terça-feira, maio 14, 2013

Em defesa da democracia


O título deste post é enganador, sugere que temos de defender uma democracia ameaçada pro terceiros mas já não é esse o caso, ao ponto a que as coisas estão chegando é de nós próprios que temos de defender os valores democráticos  e a democracia, para que quando pudermos renovar os líderes das instituições democráticas tenhamos ainda um país com princípios e valores. Temos de nos defender do que nos pode acontecer neste processo de retrocesso civilizacional a que estamos sendo forçados, principalmente pela nossa tradicional cobardia colectiva.
Já suportamos três reinados de Filipes de Espanha, já sofremos séculos com a Inquisição, já aturamos pacientemente 48 anos de ditadura, agora já só nos restam dois anos deste governo e dois anos e tal deste presidente que temos. Convenhamos que o tempo passa depressa e já não poderão destruir muito mais do que já destruíram e libertar a raiva que nos vai na alma agora seria dar-lhes argumentos para além do ajustamento económico avançarem com o ajustamento político. Com a Alemanha a expandir-se, a senhora Merkel a visitar as suas tropas no Afeganistão e germanófilos há sérias razões para recear o futuro.
Vivemos uma situação de excepção, o etíope sente-se neste país de governantes subservientes como um general romano na Iberia, o governo assenta numa coligação que parece manter-se graças ao receio do Paulo Portas de levar com algum torpedo do Tridente, a Presidência da República não poderia ser mais dócil, até parece que está assistindo a um espectáculo de música celestial no Pavilhão Atlântico que o governo vendeu ao Maltez ao preço da uva mijona.
O governo já não respeitava os princípios constitucionais, agora deixa de respeitar quaisquer princípios, atirando portugueses contra portugueses, civis contra militares, novos contra idosos, funcionários públicos contra trabalhadores do sector privado. E o que faz Cavaco Silva? Vai reunir o Conselho de Estado para se entreter com algo que não faz parte das suas competências, tratar de futurologia, é como se em vez dos membros do Conselho de Estado o Presidente tivesse decidido promover uma reunião extraordinária daquele órgão convidando as vacas da Ilha Graciosa.
Quando o país se afunda na crise económica, quando os portugueses percebem que têm um governo ao pé do qual o Miguel de Vasconcelos teria sido um grande nacionalista. Quando toda a gente viu que a coligação é uma farsa, qual é a preocupação de Cavaco? O pós troika, isto é Cavaco convoca os conselheiros para o aconselhares sobre o país num período em que ele já deverá estar a tratar dos coentros na Quinta da Coelha.
A democracia deixou de ter válvulas de escape e temos de conter o que nos vai na alma e respeitar os valores democráticos mesmo sabendo que temos deputados de opereta, um governo que não respeita a Constituição e um Presidente que nem a cumpre nem a faz cumprir e ainda por cima faz discursos de fundamentação ideológica da ditadura.