A estratégia de Passos Coelho é clara, não vai abdicar de desempenhar o papel de primeiro-ministro no exílio a quem foi retirado o poder de forma constitucional mas ilegítima e fará oposição total ao governo sem quaisquer propostas ou diálogo parlamentar, o que é a transposição para o parlamento de uma espécie de guerrilha.
A ideia de que as oposições desejem sempre o melhor para os países justifica-se apenas quando estão em causa tendências eleitorais. Mas Passos já mostrou que não gosta de governar de acordo com as regras e respeitando a Constituição. Ele quer voltar ao poder para cumprir a metade do seu programa, mas o seu regresso só faz sentido se puder beneficiar de uma situação de excepção. Ideias como a semi escravatura dos funcionários públicos, a perda de direitos dos pensionistas, o despedimento em massa de funcionários públicos e a desvalorização do factor trabalho para transformar Portugal no país mais competitivo do mundo são viáveis em ditadura ou num contexto em que um governo possa governar como se fosse em ditadura, o que sucedeu nos últimos quatro ano.
Não admira a aposta de Passos em usar o OE para lançar a desconfiança em relação a Portugal, a estratégia foi a da terra queimada e o PSD tudo fez, em Portugal, em Estrasburgo ou em Bruxelas, para que um conflito com a Comissão Europeia se traduzisse numa situação que conduza novamente à asfixia financeira do país. Passos já chegou uma vez ao poder graças a uma situação dessas, mas dessa vez negociava em privado e mentia em público. Agora o PS não confia na sua palavra e Passos aposta tudo na guerrilha.
Passos não tem alternativa, não tem propostas e não quer ter programa, tenta enganar os portugueses disfarçando o seu extremismo atrás de uma social-democracia mentirosa que há muito tempo disfarça um partido da direita, hoje quase da extrema-direita. A verdade e que Passos não quer ter um programa e por isso mesmo nunca enviou qualquer esboço do OE de 2016 ara Bruxelas, Passos quer voltar a governar sem programa e isso passa por conduzir o país à bancarrota. Não admira a excitação dos últimos dias com o primeiro-ministro no exílio a reaparecer depois de semanas de quase total silêncio.
Passos não quer regressar para repor direitos ou cumprir acórdãos do TC de que discorda e que nunca respeitou, Passos quer regressar ao poder para voltar a tentar no que falhou, na famosa tabela única no Estado, na "requalificação" dos recursos humanos libertados com as 40 horas, na desvalorização fiscal dos salários do sector privado transformando aumentos do IRS em reduções do IRC.