Jumento do dia
Passos Coelho, primeiro-ministro no exílio
Passos Coelho, primeiro-ministro no exílio
A opção de estar no parlamento só para falar e protestar por não ter ficado num governo sem apoio parlamentar é coerente com a postura de primeiro-ministro no exílio, esta posição tem como consequência a ausência no debate do OE, optando pela abstenção sistemática. Passos Coelho não é um líder da oposição, é um farsante armado em primeiro-ministro no exílio, é o actor principal de uma peça de teatro de pantomina.
«A estratégia adoptada pelo PSD no Orçamento do Estado (OE) para 2016 pretende obrigar ao funcionamento da maioria de esquerda – PS, BE, PCP e PEV. Com o anúncio da abstenção do PSD em todas as propostas de alteração na apreciação do OE na especialidade, o PS terá mesmo de votar contra propostas do BE, PCP e PEV se quiser que as medidas não sejam lei. Desta forma, Passos Coelho deixa terreno aberto para eventuais desentendimentos ou para uma coesão na aliança entre os socialistas e as bancadas à esquerda.
O líder social-democrata, em declarações aos jornalistas, anunciou que o PSD não irá apresentar alterações e vai abster-se nas propostas vindas de outros partidos – incluindo do CDS – mesmo que tenham já obtido anteriormente a sua “concordância” e sem ter em conta o “mérito” ou “demérito” das medidas.
Com esta estratégia neutral, os sociais-democratas pretendem que o PS assuma o voto contra propostas vindas de bancadas à sua esquerda, mesmo quando a sua posição, no passado, tenha sido a da abstenção sobre as mesmas medidas. Por exemplo, se a medida agradar ao PS mas não poder ser incluída neste Orçamento por razões financeiras, a bancada socialista não se pode simplesmente abster e terá de votar contra se quiser travar essa proposta. Já no caso das propostas em que o PS quer adoptar – mesmo que venham de outras bancadas – basta a abstenção ou o voto a favor.» [Público]
«A estratégia adoptada pelo PSD no Orçamento do Estado (OE) para 2016 pretende obrigar ao funcionamento da maioria de esquerda – PS, BE, PCP e PEV. Com o anúncio da abstenção do PSD em todas as propostas de alteração na apreciação do OE na especialidade, o PS terá mesmo de votar contra propostas do BE, PCP e PEV se quiser que as medidas não sejam lei. Desta forma, Passos Coelho deixa terreno aberto para eventuais desentendimentos ou para uma coesão na aliança entre os socialistas e as bancadas à esquerda.
O líder social-democrata, em declarações aos jornalistas, anunciou que o PSD não irá apresentar alterações e vai abster-se nas propostas vindas de outros partidos – incluindo do CDS – mesmo que tenham já obtido anteriormente a sua “concordância” e sem ter em conta o “mérito” ou “demérito” das medidas.
Com esta estratégia neutral, os sociais-democratas pretendem que o PS assuma o voto contra propostas vindas de bancadas à sua esquerda, mesmo quando a sua posição, no passado, tenha sido a da abstenção sobre as mesmas medidas. Por exemplo, se a medida agradar ao PS mas não poder ser incluída neste Orçamento por razões financeiras, a bancada socialista não se pode simplesmente abster e terá de votar contra se quiser travar essa proposta. Já no caso das propostas em que o PS quer adoptar – mesmo que venham de outras bancadas – basta a abstenção ou o voto a favor.» [Público]
E por falar em ajoelhar
«Pedro Passos Coelho, depois de ter sido durante quatro anos no governo um exemplar Homo genuflexus, apresenta-se agora na oposição como modelo do Homo firmus e erectus na relação com Bruxelas. É verdade que para usar na lapela o verbo "social-democracia sempre" tem de apagar do cadastro as máculas neoliberais - não vale a pena negar o óbvio, aquilo que se fez no Portugal do ajustamento foi privatizar a eito, cortar despesa pública para reforço do setor privado, aumentar impostos à bruta e desregulamentar o mercado de trabalho para facilitar o capitalismo selvagem - que lhe iluminaram o caminho da governação. Mas, mesmo na retórica de campanha eleitoral, exige-se decoro. Se António Costa "ajoelhou" perante a Comissão Europeia veremos mais adiante. É verdade que a austeridade não acabou e, como diz Passos Coelho com razão, foi rebatizada, com o Orçamento a passar de austeritário a restritivo. Como já aqui disse, a austeridade de direita foi substituída pela da esquerda. De uma a outra, venha o diabo, mas esta é seguramente mais equitativa e, por isso, mais justa do ponto de vista social já que não recai sobre os rendimentos do trabalho e, pelo menos, impõe aos habituais isentos de esforço a obrigação de contribuírem para a comunidade. Mas, pelas almas, que autoridade tem o anterior primeiro-ministro para encher a boca com tais denúncias? Seguramente que nem os seus acólitos mais entusiastas se esquecem das idas regulares à chancelaria alemã para fazer provas de diligência e promessas de ir além da troika à senhora Merkel. Ou das imagens recorrentes da subserviência de Vítor Gaspar em Bruxelas perante o poderoso senhor Schäuble. Ou mesmo da exibição de Maria Luís Albuquerque em Berlim, em vésperas de eleições, como modelo de aluna bem-comportada. Ajoelhar é isto. Aceitar tudo sem questionar ou sequer tentar negociar. Aquilo que o atual governo fez foi, apesar de tudo, diferente. Negociou, cedeu como é próprio destes processos, e, como escrevia Freitas do Amaral nesta semana na Visão, conseguiu na Comissão Europeia e no Eurogrupo a aprovação de um Orçamento social e não neoliberal, o primeiro desde a criação do euro. De Passos Coelho aquilo que temos para recordar são anos a fio a genufletir e a resignar, por opção ideológica, em nome de uma saída limpa que, confirmamos hoje, está crivada de nódoas.» [DN]
Autor:
Nuno Saraiva.
As medalhas são tantas que até Marques Mendes tem razão
«“Um exagero banaliza e vulgariza. Não se percebe o critério. Por exemplo, eu via há uma semana, duas semanas, não interessa, atribuída uma condecoração a alguém que foi governante durante quatro meses. Meses. Sei que ser governante é um serviço público, mas quatro meses é um servicinho, um serviço mínimo”, justifica este domingo no seu habitual espaço de comentário na SIC. Ele espera mais “contenção” de Marcelo Rebelo de Sousa.
A afirmação faz referência a Luís Campos e Cunha, ex-ministro das Finanças de José Sócrates, homenageado na última semana pelos serviços prestados durante quatro meses como titular da pasta das Finanças, mas também pelo seu papel na sociedade. Mendes não falou contudo da condecoração a Sousa Lara, o secretário de estado que impediu a candidatura a um prémio literário de José Saramago, mas elogiou a distinção a Castelo Branco, uma das vítimas das FP25.» [Observador]
A afirmação faz referência a Luís Campos e Cunha, ex-ministro das Finanças de José Sócrates, homenageado na última semana pelos serviços prestados durante quatro meses como titular da pasta das Finanças, mas também pelo seu papel na sociedade. Mendes não falou contudo da condecoração a Sousa Lara, o secretário de estado que impediu a candidatura a um prémio literário de José Saramago, mas elogiou a distinção a Castelo Branco, uma das vítimas das FP25.» [Observador]
Parecer:
É preciso lata para medalhar Campos e Cunha, tanta lata como a que foi necessária para aceitar a condecoração.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se e pergunte-se a Cavaco se n ão vai medalhar o super juiz, o inspector de Braga e o Rosário.»
A novidade do dia
«O PSD vai, como era esperado, votar contra o Orçamento do Estado do governo socialista de António Costa. O DN apurou junto de fonte da direção nacional que foi essa a decisão da comissão permanente esta manhã, estando agora Passos Coelho a comunicá-la aos deputados, na sala do Senado, na Assembleia da República.
Os deputados já foram informados do sentido de voto, que há muito vinha sendo praticamente anunciado nas palavras de dirigentes da bancada e do partido. Passos Coelho tem considerado o "orçamento restritivo" e durante o fim-de-semana acusou mesmo o governo do PS de se "ajoelhar perante Bruxelas.» [DN]
Parecer:
Passos é coerente e agora que até já pode endireitar as costas até se queixa da austeridade.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»