Imaginem que um ex-secretário de Estado de um governo do PS saísse do governo e no dia seguinte estivesse como consultor (será que é só mesmo consultor?) num escritório de advogados.
Imaginem que o Sampaio da Nóvoa tivesse feito férias com o Ricardo Salgado, que tivesse jantado em casa dele para escolher candidatos presidenciais, que a sua esposa fosse administradora do BES e muitas outras coisas indecentes que um qualquer cidadão pode fazer.
Imaginem que um governante do PS saísse do governo e no dia seguinte estivesse a ganhar 30 mil no Banco de Portugal e que de manhã criticava o governo enquanto à tarde falasse da venda do Novo Banco como se fosse uma taberna dele que ia ser vendida.
Não é difícil de adivinhar o que sucederia, o Presidente apelava a manifestações, o MP aria processos, a extrema-esquerda fazia investigações privadas e entregava dossiers aos procuradores, o inspector do fisco de Braga fazia o rastreio de todos os negócios de amigos, familiares, vizinhos e amantes na esperança de encontrar alguma pista convertível em notícias d Correio da Manhã.
A alcateia de comentadores da nossa comunicação social, desde o Paulo Ferreira ao José Manuel Fernandes, atirava-se a gente tão oportunista.
Mas como é gente da direita e o pessoal da direita é bonito e bem cheiroso tudo isto passa por normal, um é fino porque anda de palacete em palacete onde os ricos apreciam o seu brilhantismo intelectual, outro e uma sumidade das privatizações ainda que conte com uma modesta licenciatura, o outro é um mago da fiscalidade que esteve à beira de reembolsar a totalidade da sobretaxa. Enfim, gente fina é outra coisa.