terça-feira, outubro 18, 2016

Umas no cravo e outras na ferradura



 Jumento do Dia

   
Passos Coelho

Apesar de um défice substancialmente inferior ao previsto para 2015 o OE para 2017 põe fim aos cortes salariais e das pensões e da sobretaxa do IRS. É verdade que os recursos para o investimento são escassos mas isso também sucedia em 2015. Não se entende portanto a acusação de embuste, até porque o maior embuste orçamental dos últimos anos, para além das mentiras eleitorais e eleitoralistas de Passos Coelho foi o embuste do reembolso da sobretaxa com que pretendia manter-se no puder.

«Em declarações aos jornalistas sobre a proposta de OE para 2017 numa conferência sobre "Descentralização - O Caminho do Desenvolvimento" dos Autarcas Social Democratas, no Porto, Passos Coelho frisou que a sobretaxa do IRS foi criada como uma medida extraordinária e "sem contrapartidas de subidas de outros impostos", algo que diz estar a acontecer agora.

"Então o que estamos é a transformar em impostos permanentes aquilo que tinha sido apresentado como uma solução de emergência, num quadro muito especial e foi isso que se chamou austeridade. Se agora estamos a transferir a austeridade dos impostos diretos (...) [para] impostos permanentes que são lançados sobre as pessoas e as mais variadas atividades económicas (...), então estamos a institucionalizar e a tornar permanente essa austeridade que era de emergência e isso evidentemente é um embuste, um engano", afirmouPassos Coelho.» [DN]

 Dúvidas que me atormentam a alma

Se o OE 2017 é assim tão mau e negativo porque será que desta vez não há apelos a Bruxelas para que o chumbe ou para que seja exigido um plano B para o crescimento ou porque motivo o Observador ainda não entrevistou alguém da DBRS para saber se deste orçamento iria resultar uma descida do rating da dívida soberana de Portugal? Se o OE é assim tão mau para as empresas porque será que não se registou uma queda na bolsa na sequência da sua divulgação?

Enfim, por este andar ainda vão dizer que o PCP e o BE já deixaram de comer criancinhas.

 Hillary e Trump


 O dia em que o perigoso Jumento defendeu Fernando Lima

Uma das personagens centrais do livro de Fernando Lima, o malogrado assessor de imprensa de Cavaco Silva, foi precisamente este modesto blogue, promovido a uma espécie de braço direito de Sócrates nos ataques a Belém e, em especial, na vigilância a Fernando Lima.

Este estatuto de inimigo perigoso de Belém tem uma única excepção no livro, é quando um posto deste blogue é usado a título de lamuria por parte de Fernando Lima a propósito da forma como foi tratado por Cavaco Silva na sequência do caso do e-mail das escutas a Belém. No fundo Fernando Lima diz mais ou menos isto, "vejam lá a forma como fui tratado que até O Jumento diz estas coisas".

Fernando Lima dá conta do grande calor humano que sentiu com "algumas centenas de mensagens no telemóvel e um número incontável de chamadas telefónicas. Muitos destes gestos partiram de pessoas com quem mantínhamos uma relação circunstancial, mas as palavras que nos transmitiram foram de imenso carinho. Responder individualmente a todos os que se nos dirigiram foi a melhor forma de recuperar o ânimo nos dias que se seguiram á decisão de Cavaco Silva de me afastar." 

Mas a grande surpresa de Fernando Lima foi ... O Jumento, Escreve Fernando Lima que "nas surpresas que tive, haveria de surgir um texto no blogue que me visava permanentemente e que parecia, naquele momento, ser meu amigo. Alguém do blogue socialista Simplex fez um paralelo entre o meu caso e a demissão dos assessores de Richard Nixon, envolvidos no Watergate. O blogue O Jumento contestou "Não há paralelo porque Nixon tratou os seus com a dignidade com que Cavaco Silva não tratou um companheiro e amigo de décadas. Nixon foi solidário com os seus assessores, cavaco Silva não só não teve a coragem de ter uma palavra com o seu amigo, como o demitiu de forma pouco digna, nem se deu ao trabalho de emitir um comunicado e, quando a comunicação social foi informada, mais uma vez por um assessor anónimo, já o nome de Fernando Lima tinha desaparecido do site da Presidência". Rematava o blogue: "É assim que se faz uma carreira de político impoluto, deixando atrás de si um cemitério de bodes expiatórios".» 

Por coincidência foi a única vez que Fernando Lima se refere ao Jumento sem adjectivos ou apreciações negativas, é também a passagem do livro onde se pode ler o maior ataque a Cavaco Silva, precisamente na questão central que percorre todo o livro, a injustiça de que o autor terá sido alvo e a forma como aquele a quem dedicou quase uma vida o tratou.

É evidente que Fernando Lima não faz suas as palavras do Jumento, limita-se a usá-las como uma forma subliminar de caracterizar o comportamento de Cavaco Silva diz mais ou menos "vejam lá, até O Jumento que é insuspeito de meu simpatizante veio em minha defesa e disse isto de Cavaco Silva!"

Ao contrário dos amigos que mereceram um agradecimento, Fernando Lima nunca agradeceu ao Jumento este gesto de solidariedade.

PS: nos próximos dias iremos continuar a abordar o livro de Fernando Lima, incluindo um comentário do Paulo Pinto Mascarenhas, ex-Grande Repórter do jornal "i", mais tarde grande repórter do Correio da Manhã e actual  consultor da JLM&A, feito sobre esta questão na sua página do Facebook.


      
 Valónia diz não ao CETA
   
«Os deputados da pequena região francófona da Valónia, na Bélgica, recusaram um acordo comercial entre a União Europeia e o Canadá e estão a criar uma crise embaraçosa e, potencialmente, perigosa para a Europa. Além de colocar, também, um enorme ponto de interrogação sobre como irão decorrer as negociações entre o Reino Unido e a União Europeia, com vista à saída do país da UE.

Foi na sexta-feira, a poucos quilómetros de Bruxelas, o coração do poder na União Europeia, que o parlamento regional colocou em risco um acordo importante que há vários anos estava em preparação. O acordo chama-se Comprehensive Economic and Trade Agreement e é conhecido pela sigla CETA — o acordo tem de ser ratificado pela UE e pelo Canadá até ao final do mês, mas o veto no Parlamento regional belga ameaça deitar por terra um acordo de partilha de tarifas que demorou sete anos a ser escrito.» [Observador]
   
Parecer:

A verdade é que o CETA foi negociado e assinado quase em segredo pela Comissão Europeia sem que a esmagadora maioria dos europeus tivessem sido tidos ou achados.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
  
 A anedota do dia
   
«A  Academia Sueca revelou esta segunda-feira que desistiu de tentar contactar diretamente o músico norte-americano Bob Dylan, a quem atribuiu há quatro dias o Prémio Nobel da Literatura.

"Liguei e enviei emails para os colaboradores mais próximos e recebi respostas muito simpáticas. Por agora, julgo que é o suficiente", disse a secretária permanente da Academia Sueca, Sara Danius, em entrevista à rádio pública da Suécia.

Apesar dos contactos insistentes, Bob Dylan tem respondido apenas com silêncio. Na quinta-feira do anúncio, o músico deu um concerto em Las Vegas, Estados Unidos, e não fez qualquer comentário ou declaração oficial de reacção ao prémio literário.» [Público]
   
Parecer:

Assim se fazem as lendas.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»