O título deste post é enganador,
sugere que temos de defender uma democracia ameaçada pro terceiros mas já não é
esse o caso, ao ponto a que as coisas estão chegando é de nós próprios que
temos de defender os valores democráticos
e a democracia, para que quando pudermos renovar os líderes das
instituições democráticas tenhamos ainda um país com princípios e valores.
Temos de nos defender do que nos pode acontecer neste processo de retrocesso
civilizacional a que estamos sendo forçados, principalmente pela nossa
tradicional cobardia colectiva.
Já suportamos três reinados de
Filipes de Espanha, já sofremos séculos com a Inquisição, já aturamos
pacientemente 48 anos de ditadura, agora já só nos restam dois anos deste
governo e dois anos e tal deste presidente que temos. Convenhamos que o tempo
passa depressa e já não poderão destruir muito mais do que já destruíram e
libertar a raiva que nos vai na alma agora seria dar-lhes argumentos para além
do ajustamento económico avançarem com o ajustamento político. Com a Alemanha a
expandir-se, a senhora Merkel a visitar as suas tropas no Afeganistão e
germanófilos há sérias razões para recear o futuro.
Vivemos uma situação de excepção, o
etíope sente-se neste país de governantes subservientes como um general romano
na Iberia, o governo assenta numa coligação que parece manter-se graças ao
receio do Paulo Portas de levar com algum torpedo do Tridente, a Presidência da
República não poderia ser mais dócil, até parece que está assistindo a um
espectáculo de música celestial no Pavilhão Atlântico que o governo vendeu ao
Maltez ao preço da uva mijona.
O governo já não respeitava os
princípios constitucionais, agora deixa de respeitar quaisquer princípios,
atirando portugueses contra portugueses, civis contra militares, novos contra
idosos, funcionários públicos contra trabalhadores do sector privado. E o que
faz Cavaco Silva? Vai reunir o Conselho de Estado para se entreter com algo que
não faz parte das suas competências, tratar de futurologia, é como se em vez
dos membros do Conselho de Estado o Presidente tivesse decidido promover uma
reunião extraordinária daquele órgão convidando as vacas da Ilha Graciosa.
Quando o país se afunda na crise económica,
quando os portugueses percebem que têm um governo ao pé do qual o Miguel de
Vasconcelos teria sido um grande nacionalista. Quando toda a gente viu que a
coligação é uma farsa, qual é a preocupação de Cavaco? O pós troika, isto é
Cavaco convoca os conselheiros para o aconselhares sobre o país num período em
que ele já deverá estar a tratar dos coentros na Quinta da Coelha.
A democracia deixou de ter válvulas
de escape e temos de conter o que nos vai na alma e respeitar os valores
democráticos mesmo sabendo que temos deputados de opereta, um governo que não
respeita a Constituição e um Presidente que nem a cumpre nem a faz cumprir e
ainda por cima faz discursos de fundamentação ideológica da ditadura.