O país está a enfrentar a maior crise financeira da sua história
moderna com a maior colecção de trapalhadas que já assistiu, tudo porque quem
manda é alguém que acha que pode ir enganando todo um povo com a mesma
facilidade com que controla Passos Coelho ou com que este consegue manietar o
orgulhoso Paulo Portas.
A política económica não quem qualquer coerência aparente,
surge aos olhos dos portugueses como golpes sucessivos resultantes de desvios
colossais, de decisões do Tribunal Constitucional. É assim que as coisas
aparecem aos olhos dos portugueses e até do PSD e CDS e mesmo de uma boa parte
do governo. Mas é óbvio que estas medias são demasiado coerentes para que
possam ser entendidas como circunstanciais.
O país está sendo sujeito a uma reformatação conduzida por Vítor
Gaspar, vamos viver num país com um modelo económico e social escolhido por um
economista cinzento e modesto que conta com um primeiro-ministro fraco e um
Portas fácil de ser mantido na linha. Só quem não quer ver é que não percebe o
que Gaspar quer.
Um país que pouco importa se é ou não pobre, o que importa é
que os ricos possam continuar a enriquecer. Para isso tudo o que seja remuneração
do trabalho, do privado ou do público, deve ser desvalorizado, as contas públicas
devem ser reequilibradas mantendo a riqueza intocada e como se tudo isto não
bastasse devem cortar-se direitos e aumentar impostos sobre o trabalho para
transferir esse dinheiro para os ricos sob a forma de reduções do IRC ou da
TSU.
Os portugueses são sujeitos a sucessivas rondas de porrada,
primeiro levam os funcionários porque são os culpados de todos os males, da
mesma forma que para os nazis os culpados eram os judeus. Depois levam os
pensionistas porque também são uns gandulos que nada produzem, mais ou menos o
mesmo que os nazis diziam dos judeus. Da mesma forma como os nazis financiaram
a guerra com o dinheiro roubado aos judeus , o Gaspar quer financiar o
ajustamento à custa dos funcionários e pensionistas, o ministro das Finanças
está fazendo a sua própria guerra e financia-a com aqueles que começa a ser
considerados como seres inferiores.
Depois vão concluir que a culpa da falta de produtividade e
todos os estudos vão demonstrar que os trabalhadores do sector privado não só
ganham mais como são menos produtivos. Ainda por cima no Estado é possível
despedir sem pagar subsídio de desemprego ou mandar para casa sem qualquer
pagamento, algo inimaginável no sector privado e que tanto penaliza a
competitividade das empresas. O Gaspar e o Passos Coelho vão concluir que é da
mais elementar justiça aplicar aos trabalhadores do sector privado as mesmas
regras que se aplicam ao sector público.
É este o ajustamento bonito, tão bonito que até um deputado do PSD, vindo quase da
extrema-direita e que tem sido um dos ideólogos deste governo chegou à
brilhante conclusão de acabou o tempo político do Gaspar. É tarde, o tempo do
Gaspar acabou há muito tempo, era o tempo em que líderes doentes mentais
achavam que podiam que uma parte dos cidadãos de um país eram seres inferiores.
Os banqueiros e outros oportunistas que acham que vão
enriquecer com estes truques do seu Gaspar arriscam-se a pagar com língua de
palmo o apoio que estão a dar a uma política que só pode conduzir ao desastre.