A forma como Vítor Gaspar disse que era o momento do crescimento ligando o respectivo interruptor faz lembrar as ordens de serviço da tropa determinando a data para se passar a usar farda de Verão, de um momento para o outro e faça sol ou faça chuva o pessoal para a andar com camisa de manga curta.
De um dia para o outro Gaspar concluiu que tinha chegado o momento de autorizar o crescimento económico, foi a Bona pedir autorização ao padrinho, regressou, reuniu o Conselho de Ministros, sentou o Álvaro ao seu lado e carregou no botão do interruptor. De entre os vários botões, o do incentivo fiscal, o da redução da austeridade e o do aumento da despesa optou pelo menos arriscado, até porque sempre esteve ligado.
Mais do que o incentivo fiscal a decisão valeu pelo novo discurso de Vítor Gaspar, estavam reunidas as condições para que pudesse apostar no crescimento. Pelo discurso percebe-se que só agora o Gaspar acha que faz sentido autorizar que se invista em Portugal e a medida vale mais por esse sinal do que pelos benefícios. É por isso que uma medida sem qualquer impacto financeiro num país onde o investimento foi reduzido a zero só agora tenha sido adoptada.
Portanto, os investidores ficaram a saber que o Gaspar já se sente satisfeito com a destruição do tecido produtivo que promoveu, lancetados os furúnculos e os abcessos da actividade económica, processo que obrigou à destruição de sectores inteiros da economia e ao empobrecimento forçado dos trabalhadores, estão reunidas as condições para investir, depois da jejum e da penitência o Gaspar acha que está no momento de celebrar, está na hora do cabrito pascal, de festejar a boa nova, a economia portuguesa ressuscitou.
O país deve estar grato, os impostos continuam a ser brutais, mais de 30.000 funcionários públicos vão ser despedidos, os pensionistas vão ter a pensão reduzida, os cortes dos vencimentos vão continuar, mas já há autorização do Gaspar para se investir em Portugal, investir em sectores saudáveis, pagando salários miseráveis e beneficiando de ajuda fiscal. Obrigado Gaspar, Deus te pague.