quarta-feira, outubro 19, 2016

Umas no cravo e outras na ferradura




 Jumento do Dia

   
Maria Luís Albuquerque

Seri bom para o debate político sério que houvesse honestidade intelectual nos debates. Não é sério comparar a política com pensões para quem não fez descontos com a eliminação de cortes às pensões de quem fez descontos, da mesma forma que também não será muito honesto dizer que se compensa o fim de medidas extraordinárias com impostos, quando o défice orçamental desce de 3% para 1,7%.

Se o reaparecimento de Maria Luís Albuquerque serve para promover  sua imagem com vista a uma substituição de Passos Coelho, dando continuidade a uma lideranç do PSD de quem ninguém parece sentir saudades, seria mais inteligente fazê-lo sem populismos e com mais seriedade.

«Apontando o aumento de impostos e a injustiça social como "marcas" do documento que foi apresentado na sexta-feira, a vice-presidente social-democrata deixou duras críticas à "opção política de não fazer um aumento extraordinário para as pensões mais baixas", classificando a decisão como "vergonhosa e absolutamente incompreensível".

"Estamos a dizer que um Governo não dá um aumento extraordinário de 10 euros a pensões de 200 euros, mas retira a Contribuição Extraordinária de Solidariedade a pensões de 5 e 6 mil euros por mês", salientou Maria Luís Albuquerque.

Sobre o aumento de impostos, a vice-presidente do PSD sublinhou a subida dos impostos indiretos, não só através do agravamento de alguns já existentes, como pela criação de novos.

E, continuou, isto representa "a substituição de medidas que tinham sido criadas com natureza extraordinária para fazer face a um período de emergência" por "impostos de caráter permanente".» [DN]

 O anticomunista primário

Uma pérola do Luta Popular:

«O anticomunista primário, provocador e mais recente bufo das polícias Garcia Pereira já foi aqui muito justamente denunciado pela operária Sandra, da fábrica de calçado Jóia, de Felgueiras, como um político corrupto e vendido aos capitalistas, porquanto, numa visita que fez àquela fábrica no dia 20 de Maio de 2011, aceitou receber do dono da empresa um par de sapatos, com o correspondente número de pata, dos mais caros que aí se produziam.

Esta inclinação de Garcia Pereira por sapatos dos capitalistas não se fica apenas pela corrupção, aceitando ofertas trinta vezes mais caras (5 000 euros) do que o limite agora imposto pelo governo aos ministros, e que se fica, como sabem, pelos 150 euros de cada vez.

De facto, sem sair do reino dos sapatos, Garcia transformou-se agora em lambe-botas de Marcelo, andando atrás das iniciativas do actual presidente da república para ver se ganha uns segundos de exposição televisiva…»

 Paulo Baldaia, defensor do papel da FENPROF

«A educação dos nossos filhos é coisa séria de mais para estar sujeita a estes caprichos. Já não era suposto haver problemas um mês depois da abertura do ano escolar, mas há. E há, por parte dos sindicatos, um silêncio que os devia envergonhar. Não quero esquecer este tema, porque tenho vergonha alheia. Ainda me lembro de que o verdadeiro emplastro televisivo era Mário Nogueira, que aparecia a protestar onde quer que fosse o primeiro-ministro. Alguém sabe onde ele para?» [DN]

Paulo Baldaia está de parabéns e Mário Nogueira deve estar-lhe infinitamente grato, por quilo que se escreve no DN percebe-.se que ele é um grande defensor do papel da CGTP e da FENPROF na divulgação e, em consequência, na resolução dos prolemas no ensino.

Ao que parece o ano letivo está sendo uma desgraça e em nome da seriedade da "educação dos nossos filhos" o jornalista apela aos sindicalistas que o ajudem a lutar par melhorar a qualidade do ensino das suas crianças.

 Fernando Lima, Cavaco e a Nossa Senhora de Fátima

Um dos comentários maior interessantes de Fernando Lima é a explicação das consequências para a imagem de Cavaco da perda da sua influência sobre o Presidente, até aí muito bem sucedido:

«Por tudo o que me aconteceu, foi-me dado a concluir que o meu afastamento da primeira linha de intervenção abriu espaço de influência, que antes me era reconhecido, à família de Cavaco Silva, nomeadamente porque, durante largo tempo, mantive uma relação de proximidade com o Presidente. Durante duas décadas, os meus contributos tiveram sempre como principal preocupação ajudá-lo com informação privilegiada que me chegava e, ainda, no que julgava serem as exigências da sua expressão pública.»

Isto é, durante duas décadas Cavaco contou com um grande apoio, que não se limitou a prepará-lo de forma conveniente, mas a ajuda de Fernando Lima não se ficou por aqui, também foi importante para os livros de Cavaco:

«Fi-lo de diferentes formas, incluindo a publicação a posteriori, de obras sobre o que fora a sua ação em questões de grande responsabilidade do Estado português, como as negociações para o regresso de Macau à China ou o processo de Timor.»

Fernando Lima não se limitou a dar, fê-lo de forma generosa, deixando os louros para Cavaco:

"Além disso, como pessoa disciplinada e respeitosa que sou, tive o cuidado de não me sobrepor a ninguém.»

E aqui entra a brilhante intervenção da mulher de Cavaco Silva:

«Desde logo sabia da influência da mulher, que, de resto, podia ser medida pelo número de vezes que o Presidente a citava nas intervenções públicas. Por exemplo, como disse em comentário público, ficou a dever-olhe a inspiração da referência à Nossa Senhora de Fátima para justificar o desfecho bem -sucedido, em 13 de Maio de 2013, de uma negociação complexa entre o Governo e a troika..."

Isto é, quando Cavaco passou a ser influenciado pela mulher o Cavaco brilhante deu lugar ao Cavaco ridículo. Melhor explicado era impossível! Imagino as caras de Cavaco e da mulher quando leram esta bela página do livro do alcoviteiro de Belém.