A
RTP deve começar a prensar rapidamente na criação de um terceiro canal só paras
comunicações oficiais e inconfidências governamentais, com reuniões intermináveis
e inconclusivas do governo, com conversas em família quase diárias do Passos
Coelho, com Marques Mendes a antecipar diariamente o que vai sair no Diário da
República uma semana depois e agora com o exclusivo “Perdoa-me” do Paulo
Portas, o canal de notícias não chega e à semelhança da televisão do parlamento
faz sentido existir um programa do governo. Bem, se a televisão tentar
reproduzir todos os apelos que o Maduro faz ao consenso é caso para dizer que
esse novo canal teria de ter 25 horas de programação pois só a palavra consenso
é repetida tantas vezes como o intelectual do governo que só por si consumiria
uma hora de antena.
Cavaco
Silva continua entretido a cuidar dos canteiros de coentros, algo precioso na
gastronomia de verão na Quinta da Coelha, pelo que é de esperar que o jipe que
Cavaco usava para carregar os processos do tempo do Sócrates seja agora usado
para levar os vasos da salsa e dos coentros. É que agora a austeridade é tão
pouca que o Presidente nem precisa de se preocupar, as decisões merecem
consensos tão alargados que Cavaco não precisa de devolver nada ao parlamento e
a constitucionalidade das leis é tão rigorosamente cuidada pelo Gaspar que só
se for obrigado é que o “p”residente sente necessidade de incomodar os juízes
do Constitucional.
O
primeiro-ministro Gaspar lá adoptou mais um programa de austeridade porque o
Tribunal Constitucional decidiu dar cabo do anterior. O porta-voz de Gaspar lá
foi comunicar a decisão e saiu das portas brancas da residência oficial com
aquela cara de George Bush que Deus lhe deu e com ar de quem ia a entrar
apressadamente no Air Force One. Não se compreende como é que este artista
chumbou no casting para a peça de teatro do Felipe La Feria, ou o conhecido
realizador estava distraído ou o casting foi antecedido por psico-técnicos para
avaliar a inteligência dos figurantes.
Durante
dois anos ninguém soube do negócio dos swap e que as brincadeiras finaceiras
dos admiradores de António Borges custavam ao país o equivalente aos cortes dos
subsídios aos funcionários públicos. Mas o governo tinha de resolver o problema
pelo que branqueou a sua composição com uma remodelação manhosa e preparou o
branqueamento da amiga de Passos Coelho da Lusíada. Agora não há dia que a
comunicação não dê conta dos sucessos negociais da senhora, ainda vamos ter de
lhe agradecer os negócios que ela e os seus amigos fizeram nas empresas públicas
para melhorarem os resultados de forma artificial e dessa forma empolar os seus
próprios prémios de gestão.