sábado, maio 11, 2013

Isto está bonito, está


O país está a enfrentar a maior crise financeira da sua história moderna com a maior colecção de trapalhadas que já assistiu, tudo porque quem manda é alguém que acha que pode ir enganando todo um povo com a mesma facilidade com que controla Passos Coelho ou com que este consegue manietar o orgulhoso Paulo Portas.

A política económica não quem qualquer coerência aparente, surge aos olhos dos portugueses como golpes sucessivos resultantes de desvios colossais, de decisões do Tribunal Constitucional. É assim que as coisas aparecem aos olhos dos portugueses e até do PSD e CDS e mesmo de uma boa parte do governo. Mas é óbvio que estas medias são demasiado coerentes para que possam ser entendidas como circunstanciais.
O país está sendo sujeito a uma reformatação conduzida por Vítor Gaspar, vamos viver num país com um modelo económico e social escolhido por um economista cinzento e modesto que conta com um primeiro-ministro fraco e um Portas fácil de ser mantido na linha. Só quem não quer ver é que não percebe o que Gaspar quer. 
  
Um país que pouco importa se é ou não pobre, o que importa é que os ricos possam continuar a enriquecer. Para isso tudo o que seja remuneração do trabalho, do privado ou do público, deve ser desvalorizado, as contas públicas devem ser reequilibradas mantendo a riqueza intocada e como se tudo isto não bastasse devem cortar-se direitos e aumentar impostos sobre o trabalho para transferir esse dinheiro para os ricos sob a forma de reduções do IRC ou da TSU.
  
Os portugueses são sujeitos a sucessivas rondas de porrada, primeiro levam os funcionários porque são os culpados de todos os males, da mesma forma que para os nazis os culpados eram os judeus. Depois levam os pensionistas porque também são uns gandulos que nada produzem, mais ou menos o mesmo que os nazis diziam dos judeus. Da mesma forma como os nazis financiaram a guerra com o dinheiro roubado aos judeus , o Gaspar quer financiar o ajustamento à custa dos funcionários e pensionistas, o ministro das Finanças está fazendo a sua própria guerra e financia-a com aqueles que começa a ser considerados como seres inferiores.
  
Depois vão concluir que a culpa da falta de produtividade e todos os estudos vão demonstrar que os trabalhadores do sector privado não só ganham mais como são menos produtivos. Ainda por cima no Estado é possível despedir sem pagar subsídio de desemprego ou mandar para casa sem qualquer pagamento, algo inimaginável no sector privado e que tanto penaliza a competitividade das empresas. O Gaspar e o Passos Coelho vão concluir que é da mais elementar justiça aplicar aos trabalhadores do sector privado as mesmas regras que se aplicam ao sector público.
  
É este o ajustamento bonito, tão bonito que até um  deputado do PSD, vindo quase da extrema-direita e que tem sido um dos ideólogos deste governo chegou à brilhante conclusão de acabou o tempo político do Gaspar. É tarde, o tempo do Gaspar acabou há muito tempo, era o tempo em que líderes doentes mentais achavam que podiam que uma parte dos cidadãos de um país eram seres inferiores.
  
Os banqueiros e outros oportunistas que acham que vão enriquecer com estes truques do seu Gaspar arriscam-se a pagar com língua de palmo o apoio que estão a dar a uma política que só pode conduzir ao desastre.