sexta-feira, fevereiro 05, 2016

Social-democracia sempre, diz ele



Um social-democrata com inspirações duvidosas

A situação de Passos Coelho não deve ser fácil, chegou onde é suposto que alguém com as suas capacidades e percurso de vida não deveria chegar e agora tem dificuldades em aceitar a nova realidade. Talvez isso explique a figura quase patética que tem vindo a fazer, vindo a desempenhar o papel de um primeiro-ministro no exílio que ganhou as eleições mas foi vítima de um golpe de estado feito por uma maioria parlamentar.

Foi deprimente ver um líder partidário dirigir-se à sua mesa de voto armado em primeiro-ministro, com casaquinho e o pin da bandeirinha que durante quatro anos foi usado pelos membros do seu governo. Não faltava a presença do Zeca Mendonça, o famosos peão de brega que assegura os pontapés aos jornalistas mais afoitos em perguntas incómodas. Lá ia o Zeca abrindo o caminho no meio da populaça que se dirigia ao voto para que o chefe dirigisse as suas palavras a um país ávido de ouvir o seu líder no exílio. Nesse mesmo dia a dona Maria passou à frente do presidente e foi votar, enquanto Cavaco ficou para trás, aguardando a sua vez. Mas no caso de Passos já não foi assim, como convém quando se trata de uma personalidade com o seu estatuto internacional a esposa ficou uns passos atrás, como se fosse a mulher de um extremista muçulmano, enquanto o importante marido fazia as suas declarações ao país.
  
Agora Passos voltou a desempenhar o seu papel de primeiro-ministro no exílio, apresentando a sua candidatura a mais um mandato de líder de primeiro-ministro, voltando a queixar-se do golpe de estado perpetrado por parlamentares golpistas. Durante cinco anos queixou-se de que tinha sido obrigado a governar com um programa alheio, o seu programa era o memorando assim ando por Sócrates. Agora vem dizer que falta metade do se programa, isto é, o seu projecto para o país consistia no memorando com a Troika e em mais quatro anos com base num segundo programa desconhecido.

E a tudo isto e já que estamos em época carnavalesca Passos Coelho chama de social-democracia, tem mesmo o descaramento de dizer que mesmo quando foi mais além do que a troika estava sendo um social-democrata. Este ideólogo de shots de discoteca descobriu que a social-democracia dava votos e declara-se social-democrata. É a versão política de um vendedor de camisas Lacoste da Feira do Relógio, mas tem sorte, na política a contrafacção ainda não é crime pelo que até pode declarar-se comunista que ninguém o leva, ainda que pelos tiques que vai exibindo comece a fazer algum sentido reservar um lugar no Júlio de Matos.
  
Neste momento a única dúvida em relação a Passos Coelho é se está doido ou se está parvo. Social-democrata só se for numa versão muito nacional, digamos que uma espécie de nacional-social-democracia.