segunda-feira, maio 27, 2013

Umas no cravo e outras na ferradura


 
   Foto Jumento
 
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Fuinha-dos-juncos, Lisboa
   

 O preço da fama

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 Argumento falível

A direita ficou muito indignada com Miguel Sousa Tavares e faz sempre questão de separar o Cavaco cidadão do Cavaco Presidente para dizer que o segundo é para respeitar. Pois é, mas também para se dar ao respeito pois a muito dignidade do cargo aos antecessores se deve e Cavaco tem feito tudo menos respeitar a tradição de competência e isenção da Presidência da República. Desde o famoso golpe dos seus homens de mão contra a democracia com o falso caso das escutas, ao discurso do 25 de Abril, passando-o pelas ameaças da posse, o percurso de Cavaco Silva enquanto Presidente da República é tão medíocre que começam a ser escassos os adjectivos que não constituam uma violação do artigo do Código Penal que protege a sua honra.
 
 Mais uma palhaçada

O governo sabe que vai falhar os objectivos do défice de 2013 mas anda a imitar o relógio político do Gaspar e discute os temas pontualmente com um ano de antecipação, em vez de pedir ao coxo alemão para autorizar estes malandros a gastarem em excesso ainda este ano, madnou o moço de recados do coxo pedir ao chefe uma folga orçamental para 2014.

Agora a causa de esta derrapagem anunciada para 2015 não é o falhanço antecipado da política do governo nem a estratégia eleitoral de 2014. Como o Gaspar teve uma crise inesperada de generosidade lembrou-se de alterar o défice para 2014 para não ir ao pote dos pensionistas.

E desta vez a boa nova não foi dada pela Nossa Senhora de Fátima à dona Maria, ao que parece a Santa faz milagres na hora e não trabalha com promessas a um ano, desta vez couve ao pastorinho Marques Mendes informar os pensionistas que devem estar gratos ao Gaspar, o homem anda tão mudado que até já fala em crescimento. Anda, anda e ainda aparece no ministério em t-shirt aos buraquinhos e calças de ganga.
 
 As mudanças de Cavaco Silva
  
Em política económica é possível mudar de opinião, novos dados, resultados de estudos ou o falhanço de uma estratégia pode levar a uma mudança de opinião sobre o recurso a uma determinada política.

Na vida podemos mudar de opinião em relação a uma determinada pessoa, podemos pensar mal de alguém e a vida mostrar-nos que estamos enganados, podemos aprender a apreciar essa pessoa ou ela mostra-nos que estávamos errados acerca dela.

Na política podemos deixar de ter preocupações sociais e se numa determinada fase consideramos que há limites para os sacrifícios, noutro fase podemos concluir que devem ser os mais pobres a sofrer todos os sacrifícios.

No exercício das nossas funções podemos mudar de opinião acerca de qual deve ser o nosso papel, podemos começar por pensar que devemos ter uma postura e cooperação estratégica para depois essa mesma cooperação passar a ser ódio e com um governo diferente até podemos adoptar esse governo como sendo nosso.

Quase tudo na vida pode mudar, em muitas circunstâncias a mudança até é saudável. Mas no caso de Cavaco Silva há mudanças muito estranhas, mudanças que exigem uma explicação porque sendo eleito pelos portugueses o Presidente deve explicar-se aos portugueses, os políticos não são julgados apenas nas eleições, até porque nada garante que um político volte a candidatar-se, no caso de Cavaco nem sequer pode.

Cavaco deve explicar as suas mudanças aos portugueses, até porque de um Presidente se espera um comportamento que justifica a defesa da sua dignidade num artigo do Código Penal. Mas a honradez política de um Presidente não é apenas protegida pelo Código Penal, acima de tudo deve ser protegida pela admiração dos cidadãos.

Para ser respeitado um Presidente deve dar-se ao respeito.


  
 Um Conselho de Estado revelador
   
«1 Só alguém muito ingénuo acreditaria que a reunião do Conselho de Estado seria para debater as "perspectivas da economia portuguesa no pós-troika, no quadro de uma economia união económica e monetária efectiva e aprofundada". Também ninguém acreditaria que se tenha perdido sete horas a debater a necessidade dum "aumento de competitividade e de crescimento sustentável" ou "se a União Económica e Monetária deve criar condições para que a União Europeia e os Estados-Membros enfrentem, com êxito, o flagelo do desemprego", como consta do comunicado final. Mal estávamos se existissem pessoas no Conselho de Estado que pensassem que não era preciso combater o desemprego ou promover o crescimento. Mas não foi preciso especular sobre os temas que foram debatidos... Poucos dias bastaram para que se soubesse muito do que se passou na reunião.

Já não seria pouco termos percebido que o Presidente da República apenas convocou o Conselho de Estado não para discutir o pós-troika mas para segurar o Governo. Tentar criar a ilusão de que os seus conselheiros estariam também interessados no consenso em redor duma solução em que só Gaspar e Passos Coelho acreditam.

O comunicado que falava do dito consenso estava até já escrito, mas os conselheiros mostraram que só Cavaco Silva acompanha o ministro das Finanças e o primeiro-ministro. E, assim, mais isolado ficou o Presidente da República. Mais, Cavaco Silva convocou um Conselho de Estado para que este apoiasse a sua insustentável posição de não deixar cair o Governo e fragilizou-o ainda mais quando ficou claro que a ruptura entre o Governo e a esmagadora maioria dos sectores sociais é irreversível. Mais: pela primeira vez, até pessoas fora do jogo partidário e conhecidas pela moderação, como Jorge Sampaio, falaram claramente da possibilidade de eleições antecipadas.

Este Conselho de Estado foi mais um tremendo erro político de Cavaco Silva: mostrou que o consenso em redor das políticas do Governo é impossível e mostrou que o Presidente é incapaz de ser um moderador, um agregador de vontades, um verdadeiro garante do regular funcionamento das instituições, ou seja, é uma inutilidade institucional.

Provavelmente mais grave ainda foi a indicação que este Conselho de Estado nos deu sobre o respeito pelas instituições dos nossos mais relevantes actores políticos.

Foi dado mais um passo no processo de degradação das instituições. E este processo, como é óbvio, acontece por causa das pessoas que as servem. Soubemos da convocação do Conselho de Estado por um comentador que também é conselheiro de Estado; tivemos conhecimento dos pormenores da discussão através de membros não identificados que ignoraram olimpicamente a obrigatoriedade de sigilo. No fundo, nada que não se passe no Governo, em que as mais pequenas discussões no Conselho de Ministros se sabem passados poucos minutos e os jornais chegam ao limite de contar que o primeiro-ministro faz apelos aos ministros para que respeitem a confidencialidade...

Em vez de gente com sentido de Estado e consciente das imensas responsabilidade que tem, temos algumas pessoas que se portam como concorrentes dum qualquer reality show, desesperadas por tudo revelar, como se um Conselho de Estado ou de Ministros fosse uma espécie de jogo em que se ganham pontos por contar histórias. Como é que pessoas que têm este tipo de comportamento podem legislar sobre violações ao segredo de justiça ou criticar quando processos em investigação aparecem nos jornais?

Os reality shows já tinham chegado à justiça, agora estão por todo o lado.

Não sei o que será pior: não termos Presidente da República quando mais precisávamos, se este desrespeito pelas instituições que os nossos mais importantes políticos revelam.

2 Wolfgang Schäuble disse que "não existem derrapagens orçamentais" e que Portugal é um caso de sucesso "no ajustamento a que está a proceder". Só falta mesmo dizer-nos que há petróleo no Beato.
3 Talvez não fosse má ideia explicar a Vítor Gaspar que os créditos fiscais não dão grandes resultados quando as empresas não conseguem vender a ninguém, ou seja, obter receitas. Talvez até seja por isso que os bancos, nomeadamente a CGD, têm dito que não aparecem projectos de investimento para financiar.» [DN]
   
Autor:
 
Pedro Marques Lopes.
   
     
  Cavaco está a ficar famoso internacionalmente
   
«Britânicos, romenos, polacos, suecos, franceses, húngaros ou turcos. Nenhum dos órgãos de comunicação destas nacionalidades deixou escapar o episódio entre o escritor e comentador político, Miguel Sousa Tavares, e o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.

Recorde-se que o primeiro chamou “palhaço” ao segundo, numa entrevista publicada no Jornal de Negócios da passada sexta-feira, sendo que o chefe de Estado solicitou à Procuradoria-Geral da República a instauração de um inquérito por “ofensa à honra”.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:
 
É uma questão de publicidade.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
         

   
   
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