domingo, fevereiro 14, 2016

Semanada



A direita tem mantido uma relação estranha com o OE de António Costa, começou por dizer que era a bancarrota, mexeu os cordelinhos junto da direita europeia numa tentativa desastrada de chumbar o documento, desejou que o país voltasse a ficar sem financiamento externo e agora diz que ficou tudo na mesma e é um OE de austeridade. Isto é, a direita só discorda do OE porque considera que deve ser uma parte dos portugueses, aquela que Passos odeia, a suportar toda a austeridade.
  
A direita descobriu uma óptima forma de não aumentar impostos, apropria-se dos rendimentos de um sector da sociedade e chama a isto cortar na despesa. Segundo esta lógica se for decretada a escravatura dos funcionários públicos há uma reforma estrutural com um corte acentuado da despesa que até pode financiar uma redução acentuada dos impostos. Mas que grande solução!

O candidato único do PSD e primeiro-ministro exilado em Massamá continua o seu périplo pelo país para conseguir aquilo que ninguém quer, a liderança do PSD. Passos sabe que em condições normais nem Costa se vai embora nem Marcelo o quer ver em São Bento, mas como se viu nos últimos dias o exilado em Massamá ainda sonha com uma nova bancarrota e o regresso ao poder para despedir os funcionários públicos que ficaram por despedir.
  
E enquanto o exilado anda por aí António Costa encena sessões de esclarecimento sem arriscar muito pois são dirigidas a uma audiência cujo casting foi feito entre militantes e simpatizantes do seu partido. A primeira sessão foi um desastre, um Costa com ar de quem tinha ido comer umas bifanas antes de uma final da Taça no Jamor achou que tinha muita graça e decidiu explicar a sua política orçamental com recurso a piadolas de mau gosto. Na segunda vez já se vestiu à primeiro-ministro e não disse piadolas, o problema é que o que ficou na memória foi a primeira sessão.
  
As sondagens insistem em sugerir que nem o PS cresce, nem o PSD se afunda, ficando tudo na mesmas enquanto a Catarina Martins vai roubando votos ao PCP. Talvez não fosse má ideia o António Costa reflectir sobre as razões que levam os eleitores a não mudar muito de opinião.