António Costa podia muito bem deixar a divulgação da venda do Novo Banco ao governador do Banco de Portugal, afinal a venda foi um processo conduzido pelo BdP e o proprietário do Banco é o Fundo de Resolução e não o governo, até poderia poupar a sua imagem e deixar eventuais comentários ao ministro das Fianças ou mesmo ao secretário de Estado do tesouro.
O governo poderia ter-se limitado a assinar de cruz ou a fazer de conta que o fazia dessa forma, mesmo depois de um ex-presidente do PSD de forma leviana e irresponsável ter tornado pública informação confidencial do Banco de Portugal. Até poderia ter deixado o assunto para as férias da Páscoa, encarregando Mário Centeno de telefonar soa outros ministros para assinarem o decreto por email, entre as garfadas do cabrito assado ou do ensopado de borrego.
Todos os males do negócio poderiam ter sido assacados à Comissão ou, a um ex-secretário de Estado de Passos Coelho e amigo de Maria Luís Albuquerque, que foi contratado pelo BdP para fazer a venda do banco. Com algum jeito o governo até poderia ter-se aproveitado dos receios pelas consequências do negócio para adotar algumas medidas de austeridade, talvez o aumento do imposto de selo aplicável ás transações bancárias ou mesmo um corte de vencimentos de algum grupo profissional que não merece a simpatia dos partidos do governo.
Nada disto seria estranho, tudo isto aconteceu, era assim que trabalhavam Passos Coelho, Paulo portas e Maria Luís Albuquerque, a própria Assunção cristas assumiu que estava mais preocupada em meter as sandes no saco da praia do que em assinar o decreto no famoso Conselho de Ministros organizado por e-mail. António Costa não precisava de dar a cara, nem mesmo Mário Centeno tinha de aparecer em público. A conferência de imprensa de Carlos Costas podia ter sido agendada lá mais para o intervalo das telenovelas.
Mas não é só o emprego que está aumentando, o investimento que se anima e as exportações que continuam a crescer mesmo sem o brilhantismo de um tal Pires de Lima. Os tempos mudaram, a política é feita sem truques, os governantes não se escondem atrás dos credores, o primeiro-ministro não se esconde atrás do ministro das Finanças e este atrás do governador. A forma como o Novo Banco morre foi mais digna do que a forma como nasceu.
Aos poucos o país retoma a normalidade e a política está deixando de ser a arte da mentira, da simulação e da canalhice. Respira-se melhor em Portugal.