segunda-feira, abril 17, 2017

Ri-te, ri-te...



Vítor Gaspar foi um gigantesco erro de casting, falhou em toda a linha, gozou com o seu pobre colega da economia, lançou a economia em recessão e não conseguiu controlar o défice, acabou por fugir, a FMI deu-lhe um tacho para evitar ser vaidado sempre que fosse à rua. Mas os seus tiques salazaristas fizeram dele um herói, um modelo de competência, já era ele que mandava no governo, Passos Coelho que se cuidasse e quando se demitiu dedicou a carta à liderança.

Maria Luís, ainda mais modesta em recursos académicos do que o antecessor, era apresentada como economista de dimensão internacional, o ministro das Finanças alemão não a convidou para escrever um artigo para publicar o site do seu ministério mas encenou um seminário em Berlim para exibir esta sumidade do sul. A pobre rapariga acabou por ser prejudicada pelo papel que a puseram a desempenhar, era tão brilhante e competente que Passos só a deixaria ir para Bruxelas se fosse para ficar com dossiers da maior importância. Lixou-se ficou a amargar com o vencimento de Lisboa, enquanto o Moedinhas foi tratar da vida para Bruxelas.

Perante tais sumidades Mário Centeno quase foi ridicularizado, até a Dra. Teodora Cardoso, uma senhora muito caridosas, se ofereceu para avaliar as propostas económicas do programa do PS, como se a nova guru da política económica tivesse direito a avaliar aquele rapaz que não merecia grande confiança. O ar desajeitado de Centeno ajudava, dava ar de mal albardado, a humildade cheirava insegurança, não tinha o fino humor de Gaspar nem a lábia suburbana da Maria Luís.

As propostas foram ridicularizadas, a direita estava tão segura do desastre que durante longos meses gozavam, gozavam, gozavam. Passos, que riu à gargalhada até chorar no primeiro dia que Centeno foi ao parlamento, dedicou-se durante meses à sua pantomina ridícula e imbecil do homem da bandeirinha, inaugurava escolas, visitava feiras, montava sessões parlamentares no exílio. Durante longos meses a bancada parlamentar do PSD parecia a primeira fila de espetadores de um teatro de revista, riam à gargalhada, andavam muito divertidos enquanto o diabo não aparecia sob a forma de segundo resgate, para acabar com a brincadeira.

Tudo servia para desvalorizar Mário Centeno, que tinha um doutoramento mas era coisa pouca, o tema era emprego. Os que puseram Portugal  fazer testes para um livro de gente de Harvard ignoravam agora o currículo académico de Centeno, tratava-no como se fosse um licenciado da Lusíada. Centeno era um modesto economista cujas palermices deviam ter sido avaliadas previamente por Teodora Cardoso, só lhes faltou proporem que Centeno antes de ser ministro fosse previamente avaliado por um júri formado pela Teodora, pelo João Duque e pelo Vítor Bento e o Daniel Bessa como suplente. Quem sabe se não seria melhor mandar io Centeno a comer à mesa com a Bobone.

Depois, foi o que se viu, que vinha o diabo, que se cumprisse seria milagre, se as propostas fossem viáveis até Passos votaria no PS. Mas quando tudo os resultados apareceram era tudo mau, não eram sustentáveis, faltava o crescimento, e tudo a Teodora confirmava com grande pontualidade, Passos constipava-se e era a Teodora que espirrava. Centeno até foi ridicularizado, afinal havia outro, o melhor défice em democracia era obra do Cadilhe, o ministro que escolheu Oliveira e Costa para distribuir perdões fiscais que o levariam a banqueiro de sucesso. O ex-ministro não perdeu tempo para vir a público confirmar que o Ronaldo dos défices orçamentais era ele. 

Enfim, tudo obra do acaso, talvez trabalho dos pastorinhos, mas competência de Mário Centeno é que não é, a competência em finanças é um atributo que em Portugal ficou reservado a Salazar, Cavaco, Miguel Cadilhe, Vítor Gaspar e Maria Luís. Apetece perguntar a Passos e aos seus pares se já perderam a vontade de rir e gozar do ministro das Finanças. que aproveitem o bom humor pois com o Centeno no governo bem vão precisar dele para se aguentarem os longos anos que vão passar na oposição.