Mais ou menos por esta altura o parlamento já deveria ter aprovado uma nova Constituição, a esquerda obedeceria ao traste de Massamá e a Paulo portas aprovando uma revisão constitucional que permitira a Cavaco Silva dissolver o parlamento e convocar novas eleições antecipadas. Mas nada disso aconteceu, habituado a um Seguro que dava o rabinho e cinco tostões para ser recebido em São Bento, em Belém ou no Banco de Portugal e a troco de umas fotografias aceitava tudo, agora o PS é liderado por António Costa.
Mais ou menos por esta altura a agência de notação DBRS já devia ter atribuído à divida portuguesa a classificação de lixo, levando a que o BCE ficasse impedido de comprar dívida portuguesa. Mas nada disso aconteceu, bem se esforçaram para que tal sucedesse, nunca a DBRS tinha recebido tantos telefonemas de jornalistas idiotas, não só a DBRS não fez o frete como a Moody’s elogiou o OE.
Mais ou menos por esta altura a Comissão Europeia devia ter chumbado o OE a pedido da direita portuguesa, enquanto o Eurogrupo teria dito cobras e lagartos das contas portuguesas, com o ministro alemão a confirmar que não dava os parabéns da António Costa. Mas nada disso aconteceu, a Comissão Europeia não chumbou o OE e o Eurogrupo fez as recomendações da praxe.
Mais ou menos por esta altura o país estaria a debater a necessidade de um segundo resgate enquanto Passos Coelho via confirmadas as suas previsões mais catastróficas. Mas nada disso aconteceu, o país continua a ir aos mercados financeiros, os juros estabilizaram a níveis normais e o traste de Massamá e que foi incapaz de mudar de discurso e cai no ridículo dizendo que está pronto para ser governo.
Mais ou menos por esta altura o PS devia ter caído nas sondagens, Francisco Assis reunia a revolta contra Costa num restaurante da Mealhada e Passos Coelho exigia a demissão de um governo duplamente ilegítimo, por ter perdido as eleições e por não ter maioria nas sondagens. Mas nada disso aconteceu, o PS vai subindo, devagar mas vai subindo, Assis desapareceu e não há sinais de crise política.
Mais ou menos por esta altura o presidente eleito pela direita deveria já estar a promover intrigas contra o governo e preparando as condições para a dissolução do parlamento. Mas nada disso aconteceu, Marcelo fez questão de ganhar as eleições dispensando apoios, e desde que começou a corrida presidencial ignorou aqueles que de forma pouco digna o apelidou de cata-vento.
Mais ou menos por esta altura a TAP era definitivamente privada e os transportes urbanos estariam a ser geridos por empresas privadas, foi para isso que Cavaco deu posse ao traste de Massamá. Mas nada disto aconteceu, foi possível negocial um novo modelo de sociedade para a TAP que não passa pela total privatização e os transportes urbanos poderão ser geridos num quadro em que a gestão dos transportes não é feita à margem da gestão das cidades.