isso normalizamos, até porque como eles não estão muito entusiasmados com o feito, também não entusiasmam ninguém. O PS, apesar da vaga de insultos, de que se “descaracterizou”, traiu as suas origens, abandonou o papel de resistente ao PREC, “radicalizou-se”, é “terceiro-mundista”, etc., etc., é, imagine-se!, o mesmo de sempre. O BE está demasiado contente consigo próprio para olhar bem para o que se está a passar. Dedica-se todos os dias a uma causa nova, uma nova reivindicação, uma nova reclamação, sem sequer dedicar qualquer esforço a consolidar as que fez. Acha que está num momento alto de “luta” quando a luta, séria, dura, árdua, lhe passa ao lado. O PCP sabe que precisa de mudar, mas não sabe como.

Há uma certa tristeza nisto tudo, mas as coisas são como são. O PSD referve de raiva, como se vê quando Passos Coelho abre a boca. Tornou-se mais revanchista do que o CDS, e não tem outra estratégia que não seja garantir que haja eleições a curto prazo. Já teve melhores condições para as ganhar, hoje cada dia tem menos. A metamorfose “social-democrata” parece a toda a gente como oportunista, a começar pelos neoliberais que Passos reuniu à sua volta, para quem o PSD é um instrumento de acesso ao poder, mas que gostam mais do CDS.» [Público]
   
Autor:

Pacheco Pereira.

      
 Um pequeno incidente, diz o pobre senhor
   
«“Não tem [consequência] nenhuma”, afirma Carlos Costa, em entrevista ao jornal Expresso deste sábado a propósito das críticas do primeiro-ministro dirigidas à sua acção como Governador do Banco de Portugal (BdP).

António Costa lamentou “a forma como a administração do Banco de Portugal tem vindo a arrastar uma decisão” sobre os lesados do BES, dizendo que este está a impedir uma “solução proposta pelo Governo e aceite pela maioria dos lesados do BES”. As críticas ao BdP sucederam-se por parte de dirigentes do PS bem como dos outros partidos de esquerda representados na Assembleia da República.

Questionado acerca da possibilidade de se demitir, Carlos Costa recusa essa hipótese. “Seria curioso que qualquer pequeno incidente determinasse uma perda de vontade de alcançar os objectivos que tenho de prosseguir”, declarou ao semanário, concluindo que isso “seria obviamente atribuir um significado que não tem a uma declaração”.» [Público]
   
Parecer:

Enfim, este senhor tem um grande sentido de humor.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
  

sábado, fevereiro 27, 2016

As conquistas do BE

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Até aqui tudo o que de bom a esquerda considerava ter sido o resultado dos seus contributos políticos eram conquistas de Abril, a partir de agora deixam de ser conquistas de Abril para passarem a ser as conquistas do Bloco. O BE considera que o OE não é o dele mas que as boas medidas estão lá porque o BE o exigiu, na prática o PS continua a ser o partido da direita pois tudo o que cheire a esquerda deve-se ao BE.
  
Ainda não sabemos que medidas poderão ser incluídas no OE durante o debate na especialidade mas uma coisa é certa, tudo o que de mau lá continue ou seja acrescentado é da responsabilidade do PS, tudo o que de bom se mantenha ou seja incluído é obra dos deputados do BE. 

Pelo menos até que alguma coisa corra mal o BE vai continuar em campanha eleitoral permanente e até o regresso do bom tempo vamos ter que ficar a dever à Catarina Martins. O país está a levar com doses de cavalo de propaganda bloquista, o parlamento aprova de manhã e o BE, desrespeitando os seus parceiros de maioria parlamentar faz a sua propaganda à tarde, chamando a si a autoria de tudo o que possa trazer votos.
  
A excitação é tanto que até já lhes deu para usar decisões parlamentares para lançar as suas guerrinhas contra a Igreja, usando os seus símbolos e fazendo um grande favor ao PSD e à direita transformando-os em objecto de chacota. Durante meses vamos ter de aturar a Cristas e o Passos a usar um cartaz desenhado por um qualquer idiota do BE.
  
Para o BE não é o futuro do país nem os direitos dos portugueses que estão em causa, se ajudar a direita a derrubar este governo e conseguir mais 2% de votos farão uma festa, pouco se preocupando se nos quatro anos seguintes os trabalhadores perderem direitos ou sofrerem perdas brutais de rendimentos. No fim da legislatura a Catarina cá estará para anunciar a queda do Pedro.


Umas no cravo e outras na ferradura



  
 Jumento do dia
    
Catarina Martins, uma rapariga cheia de piada

Não consta que Catarina Martin seja Católica para que use uma imagem religiosa para festejar as suas opiniões, se fosse católica compreender-se-ia esta abordagem. Também não consta que na Bíblia S. José seja referido como gay para que haja alguma analogia entre um dogma religioso e as ideias do BE. Também a adopção de casais gay está longe de ter sido a mais importante das decisões parlamentares na história da democracia para que pela primeira vez haja lugar a cartazes de festejo.
 
O que Catarina Martins está fazendo é alimentar a sua agenda mediática armada em Charlie, usando as decisões parlamentares aprovadas por deputados da direita e da esquerda e de acordo com as suas convicções para passar a ideia de que as boas votações parlamentares se devem a iniciativas do BE.

Catarina Martins pode fazer tudo isto e muito mais, mas confundir um partido político com um jornal satírico francês não se importando com os portugueses que se possam sentir ofendidos nas suas convicções religiosas é um erro, não admira que se tenham apressado a dizer que era apenas uma piada p+ara as redes sociais. Parece que há uma nova forma de intervir, as piadas nas redes sociais.

«agem lançada pelo Bloco de Esquerda para assinalar a aprovação da adoção por casais homossexuais é "lamentável, de mau gosto e injuriosa", disse esta sexta-feira o vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. António Marto. Em declarações à agência Ecclesia, o bispo sublinhou que a iniciativa "atinge o mais íntimo da fé dos crentes".

A polémica rebentou ao final da tarde desta quinta-feira, quando o partido revelou que está a preparar uma campanha para celebrar a aprovação da adoção por casais homossexuais. O primeiro cartaz, onde se pode ler a palavra "Igualdade" seguida da frase "Parlamento termina discriminação na lei da adoção" foi afixado no Campo Pequeno.

No entanto, a imagem que está a causar polémica foi lançada nas redes sociais e mostra a figura de Jesus Cristo acompanhada pela frase "Jesus também tinha dois pais". Para o vice-presidente da CEP, os "caminhos inconvientes" que o partido decidiu tomar "não ajudam nada ao diálogo entre crentes e não crentes, entre as pessoas civilizadas".

“Todos nós chamamos a Deus Pai, para além do pai da terra. Por isso não tem termo de comparação o que pretendem”, frisou.

Em resposta às críticas que têm surgido à polémica imagem, o Bloco de Esquerda divulgou esta sexta-feira um comunicado em que revela que esta não passa de uma piada destinada às redes sociais: "Não se trata de um cartaz, mas da forma de, nas redes sociais, com recurso ao humor, chamar a atenção para a conquista da igualdade entre todas as famílias", pode ler-se na nota.» [Expresso]

      
 A Moody's e o Orçamento
   
«Pode dizer-se que as agências de rating são como as sondagens, valem o que valem. Porém, e ao contrário das sondagens, as opiniões que expressam não são reflexo de meros estados de alma ou sentir de pulso. Têm consequências na reputação dos países e das instituições que avaliam. Foram elas que arrasaram Estados durante a crise financeira ou burlaram investidores quando atribuíam triplo AAA ao Lehman Brothers. E por isso a nota positiva dada pela Moody's ao Orçamento português aprovado na generalidade é relevante. Permite-nos, desde logo, enfrentar o mercado de dívida de forma menos tensa e, ao mesmo tempo, aspirar a que os outros polícias da notação financeira lhe sigam o exemplo. Desta vez, e ao contrário do que tantas vezes aconteceu no passado, não se fizeram juízos políticos sobre a natureza do governo em funções ou os malefícios da democracia, esse empecilho à economia e aos investidores. O que se disse, factualmente, é que é positivo que haja um Orçamento aprovado e que este, em concreto, é realista e credível, mesmo que não cumpra a meta de 2,2% estabelecida para o défice. A Moody's, tal como as outras agências, sempre alérgica a derivas ideológicas esquerdistas, não deixou de surpreender com esta avaliação, estando nós confrontados com opções políticas que merecem o apoio do Bloco e do PCP. E a razão talvez seja simples: conforme foi dito e repetido no Parlamento, este Orçamento é do PS e ponto final. Nem sequer a proposta de nacionalização de um banco ou as exigências de reestruturação da dívida portuguesa impressionaram negativamente os analistas. O que isto confirma, mais uma vez, é que a alternativa existia por mais que se dissesse o contrário e que os mercados reconhecem que Costa não é Tsipras e Centeno não é Varoufakis. Depois do aval de Bruxelas e da Moody's à política orçamental da esquerda e, por consequência, ao executivo atual, a direita portuguesa fica com cada vez menos argumentos e é bom que deixe de se comportar como governo no exílio que não aceita as regras da democracia. Quererá esta avaliação dizer que a Moody's teve um desvio de esquerda? De todo. Significa, tão-só, que António Costa ainda goza de estado de graça. Veremos até quando.» [DN]
   
Autor:

Nuno Saraiva.
      
 E o rapaz é assessor em que domínio?
   
«O Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) está há cinco anos a tentar cobrar uma dívida de 39 mil euros a um ex-assessor da Câmara de Lisboa que, em Dezembro, foi nomeado adjunto da secretária de Estado Adjunta e da Modernização Administrativa, Graça Fonseca. O adjunto governamental, Pedro da Silva Gomes, rejeita a existência de qualquer dívida, mas as tentativas feitas em tribunal para fazer valer o seu ponto de vista foram infrutíferas até agora. O IEFP, por seu lado, diz que está a “desenvolver os mecanismos necessários para a cobrança do montante em dívida”.

O contencioso tem origem num subsídio não reembolsável de 57.439 euros atribuído a Pedro Gomes, em 16 de Dezembro de 2009, a título de apoio à criação de uma empresa de instalações eléctricas (Construway) e de três postos de trabalho, incluindo o do promotor. No dia 1 desse mês, ainda antes de o IEFP ter aprovado o financiamento pedido cinco meses antes, o então desempregado de 26 anos tinha sido contratado como assessor técnico e político da Câmara de Lisboa, para trabalhar no gabinete da vereadora Graça Fonseca.

Nessa altura, o jovem avençado tinha o 10.º ano do ensino secundário incompleto e tinha no currículo, além de curtas passagem por agências imobiliárias, dois anos como funcionário do Partido Socialista, de cuja secção de Belém era coordenador. No secretariado que dirigia sentava-se Graça Fonseca. Tal como o PÚBLICO noticiou em Novembro de 2010, o salário mensal de Pedro Gomes na Câmara de Lisboa foi fixado em 3950 euros (incluindo o IVA), com um contrato de prestação de serviços válido até ao final de 2013 — que foi renovado depois da reeleição de António Costa pelo valor mensal de 4184 euros (incluindo o IVA).

O problema residia em que, ao passar a trabalhar para a câmara, o empresário deixou de estar desempregado, situação essa que constituia o fundamento do pedido da subvenção estatal. Foi por isso, e pelo facto de a empresa criada um ano antes se encontrar praticamente inactiva, que a direcção do IEFP, à época presidida pelo socialista Francisco Madelino, ordenou a realização de uma averiguação interna na sequência da notícia do PÚBLICO.

Logo em Fevereiro de 2011, após a conclusão dessa averiguação e ainda com o Governo de José Sócrates em funções, Francisco Madelino assinou a deliberação que revoga os subsídios concedidos e exige a restituição, no prazo de 60 dias, dos 39.318 euros já pagos. As justificações apresentadas pelo promotor não foram aceites pelo IEFP, tal como foram rejeitadas meses depois pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Almada (TAF), onde Pedro Gomes interpôs uma providência cautelar com o objectivo de suspender a eficácia da deliberação do IEFP.» [Público]
   
Parecer:

Se calhar é assessor em emprego.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
  

sexta-feira, fevereiro 26, 2016

O Pedrexit

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Depois do Grexit e do Brexit talvez não fosse má ideia discutir o nosso Pedroxit, a saída do traste político de Massamá que decidiu andar por aí armado em primeiro-ministro no exílio, com direito a bandeirinha, a um Zeca Mendonça a fazer de peão de brega e a entrevistas feitas por jornalistas que o olham com a condescendência dos guardas do Forte de Santo António olhavam para um Salazar que ate morrer estava convencido de que continuava a ser o presidente do Conselho. O ridículo da situação é tão grande que um dia destes o traste de Massamá ainda vai passar a visitar o D. Duarte todas as quintas-feiras par despachar os assuntos do reino.

O traste de Massamá está louco ao ponto de achar que de um dia para o outro deixa de andar sentado em cima de livros sobre Salazar para pousar o traseiro em obras da social-democracia europeia. Está louco ao ponto de pensar que Portugal volta a ter um resgate para que ele possa dar a segunda de mão no seu projecto de reformatação de um país, contra uma Constituição que ignorou, contra um povo a que chamou piegas, contra eleitores que enganou, contra jovens que forçou à emigração e contra quadros da Administração Pública que humilhou.

A dúvida em relação ao próximo Presidente da República não está em saber como se vai relacionar com o primeiro-ministro ou com os partidos que o apoiam. Deve ser bem mais interessante discutir o que quer que seja com uma Catarina Martins do que com personagens como o Marco António ou o outro gajo de Mação, faz mais sentido discutir o futuro da economia com alguém que pena como Jerónimo de Sousa do que com um político que achou que podia transformar um país europeu num tigre asiático sem ninguém dar por isso.
  
Alguém acredita que Marcelo Rebelo de Sousa achou que aquele nojo de moção do congresso do PSD onde se falava de um cata-vento não o visava? Como é que alguém como Marcelo vai ter paciência para aceitar uma personagem intelectualmente sofrível que um dia o apelidou de cata-vento? Marcelo nunca seria o au mandado de Passos que foi Passos Coelho e nunca o apoiaria da forma como foi apoiado.
  
É óbvio que a convivência de Marcelo com quem o ofendeu e humilhou sem a frontalidade de referir o seu nome vai ser bem mais difícil do que com os líderes dos partidos de esquerda. É óbvio que Passos Coelho não voltará a poder lançar um programa económico assente na escravatura parcial dos trabalhadores, nem sequer vai ter como parceiro de coligação um dócil comprador de submarinos. Pedro Passos Coelho só tem duas saídas, a porta das traseiras ou a porta do lado, já que perdeu a oportunidade de sair pela porá da frente quando ganhou as eleições.
  
Depois do Grexit e do Brexit vai ser a vez de se debater o Pedrexit e se o Trsipas continuará a ser primeiro-ministro, o Reino Unido ficará onde os britânicos quiserem todos sabemos que por cá vai ocorrer o Pedrexit, a dúvida está em saber como e quando, já que o rapaz passou-se e esta convencido de que um dia destes regressa a São Bento. É uma questão de tempo para que muitos do que hoje o apoiam percebam que Passos Coelho não passa de um activo tóxico da direita e a única saída é um Pedrexit. 

Umas no cravo e outras na ferradura


  
 Jumento do dia
    
Álvaro Santos Amaro, autarca do PSD

A vontade de Álvaro Santos Amara de aranjar um qualquer escândalo para ajudar o primeiro-ministro no exílio é tão grande que descobriu que as pobres criancinhas iriam pagar 23% nas suas refeições. Para este espertinho da Silva as taxas do IVA para refeições estão desdobradas em duas,  23% nas escolas e 13% fora das escolas. Enfim, o senhor em matéria de IVA é um iletrado pelo que devia ter mais cuidado antes de se excitar com as supostas asneiras governamentais.

«"Não se aceita que para comer uma refeição escolar seja aplicado 23% em IVA e comer num qualquer restaurante do país seja apenas aplicada a taxa de 13%", refere, em comunicado, o presidente da Comissão Política Nacional dos autarcas social-democratas, Álvaro Santos Amaro.

Para Álvaro Santos Amaro, o Governo deve corrigir a "injustiça" e reduzir o IVA para as refeições escolares.

"Só pode ser lapso, caso contrário é um escândalo", acrescenta no comunicado, emitido após uma reunião dos Autarcas Social-Democratas para analisar a proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2016.

Para o também presidente da Câmara Municipal da Guarda, a "maior deceção é a questão do IVA nas refeições escolares".» [Notícias ao Minuto]

 Primavera Árabe na Síria

Um testemunho que desmonta a hipocrisia da aliança entre o Ocidente, os sacana da Turquia e o salafismo saudita.


 O mundo está mesmo mudado

Segundo a lógica pacóvia do traste de Massamá o facto de o OE ter sido aprovado pela esquerda deveria ser motivo de crítica por parte das agências de notação, para estes iletrados as agências de notação são agentes dos capitalistas e por isso mesmo deverão ser amigos dos partidos da direita, tudo fazendo para os ajudar a chegar ou a manter no poder. É por isso que quase todos os jornais da direita telefonaram nos últimos dias para a agência de notação do Canadá, a DBRS, na esperança desta baixar a classificação da dívida portuguesa para lixo, o que levaria a um novo resgate.

Longe vão os tempos em que Miguel Relvas assegurava, do cimo dos seus vastos conhecimentos, que mal a direita chegasse ao poder as agências de notação deixaria de classificar a dívida soberana portuguesa como lixo. Como se terá sentido o primeiro-ministro no exílio ao saber que a Moddy,s viu com bons olhos o OE para 2016?

Enfim, o mesmo Cavaco que fez da presidência uma manifestação de obediência aos mercados aproveite para dizer ao seu primeiro-ministro mandado para o exílio em Massamá que tenha paciência, também ele tem de respeitar os mercados, mesmo que os mercados não o respeitem.

      
 É simples, é óbvio, é bom e... é Moody's
   
«Era uma banda do meu tempo, The Moody Blues. O nome era para a desgraça, moody é ser carrancudo, com blues é ter neuras. O grupo tinha uma canção, "Talking Out of Turn", que, desde o título, nos aconselhava a não dizer tolices. Foi sempre assim, pegando com pinças, que aprendi a ler as notações de outra carrancuda, Moody's, a agência de rating.

A Moody's já foi apóstolo da desgraça - e como ronronavam de prazer os que adoram ser atirados para lixo - mas hoje deu-nos um ar da sua graça. Parece, diz ela, que ter um Orçamento aprovado é bom. Disto gosto, nas agências de rating. Ouvi-las dizer coisas óbvias. Aí, elas são muito úteis para nós. É que por vezes é mesmo necessário ouvir lá de fora o que é evidente, quando por cá dentro isso é negado.

Sem emitir qualquer juízo sobre a bondade e prosperidade deste OE 2016, tenho dito aqui o que a Moody's diz agora: conseguir as condições políticas para haver um Governo e que ele consiga aprovar um Orçamento, é bom. Melhor do que ser atirado para um impasse e novas eleições.

Logo, ter-se negado, primeiro, que António Costa pudesse governar (recusando-lhe, até, o tratamento de "primeiro-ministro") e, depois, insistindo em chamar geringonça ao Governo, foi uma atividade espúria, indigna de políticos e comentadores. Levar com uma lição de moderação da Moody's deve ser duro...

O problema connosco é que temos sempre de perder tempo e muito esforço antes de chegar ao ponto de partida. Uff, com um empurrãozinho lá de fora para percebermos, chegámos! Agora, já me permito dizer: sim, também suspeito que vai ser difícil cumprir este Orçamento.» [DN]
   
Autor:

Ferreira Fernandes.

  
 O OE é da Moddy's!
   
«Boas notícias vindas da Moody's. A agência de notação financeira deu a 'bênção' à versão revista do Orçamento do Estado, cuja proposta foi aprovada na passada terça-feira na Assembleia da República, avança a SIC.

A credibilidade fiscal do país sai a ganhar com o Orçamento preparado pela equipa de Mário Centeno, enaltece a Moody's, e confere ao país um crédito positivo. Numa nota divulgada hoje, a agência diz ver com bons olhos as alterações levadas a cabo ao documento original, dotando-o de mais "realismo" e afastando o risco de eleições antecipadas.» []
   
Parecer:

Depois de toda a gente, desde a direita aos partidos que apoiam o governo, declararem que este OE não era o seu, eis que aparece e a Moody's a dizer que o apoio. Finalmente se conclui que o OE não é órfão.
    
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»

 Até tu Ricardo?
   
«O ex-presidente do antigo Banco Espírito Santo, Ricardo Salgado, está atento a tudo o que acontece ao banco que substituiu o BES em agosto de 2014. Esta quinta-feira, em comunicado, a defesa de Ricardo Salgado vem dizer que " é tempo de o senhor Governador do Banco de Portugal assumir a responsabilidade pelos seus atos". Com isto pretende contestar a resolução aplicada ao antigo BES e a mais recente transferência para o BES mau de obrigações sénior "em parte já comercializadas pelo Novo Banco, assim pondo em causa a confiança no Novo Banco junto de investidores institucionais de grande relevância a nível internacional".

No comunicado, a defesa de Ricardo Salgado afirma que "mais de um ano e meio depois da resolução, o Novo Banco tem menos 24% de depósitos e concedeu menos 33% de crédito do que o BES em 30 de junho de 2014, o que demonstra que os clientes tinham mais confiança no BES do que têm no Novo Banco".» [Expresso]
   
Parecer:

O problema e que o homem tem alguma razão.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento ao primeiro-ministro no exílio, um homem que parece andar muito preocupado com o futuro do Novo Banco.»
  

quinta-feira, fevereiro 25, 2016

Um pacóvio armado em primeiro-ministro no exílio

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Um dos lados mais pacóvios da nossa sociedade é o complexo de inferioridade que sentimos em relação aos países que consideramos mais desenvolvidos, confundimos as causas do desenvolvimento económico e comportamo-nos como se o que nos condena ao subdesenvolvimento é a estupidez. Tornou-se moda em muitos governos e na Administração Pública a cópia das soluções do estrangeiro, sempre que procuramos dar um passo em frente vamos ver o que fazem os americanos, os ingleses, os alemães ou os franceses.
  
Um bom exemplo dessa tacanhez que nos aprisiona foi dada pela forma quase vexatória com que os governantes se rebaixavam perante meros funcionários da troika. Se analisarmos o currículo do representante de Portugal no FMI em Portugal percebemos que se dermos um pontapé numa pedra no meio de Lisboa saltam meia dúzia de economistas que teriam muito a ensinar a esse senhor. E se analisarmos o currículo dos técnicos do FMI que vieram ensinar Portugal até sentiríamos vergonha.
  
Na linha desta abordagem pacóvia que levou Cavaco a desenvolver a tese humilhante dos bons alunos vem agora esse iletrado que um dia acreditou num falecido e imaginou que podia transformar Portugal na Singapura da Europa, dar mais uma vez a imagem de um país pacóvio. Perante a possibilidade de nacionalizar um Novo Banco que já foi nacionalizado o traste de Massamá não está preocupado com os prejuízos e não está muito interessando em saber quem vai ser dono do maior banco privado português, o que o preocupa é o que poderão pensar de nós. Não importa que ande com as calças rotas, o importante é que não se repare.
  
É esta a dimensão cultural do nosso primeiro-ministro no exílio, um pacóvio que defende política em função do que dizem lá fora, se os estrangeiros falarem bem das nossas políticas é porque elas são boas. Não importa o que os portugueses pensam ou o que os eleitores decidiram, o importante é o que diz um qualquer obscuro director do FMI, uma analista da agência de rating, um jornalista estagiário do Financial Times ou um funcionário anónimo da Comissão Europeia. É por isso que encomendou um guião da reforma do Estado ao reformados da América Latina que o FMI trouxe para nos ensinarem a gerir o país.

O traste de Massamá não ficou envergonhado porque muitos morreram sem médicos nas urgências, com a fuga dos nossos jovens para o estrangeiro, coma falência em massa de pequenas empresas ou com o falhanço da sua experiência, da sua pinochetada económica, o que parece envergonhar o traste é o que possam dizer de um banco que ele próprio comprou com dinheiros públicos e que agora está a ser vendido por um ex-secretário de Estado que nunca vendeu nada a não ser, talvez, algum automóvel em segunda mão.

PS: Depois de uma tentativa atribulada de venda apressada do Novo Banco, com ofertas excluídas e negociações em ritmo acelerado com um candidato chinês, Passos Coelho deixou um homem da sua confiança a vender o banco em regime de consignação. Aprecia-se o grande empenho pessoal de Passos Coelho neste negócio.

Umas no cravo e outras na ferradura


  
 Jumento do dia
    
Pinto da Costa

O ideal é que a TAP (Transportes Aéreos do Porto) tivesse sede nas Antas, desse borlas aos Super Dragões e deixasse de operar em Lisboa, não era? Esta disputa tacanha entre os do Porto e os da capital começa a enjoar todo o resto do país que nada ganha, que nada recebe e que nada tem que ver com estas golpadas orçamentais.

Era mais interessante que Pinto da Costa dedicasse o seu tempo a analisar o comportamento dos seus jovens do que a analisar a gestão das empresas públicas.

«nto da Costa afirma que a TAP deveria mudar de nome, para "transportadora aérea da Portela". "Devemos compreender que os tempos mudam e que as circunstâncias são diferentes, pelo que os nomes também deviam mudar. A TAP deveria chamar-se transportadora aérea da Portela", disse esta quarta-feira o presidente do FC Porto, à margem da apresentação da "Peace Run", no estádio do Dragão, no Porto

Para o líder portista, que comentava a polémica sobre a suspensão de quatro voos de médio curso da TAP de e para o aeroporto Francisco Sá Carneiro, "se era para isto que o Governo queria 50% [da TAP] mais valia receber o dinheirinho e deixar que a transportadora da Portela fosse apenas mais um negócio para alguns indivíduos ganharem muito dinheiro e porem aviões velhos a voar".


"A partir do momento que a TAP foi privatizada já deveríamos estar à espera de tudo", comentou.» [Expresso]
      
 Procuram-se talentos por 800€
   
«O Governo vai avançar, já em 2016, com a criação de centros de competência dentro da Administração Pública que apoiem tecnicamente os ministérios e prestem serviços transversais a essa mesma administração. O objectivo consta da nota explicativa que o Ministério da Modernização Administrativa enviou ao Parlamento a propósito da discussão do Orçamento do Estado e avança ainda que o Estado “deve ser capaz de atrair novos talentos para a Administração Pública, rejuvenescendo os seus quadros”. 

Nessa nota, o gabinete de Maria Manuel Leitão Marques explica que a Administração Pública Central “perdeu, entre 2012 e 2014, 8,4% dos seus quadros na área das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), tendo passado de um total de 2.764 colaboradores, em 31 de Dezembro de 2011, para 2.533 colaboradores, em 31 de dezembro de 2014. Além disso, a idade média destas pessoas é agora de 46,6 anos, sendo que apenas 5,2% dos colaboradores tem menos de 34 anos. O que para o Governo é “particularmente crítico”, uma vez que se fala de uma área em “constante evolução e renovação”.

É, por isso, que o Governo quer rejuvenescer o corpo de funcionários públicos, “assumindo o firme propósito de disponibilizar esse talento de um modo transversal a todas as entidades que a integram”, lê-se na nota.» [DE]
   
Parecer:

Por mesmos de mil euros, com chefes escolhidos pelos partidos, sem quaisquer garantias de que os governos não decidam de um dia para outros cortar-lhes 10% do vencimento ou de os mandar para a mobilidade daqui a meia dúzia de anos.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao governo que acenda bem as luzes antes de os procurar.»
  

quarta-feira, fevereiro 24, 2016

Outra vez o tema dos centros de decisão

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Nos temo de governo de António Guterres o país quase parou com a preocupação da nossa classe empresarial com a saída dos nossos centros de decisão para o estrangeiro. Os nossos capitalistas vendiam as suas empresas ao estrangeiro por bom preço e depois promoviam debates onde vertiam lágrimas de crocodilo porque o país perdia a sua independência. Recordo-me de os ver irem em procissão verter as suas mágoas em São Bento, lá estavam a grande vedeta da banca, um tal Jardim Gonçalves, o DDT que na época ainda era um comprador muito apreciado pela nossa classe política e muitos outros.
  
Passados uns anos foi o que se viu, tigres da finança como Oliveira e Costa e Dias Loureiro tramaram o país, outro venderam as suas empresas a brasileiros, chineses e europeus, o Jardim Gonçalves até o seu lugar no Céu deve ter perdido, o DDT só não foi preso e ficou confinado à sua habitação e respectivo logradouro, onde se situava a capela mais procurada pelos cristãos mais endinheirados da praça.
  
O tema foi esquecido e durante o período de ajustamento, enquanto um iletrado se inspirada no falecido António Borges e tentava transformar Portugal na Singapura da Europa, aquilo que dantes era a perda dos centros de decisão passou a ser investimento estrangeiro. Vender a EDP, a REN e todas as grandes infraestruturas energéticas não era perder um centro de decisão, era um sinal de que graças ao iletrado e agora primeiro-ministro no exílio o país atraía capital estrangeiro.
  
Se os chineses traziam dinheiro e até davam uma segunda vida profissional ao decadente professor catedrático a tempo parcial 0% tinha que se dar as boas-vindas aos novos empresários. Foi o ver se te avias e até se formou um gangue que vendia os palacetes das famílias decadentes a trafulhas chineses, foi um rodopio de cunhas e de telefonemas, com muito boa gente a meter as mãos na massa.
  
O ajustamento falhou, Portugal é mais uma Coreia do Norte do que uma Singapura da Europa, o DDT já não compra ninguém e até o Manuel Damásio anda embrulhado pro causa do José Veiga eis que a nossa canalha voltou a preocupar-se com os centros de decisão nacionais e voltam a estar preocupados com o tema. Já não elogiam o investimento estrangeiro nem dão loas à globalização, agora preocupam-se porque um dia destes querem fazer um negócio manhoso e os bancos são todos espanhóis.
  
Os que defendiam que os portugueses deviam ser esmifrados por terem vivido acima das suas possibilidades até já estão ao lado de Francisco Louçã e sugerem a nacionalização da banca. Não havia dinheiro para salários e pensões, mas já há dinheiro de sobra para comprar bancos. Quando os nossos candidatos a banqueiros estiverem mais recompostos e regressarem ao poder pelas mãos de um qualquer Cavaco de Massamá ou de um Passos Coelho de Boliqueime serão os mesmos que aparecerão a defender as virtudes da banca privada e as vantagens de vender a banca nacionalizada a empresários portugueses. Os mesmos que defendiam a privatização da CGD aparecem agora a defender a nacionalização do Novo Banco.

Umas no cravo e outras na ferradura



 Jumento do dia
    
Rui Moreira

Antes de ser autarca Rui Moreira era um dos maiores defensores das virtudes da iniciativa privada, agora já acha que uma TAP não só deve ser pública como ser gerida pelo Estado sem olhar a custos ou a racionalidade económica, desde que os prejuízos sirvam para fazer todos os fretes à CM do Porto.

«O presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP) escolheu a reunião de câmara para falar pela primeira vez sobre o encontro que teve com o primeiro-ministro na passada quarta-feira. O resumo foi breve. “Foi um encontro afável, mas não me tranquilizou“, disse Rui Moreira na manhã desta terça-feira.

O encontro foi pedido pelo autarca do Porto com caráter de urgência para saber, afinal, qual será o envolvimento do Estado à mesa das negociações da companhia aérea, de gestão privada mas com 50% de capital público, na definição de rotas estratégicas para o Aeroporto Francisco Sá Carneiro. À saída, nem Rui Moreira, nem António Costa, comentaram.

Rui Moreira informou o executivo municipal que “o que ficou claro é que o Governo tem ideia de poder controlar as opções estratégicas da TAP” e, como disse o primeiro-ministro numa entrevista que deu ao Expresso, garantir “uma base relevante de operações no Porto” e uma “internacionalização crescente” da cidade, com “ligações aéreas do Porto para o resto do mundo e para a Europa em particular”. Mas a mesma dúvida permanece. “Ainda não consegui entender como é que o Governo pode fazer isso sem controlar a administração da empresa“, concluiu, sobre o facto de o negócio ter determinado que a gestão seria privada.» [Observador]

      
 O gang da bola
   
«O árbitro Jorge Ferreira tem estado no centro da polémica depois de ter assinalado um penálti polémico a favor do Benfica na visita dos encarnados a Paços de Ferreira. As críticas à decisão estenderam-se a Alvalade, com o presidente do Sporting Bruno de Carvalho e atacar o árbitro via Facebook, e à newsletter oficial “Dragões Diário” ligada ao FC Porto.

Agora, o Jornal de Notícias e o Correio da Manhã noticiam que Fernando Madureira, líder da claque Super Dragões, acompanhado por outras oito pessoas, deslocou-se ao restaurante do pai do árbitro em Fafe. O grupo terá entrado no estabelecimento por volta das 21h30 desta segunda-feira. Aí terão perguntado pelo “gatuno”, referindo-se a Jorge Ferreira.

Depois de terem pedido jantar, o dono do estabelecimento ter-se-á recusado a servir a refeição o que motivou o pedido do Livro de Reclamações por parte de Madureira. A TSF teve acesso a algumas fotografias do sucedido referindo ainda que a queixa escrita pelo líder dos Super Dragões dizia que “eram 21:35 recusaram-se a servir o jantar à minha mesa, com outros clientes na sala e a serem servidos a posteriori, só deram o livro de reclamações, só depois com a presença da GNR”.» [Observador]
   
Parecer:

Isto ainda v ai acabar mal.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»
  
 Missa ecuménica
   
«Marcelo Rebelo de Sousa vai participar numa celebração ecuménica na Mesquita de Lisboa na tarde de dia 9 de Março, dia em que toma posse como Presidente da República, sabe o PÚBLICO. A iniciativa, inédita em Portugal, está a ser organizada para assinalar a sua posse e tem como objectivo chamar a atenção para a necessidade de entendimento entre religiões e culturas.

O objectivo é concentrar atenções e apelar à busca de uma solução para o drama dos refugiados do Médio Oriente que têm fugido para a Europa. Mas também significará uma manifestação contra os ataques terroristas que têm surgido na Europa e por todo o mundo.


A celebração religiosa da Mesquita de Lisboa terá a participação, além de muçulmanos e de cristãos, católicos, evangelistas e adventistas, estarão ainda presentes outras confissões religiosas como judeus e budistas, devendo estar representadas cerca de duas dezenas de igrejas, dentro de um espírito ecuménico que bebe na doutrina do Vaticano II, cara a Marcelo Rebelo de Sousa, assumidamente católico.» [Público]
   
Parecer:

Que melhor forma para um Presidente da República para começar o seu mandato senão celebrando a posse numa missa? Mas não é uma missa qualquer, num país cristão a missa celebra-se numa mesquita, uma mesquita que por curiosidade foi construída por fundos da Arábia Saudita, um regime muito pouco ecuménico e ainda menos tolerante no que se refere a cristão e a chiitas. Este ecumenismo dos sunitas da mesquita de Lisboa tem a sua graça numa época onde a Arábia Saudita pratica o wahhabismo , ou para evitar ofensas o salafismo e executa cidadãos acusados. Aliás, basta ir ao Google procurar por apostasia e aprecem logo as sentenças da Arábia Saudita e do Estado Islâmico.

O ecumenismo tem a sua graça num país onde os wahhabistas estão em minoria e onde se pratica a liberdade religiosa e estes sentimentos até ficam bem a qualquer político. Mas eu preferia que a posse de um Presidente não fosse celebrada com missas e ainda menos em missas para inglês ver. Mas, enfim, a hipocrisia ainda tem muitos adeptos.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se.»
  

terça-feira, fevereiro 23, 2016

Austeridade ou sacanice?

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Austeridade é chamar todos os cidadãos a suportar os custos de um esforço nacional de controla despesa pública. Sacanice é um governo escolher um grupo profissional ou social com ase em critérios ideológicos ou em ódios pessoais para que suporte os custos da austeridade. Os democratas optam pela equidade e a austeridade não significa necessariamente injustiça. Os canalhas optam pela sacanice, acusam aqueles que odeiam de todos os males do mundo e aplicam-lhe todas as medidas odiosas.
  
Quando se escolhem pensionistas e funcionários públicos para suportarem um corte brutal de rendimentos, quando se promete que a medida é para um ano pois se destina a compensar um falso “desvio colossal”, quando depois se diz que é para o período de ajustamento e mais tarde se garante que tudo voltará ao normal apenas oito anos depois não estamos perante uma medida de austeridade, estamos perante uma sacanice.
  
Em Espanha o governo da mesma direita cortou vencimentos e recuperada a normalidade orçamental não só os repôs como os reembolsou. Aqui a ideia era cortar vencimentos e despedir e o cinismo foi tão grande que se inspiraram nos portões dos campos nazis e chamaram ao despedimento requalificação, foram ainda mais longe, disseram que o despedimento era uma oportunidade na vida destes novos judeus.
  
Não, aquilo que alguns portugueses sofreram nos últimos anos não foi austeridade, foi sacanice. A canalhice foi tanta que como não podiam cortar os ordenados do sector privado e depois de o fazerem no sector público tentaram o golpe da TSU, retiravam uma parte dos ordenados sob a forma de um aumento da TSU e entregavam-na aos patrões sob a forma de uma redução da mesma TSU aplicada aos empregadores. Como a manobra falhou optaram por reduzir o IRC compensando esta redução com um aumento do IRS, sob a forma de uma sobretaxa.
  
A sacanice foi tão grande que funcionários públicos e reformados levaram duas doses desvalorização fiscal, primeiro pela via dos cortes e depois pelo aumento do IRS. EM relação aos reformados a sacanice foi ainda mais longe e com requintes de inspiração nazi. Não só levaram um corte nas pensões sob a forma de um imposto, como ainda tiveram de pagar o IRS acrescido da sobretaxa como se não tivessem levado qualquer corte.
  
Bendita austeridade porque essa austeridade pode ser distribuída por todos, ao contrário da sacanice qe por definição é adoptada por sacanas e é aplicada àqueles que esses sacanas odeiam. E enquanto o sana mor, para não lhe chamar algo que possa ofender a progenitora, estiver na liderança do PSD considerarei este partido como nacional-social-democrata, um partido com a máxima “nacional-social-democracia sempre”.

Umas no cravo e outras na ferradura


  
 Jumento do dia
    
Passos Coelho, primeiro-ministro no exílio

A opção de estar no parlamento só para falar e protestar por não ter ficado num governo sem apoio parlamentar é coerente com a postura de primeiro-ministro no exílio, esta posição tem como consequência a ausência no debate do OE, optando pela abstenção sistemática. Passos Coelho não é um líder da oposição, é um farsante armado em primeiro-ministro no exílio, é o actor principal de uma peça de teatro de pantomina.

«A estratégia adoptada pelo PSD no Orçamento do Estado (OE) para 2016 pretende obrigar ao funcionamento da maioria de esquerda – PS, BE, PCP e PEV. Com o anúncio da abstenção do PSD em todas as propostas de alteração na apreciação do OE na especialidade, o PS terá mesmo de votar contra propostas do BE, PCP e PEV se quiser que as medidas não sejam lei. Desta forma, Passos Coelho deixa terreno aberto para eventuais desentendimentos ou para uma coesão na aliança entre os socialistas e as bancadas à esquerda.

O líder social-democrata, em declarações aos jornalistas, anunciou que o PSD não irá apresentar alterações e vai abster-se nas propostas vindas de outros partidos – incluindo do CDS – mesmo que tenham já obtido anteriormente a sua “concordância” e sem ter em conta o “mérito” ou “demérito” das medidas.


Com esta estratégia neutral, os sociais-democratas pretendem que o PS assuma o voto contra propostas vindas de bancadas à sua esquerda, mesmo quando a sua posição, no passado, tenha sido a da abstenção sobre as mesmas medidas. Por exemplo, se a medida agradar ao PS mas não poder ser incluída neste Orçamento por razões financeiras, a bancada socialista não se pode simplesmente abster e terá de votar contra se quiser travar essa proposta. Já no caso das propostas em que o PS quer adoptar – mesmo que venham de outras bancadas – basta a abstenção ou o voto a favor.» [Público]

 Não se ajoelhavam, curvavam-se respeitosamente, rebaixavam-se




      
 E por falar em ajoelhar
   
«Pedro Passos Coelho, depois de ter sido durante quatro anos no governo um exemplar Homo genuflexus, apresenta-se agora na oposição como modelo do Homo firmus e erectus na relação com Bruxelas. É verdade que para usar na lapela o verbo "social-democracia sempre" tem de apagar do cadastro as máculas neoliberais - não vale a pena negar o óbvio, aquilo que se fez no Portugal do ajustamento foi privatizar a eito, cortar despesa pública para reforço do setor privado, aumentar impostos à bruta e desregulamentar o mercado de trabalho para facilitar o capitalismo selvagem - que lhe iluminaram o caminho da governação. Mas, mesmo na retórica de campanha eleitoral, exige-se decoro. Se António Costa "ajoelhou" perante a Comissão Europeia veremos mais adiante. É verdade que a austeridade não acabou e, como diz Passos Coelho com razão, foi rebatizada, com o Orçamento a passar de austeritário a restritivo. Como já aqui disse, a austeridade de direita foi substituída pela da esquerda. De uma a outra, venha o diabo, mas esta é seguramente mais equitativa e, por isso, mais justa do ponto de vista social já que não recai sobre os rendimentos do trabalho e, pelo menos, impõe aos habituais isentos de esforço a obrigação de contribuírem para a comunidade. Mas, pelas almas, que autoridade tem o anterior primeiro-ministro para encher a boca com tais denúncias? Seguramente que nem os seus acólitos mais entusiastas se esquecem das idas regulares à chancelaria alemã para fazer provas de diligência e promessas de ir além da troika à senhora Merkel. Ou das imagens recorrentes da subserviência de Vítor Gaspar em Bruxelas perante o poderoso senhor Schäuble. Ou mesmo da exibição de Maria Luís Albuquerque em Berlim, em vésperas de eleições, como modelo de aluna bem-comportada. Ajoelhar é isto. Aceitar tudo sem questionar ou sequer tentar negociar. Aquilo que o atual governo fez foi, apesar de tudo, diferente. Negociou, cedeu como é próprio destes processos, e, como escrevia Freitas do Amaral nesta semana na Visão, conseguiu na Comissão Europeia e no Eurogrupo a aprovação de um Orçamento social e não neoliberal, o primeiro desde a criação do euro. De Passos Coelho aquilo que temos para recordar são anos a fio a genufletir e a resignar, por opção ideológica, em nome de uma saída limpa que, confirmamos hoje, está crivada de nódoas.» [DN]
   
Autor:

Nuno Saraiva.

      
 As medalhas são tantas que até Marques Mendes tem razão
«“Um exagero banaliza e vulgariza. Não se percebe o critério. Por exemplo, eu via há uma semana, duas semanas, não interessa, atribuída uma condecoração a alguém que foi governante durante quatro meses. Meses. Sei que ser governante é um serviço público, mas quatro meses é um servicinho, um serviço mínimo”, justifica este domingo no seu habitual espaço de comentário na SIC. Ele espera mais “contenção” de Marcelo Rebelo de Sousa.

A afirmação faz referência a Luís Campos e Cunha, ex-ministro das Finanças de José Sócrates, homenageado na última semana pelos serviços prestados durante quatro meses como titular da pasta das Finanças, mas também pelo seu papel na sociedade. Mendes não falou contudo da condecoração a Sousa Lara, o secretário de estado que impediu a candidatura a um prémio literário de José Saramago, mas elogiou a distinção a Castelo Branco, uma das vítimas das FP25.» [Observador]
   
Parecer:

É preciso lata para medalhar Campos e Cunha, tanta lata como a que foi necessária para aceitar a condecoração.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se e pergunte-se a Cavaco se n ão vai medalhar o super juiz, o inspector de Braga e o Rosário.»
  
 A novidade do dia
   
«O PSD vai, como era esperado, votar contra o Orçamento do Estado do governo socialista de António Costa. O DN apurou junto de fonte da direção nacional que foi essa a decisão da comissão permanente esta manhã, estando agora Passos Coelho a comunicá-la aos deputados, na sala do Senado, na Assembleia da República.

Os deputados já foram informados do sentido de voto, que há muito vinha sendo praticamente anunciado nas palavras de dirigentes da bancada e do partido. Passos Coelho tem considerado o "orçamento restritivo" e durante o fim-de-semana acusou mesmo o governo do PS de se "ajoelhar perante Bruxelas.» [DN]
   
Parecer:

Passos é coerente e agora que até já pode endireitar as costas até se queixa da austeridade.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»