Aquilo que se está a passar no mundo do futebol está a passar todos os limites do tolerável, horas a fio de provocações e apelos à tolerância em direto nas televisões e em horário de prime time. Clubes, dirigentes desportivos e comentadores sem escrúpulos disputam o bolo financeiro dos muitos milhões que o negócio da bola está gerando. Os clubes ganham a maior fatia, mas depois sobram fatias mais pequenas para empresários, intermediários de todo o tipo, havendo ainda migalhas para comentadores, jornalistas promovidos a diretores de informação e toda uma alcateia de gente que dá a alma em troco de um jantar grátis nos restaurantes dos estádios de futebol.
Diretores de informação de algumas televisões perderam todos os escrúpulos e entram no jogo da manipulação, estações como a TVI24 e a CMTV disputam os comentadores mais agressivos e provocadores, disputando audiências a todo o custo. É raro ver um debate sério sobre um jogo, nenhum jogo foi ganho por mérito dos jogadores, dos treinadores ou das equipas, há sempre três grandes penalidades que ficaram por marcar, vários amarelos e alguns vermelhos que ficaram por marcar. Já ninguém vai à bola para ver os jogadores, o grande protagonista é sempre o árbitro.
O Jorge Jesus não está a liderar o campeonato, como é hábito desde que é treinador, por causa de uma conspiração d arbitragem no jogo com o rival, o Rui Vitória foi impedido de ganhar ao Moreirense na Taça da Liga pelos árbitros e Pinto da Costa assegura que se fossem marcadas todas as grandes penalidades já tinha encomendado as faixas. Nenhum treinador falhou, nenhum presidente contratou os jogadores errados, nenhum treinador falho na estratégia, tudo foi decidido pelos árbitros.
Os jogos já só servem para serem analisados frame a frame com o objetivo de atiçar ódios pelos comentadores sem escrúpulos, gente falhada e sem grandes recursos que descobriram no ódio clubístico a forma de ganharem a vida e de se promoverem. Quanto mais ódio atiçam mais são bajulados pelos marginais das claques. Acima deles há jornalistas e outros pequenos goebelzinhos a gerir o ambiente, como se os jogos fossem ganhos com pressão, entendendo-se esta como o medo imposto aos adversários e aos árbitros.
O Marco “Orelhas” do Canelas, rapaz que treina nos ginásios e emborca proteínas e anabolizantes para ter figura de lutador de “vale tudo” não foi mais do que um descuidado, abusou da dose e partiu o nariz ao árbitro. Mas todos os dias os Pinas, os Venturas, os guerras e outros partem os narizes a toda a gente, em total impunidade e protegidos por diretores de comunicação preocupados com as audiências. Toda esta gente são versões televisivas do Marco "Orelhas".
O mundo da bola está a ficar perigosos, os presidentes usam claques como guardas pretorianas de marginais inchados pelos anabolizantes, os treinadores chegam a roçar a insanidade mental na tentativa de esconderem os fracassos, as televisões dedicam horas e horas a atiçar o ódio. O mundo da bola está cheio de Marcos “Orelhas”.