Garanto que o Jumento não recebi qualquer comissão por promover a venda do jornalista e ex-conselheiros de Cavaco Silva “Na sombra da presidência e, para os especialistas em teorias da conspiração, também asseguro que a central de informação de Sócrates não encomendou a este modesto Blogue a promoção do livro em mais uma vingança contra o ex-presidente.
Durante anos Cavaco vendeu-nos a imagem do político dedicado ao trabalho (deixem-me trabalhar gostava ele de dizer), do político austero, do modernizador, uma espécie de mistura de Salazar com Oliveira Martins numa versão democrática. Os últimos anos destruíram essa imagem e surgiu um político ambicioso, que ganhou dinheiro em negócios de sorte, que fez um excelente negócio imobiliário, alguém a quem muitos chamaram mesquinho. Um homem cuja carreira deixa atrás uma longa fila de cadáveres políticos, desde Fernando Nogueira até ao próprio Fernando Lima.
Mas este livro ajuda-nos a perceber como funcionava a máquina de Cavaco, como essa máquina via o país, o ódio que nutriam pelos adversários, os golpes sujos a que recorriam. É um livro onde Fernando Lima defende Cavaco para se defender, para no mesmo livro enterrar Cavaco igualmente para se defender. Evidencia uma relação estranha, só explicável por um psicólogo.
A Lisboa de Fernando Lima é a Lisboa dos tempos da Segunda Guerra Mundial, uma Lisboa cheia de espiões, de manobras de diversão, de escutas, provocações e perseguições. Pelo livro conclui-se que na Lisboa de Sócrates e Cavaco haviam mais espiões por metro quadrado do que em Berlim, espiões de Sócrates a perseguir Fernando Lima, espiões de Fernando Lima a perseguir e investigar.
No meio de um país cheio de espiões, golpes financeiros e conspiração eis que surge uma peça importante neste complexo xadrez, um blogue ao serviço do tenebroso Sócrates, muito provavelmente pago pela sua central de comunicação. Quando é necessário provar a estratégia da central de informação é a este modelo blogue que se recorre.
É um cavaquismo que já agoniava, demente, com os seus assessores desorientados e um presidente fechado nele próprio. Um cavaquismo que morreu e que a existência deste livro prova que está em decomposição.
Aditamento: Sendo O Jumento um dos artistas convidados do livro de Fernando Lima, não basta um post para responder ou desmontar as muitas efabulações de alguém sobre quem não consigo perceber se mente se está demente. Ao longo dos dias conto com a visita assídua daquele que parece ter sido um dos leitores mais assíduos e atentos deste blogue, o próprio Fernando Lima pois irei, na medida da minha disponibilidade, fazer alguns comentários sobre um livro que mais parece um relatório da autópsia do cavaquismo do que uma tentativa de branquear o papel de um assessor pouco claro de Cavaco Silva.