A entrevista destinava-se a dar uma ajudinha a Passos Coelho, mas foi uma oportunidade perdida, o líder do PSD parece não ter o brilhantismo dos tempos em que parecia ser fácil fazer oposição, contando com a ajuda de Belém e uma crise financeira que empurrava o país para a bancarrota.
Passos não conseguiu deixar de ser primeiro-ministro, insiste na bandeirinha e na farsa do primeiro-ministro no exílio. Passos não propõe, não faz oposição, mantém a atitude paternalista de muitos monarcas destronados, avalia o governo compassando-o com os seus tempos. Para passos não houve alternância, mudar o que quer que seja em relação ao passado ou é ilegítimo ou revela incompetência.
Continua a chamar reversões à reposição de rendimentos cujos cortes foram declarados inconstitucionais, mas quando é questionado se voltaria a cortar vencimentos de funcionários públicos e pensões defende-se que agora não, os tempos são outros. Esquece-se que no passado também prometeu não o fazer e na primeira oportunidade inventou um desvio colossal.
Não consegue esconder o incómodo por ver o défice a encolher, o desemprego em queda e a economia a reanimar-se, mas depois de ter anunciado o diabo e quando toda a gente sabe que a sua estratégia passava pelo incumprimento de metas e, muito provavelmente, por um segundo resgate lá elogia os resultados. Mas se num momento o sucesso orçamental é insustentável por resultar de medidas extraordinárias, minutos depois já dá a entender que esse sucesso se deve a um plano B que ele sempre exigiu.
Passos é um homem derrotado, que não quer ou não sabe como sair de cena, já percebeu que tudo lhe correu mal, resta-lhe a esperança de que algo corra mal ao país, convencido de que atribuirão as culpas a Costa e o convidam para regressar ao poder. Sabe que vai perder as eleições autárquicas, mas defende-se com a natureza do ato eleitoral, quase diz que a derrota mais do que provável de Lisboa pode ser compensada por uma vitória na Junta de Freguesia das Berlengas
Chega a ser patético quando critica o Presidente da República por não vir em defesa de Teodora Cardoso, talvez porque a presidente do Conselho de Finanças Públicas foi durante um ano a sua mais firme devota, ao ponto de lhe repetir os argumentos. Marcelo devia ter concordado com Passos e Teodora dizendo que o défice de 2016 foi um milagre
Passos Coelho confirmou na entrevista à SIC que é um zombie, a estação de televisão bem o tentou ajudar, mas a verdade é que o líder do PSD é um cadáver político que se esqueceram de enterrar.