Se a direita tivesse acabado com o feriado do 1.º de Maio a esquerda teria protestado mas a verdade é que o mais provável é neste ano o merceeiro holandês se estará a queixar mais do que os sindicalistas, sem o feriado não teria beneficiado da invasão das suas lojas mesmo sem campanhas de descontos, graças a notícias manhosas que davam conta de uma nova campanha este ano. O merceeiro holandês teve o cuidado de alimentar a comunicação social com notícias falsas, deixando passar a informação de que os responsáveis das lojas taé se iriam apresentar mais cedo, para no final do dia faze o desmentidos.
A verdade é que mesmo com a direita a fazer gato sapato de todos os direitos sociais, promovendo um retrocesso civilizacional que levará o país para os anos 40 do século passado, os sindicatos olham para este dia como a Igreja Católica olha para a Sexta-Feira Santa, é apenas um dia mais santo em que as liturgias sinicais são levadas um pouco mais a sério.
Longe vão os tempos em que trabalhadores eram os que trabalhavam e os que não trabalhavam, eram todos os pobres, eram os órfãos, eram as viúvas. Para os sindicatos os trabalhadores são os sócios dos sindicatos e estas organizações comerciais são corporações de bombeiros, comparecem nos incêndios, apagam os fogos e cobram o serviço. Dantes os sindicalistas eram perseguidos, viviam da ajuda dos trabalhadores, passavam vidas na clandestinidade, agora os sindicalistas são profissionais, muitos j´s não sabem sequer exercer as suas profissões, andam de gabinetes em gabinetes, são gente anafada e com um estatuto de jet set.
Compare-se a actuação dos sindicalistas dos professores em relação ao possível despedimento de milhares de professores com o que sucedeu no passado. Quem os vê agora até parece que parecem convencidos de que os professores vão passar férias pagas em estâncias balneares no Mediterrâneo, não se assiste a um protesto, não se ouve um grito, não há qualquer revolta. Mas no passado recente não foi bem assim, com o argumento da avaliação os sindicatos mobilizaram a classe. Mas a avaliação afectava tanto os sindicalistas profissionais dos professores como vai afectar o despedimento, o que levou estes senhores a odiar a Lurdinhas não foram os direitos dos professores, foi o ter obrigado alguns milhares de sindicalistas a regressar ao trabalho em vez de viverem à conta do trabalho sindical.
Quando há uns meses fechava uma fábrica os telejornais abriam com manifestações sindicais. Agora que se fala de um despedimento colectivo de 100.000 funcionários públcios a Aivola e o Picanço limitam-se às declarações da praxe. Percebe-se, eles continuarão a ser sindicalitas profissionais pagos pelos contribuintes e ao contrário dos trabalhadores das fábricas que fecham os funcionários públicos não vão ter assistência jurídica sindical a troco de dois anos de quotas. O despedimento na Função Pública dá poucos lucros aos nossos sindicalistas.
Aquilo a que estamos assistindo em Portugal é à vitória em toda a linha da direita sobre o movimento dos sindicalistas profissionais, institucionais e aburguesados. E nem foi preciso uma grande direita, bastou um imbecil e um Chico esperto formado em economia para destruírem o Estado social, cortarem nos vencimentos sem qualquer negociação e decidir despedimentos às dezenas de milhares de trabalhadores sem qualquer receio dos sindicatos.