quinta-feira, fevereiro 25, 2016

Um pacóvio armado em primeiro-ministro no exílio

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Um dos lados mais pacóvios da nossa sociedade é o complexo de inferioridade que sentimos em relação aos países que consideramos mais desenvolvidos, confundimos as causas do desenvolvimento económico e comportamo-nos como se o que nos condena ao subdesenvolvimento é a estupidez. Tornou-se moda em muitos governos e na Administração Pública a cópia das soluções do estrangeiro, sempre que procuramos dar um passo em frente vamos ver o que fazem os americanos, os ingleses, os alemães ou os franceses.
  
Um bom exemplo dessa tacanhez que nos aprisiona foi dada pela forma quase vexatória com que os governantes se rebaixavam perante meros funcionários da troika. Se analisarmos o currículo do representante de Portugal no FMI em Portugal percebemos que se dermos um pontapé numa pedra no meio de Lisboa saltam meia dúzia de economistas que teriam muito a ensinar a esse senhor. E se analisarmos o currículo dos técnicos do FMI que vieram ensinar Portugal até sentiríamos vergonha.
  
Na linha desta abordagem pacóvia que levou Cavaco a desenvolver a tese humilhante dos bons alunos vem agora esse iletrado que um dia acreditou num falecido e imaginou que podia transformar Portugal na Singapura da Europa, dar mais uma vez a imagem de um país pacóvio. Perante a possibilidade de nacionalizar um Novo Banco que já foi nacionalizado o traste de Massamá não está preocupado com os prejuízos e não está muito interessando em saber quem vai ser dono do maior banco privado português, o que o preocupa é o que poderão pensar de nós. Não importa que ande com as calças rotas, o importante é que não se repare.
  
É esta a dimensão cultural do nosso primeiro-ministro no exílio, um pacóvio que defende política em função do que dizem lá fora, se os estrangeiros falarem bem das nossas políticas é porque elas são boas. Não importa o que os portugueses pensam ou o que os eleitores decidiram, o importante é o que diz um qualquer obscuro director do FMI, uma analista da agência de rating, um jornalista estagiário do Financial Times ou um funcionário anónimo da Comissão Europeia. É por isso que encomendou um guião da reforma do Estado ao reformados da América Latina que o FMI trouxe para nos ensinarem a gerir o país.

O traste de Massamá não ficou envergonhado porque muitos morreram sem médicos nas urgências, com a fuga dos nossos jovens para o estrangeiro, coma falência em massa de pequenas empresas ou com o falhanço da sua experiência, da sua pinochetada económica, o que parece envergonhar o traste é o que possam dizer de um banco que ele próprio comprou com dinheiros públicos e que agora está a ser vendido por um ex-secretário de Estado que nunca vendeu nada a não ser, talvez, algum automóvel em segunda mão.

PS: Depois de uma tentativa atribulada de venda apressada do Novo Banco, com ofertas excluídas e negociações em ritmo acelerado com um candidato chinês, Passos Coelho deixou um homem da sua confiança a vender o banco em regime de consignação. Aprecia-se o grande empenho pessoal de Passos Coelho neste negócio.