Aquilo que a direita está fazendo há muito que deixou de ser oposição, fazer oposição é apresentar propostas alternativas ou criticar as propostas do governo. Mas não é isso que PSD e CDS têm feito, mais o primeiro do que o segundo, costumam faltar aos debates e em vez de discutirem as políticas dedicam-se a exigir que Jerónimo de Sousa seja mais extremista do que o Kim Jong-un e que a Catarina Martins regresse aos tempos da foi do martelo com o 4 ou que compre um boné chinês e ande por aí a berrar como uma estudante da revolução cultural chinesa.
Até a Zita Seabra vai para a TVI24 divertir o João Miguel Tavares, lamentar-se de que o PCP já não é o que era, isto é, para a conhecida militante do PSD e devota dos pastorinhos de Fátima o seu antigo partido devia ser tão puro e duro como nos seus bons velhos tempos, tempos em que ela sonhava com o mesmo comunismo que depois a levou a sair, talvez porque uma qualquer nossa senhora lhe apareceu em cima de uma alfarrobeira, dizendo-lhe em segredo que aquilo que se dizia da URSS não eram só mentiras da CIA.
O que é que o PSD pensa da alteração da TSU? Que é uma excelente oportunidade de confrontar o PCP e o BE com o seu programa. O que é que o PCP e o BE pensam do PEC? O CDS acha que é uma excelente oportunidade de levar o PEC a votos no parlamento par confrontar o PCP e o BE. O PSD e o BE não estão no parlamento para defenderem os seus programas ou para criticar o governo, há mais de um ano que a única preocupação de Cristas e Passos Coelho é confrontar o PCP e o BE, tentando levá-los a deixar de apoiar o governo do PS, para viabilizarem um governo pafioso.
Esta estratégia é levada quase ao enjoo, é assumida no parlamento, é repetida semanalmente no programa "Governo Sombra" na TVI24, é usada até à exaustão e das mais diversas formas por mais variados comentadores da direita. Agora dizem que Centeno vai muito além da troika para agradar aos mercados, cada comentador do PSD ou do CDS esforça-se por encontrar novos argumentos que possam levar PCP e BE a sentirem-se incomodados.
Isto não é oposição, é exercer bullying sobre o BE e o PCP, é quase uma tortura diária a que os dirigentes destes partidos estão sendo sujeitos por ente idiota, que pensa que os outros são parvos. Estão convencidos de que desta forma PCP e BE derrubam o governo do PS para que o país volte à normalidade, com um governo de Passos Coelho a fazer orçamentos inconstitucionais, falhar todas as previsões, a cortar rendimentos a torto e a direito.
Até parece que são parvos, talvez por isso Jerónimo de Sousa tenha dito de Assunção Cristas que uma figueira brava mesmo enxertada nunca dará maçãs.