A nova postura de Passos Coelho não é propriamente a de líder da oposição, é mais próxima da dos reis que depois de uma golpe republicano ficaram sem trono. Passos não aceitou a derrota eleitoral, continua a usar o seu pin com a bandeira de Portugal que ele e os membros do seu governo usaram.
Imitando os reis sem trono Passos tem uma agenda paralela como se viu na sessão montada pela Cruz Vermelha de Cascais onde teve uma recepção digna de um primeiro-ministro, sendo recebido por altas individualidades daquela instituição. Passos não critica o governo que considera ilegítimo, lembra a Ivone Silva no anúncio polémico ao Calcitrin onde diz que ama muito Portugal. Passos também anda por aí a vender o seu PSD extremistas dizendo que ama muito o país e é esse o seu segrego da longevidade política. Ama tanto que se recusa a aceitar que o povo o dispensou e que se deve demitir.
Na reunião do Partido Popular Europeu realizada em Madrid, logo no rescaldo das eleições legislativas, o PSD apelou ao apoio dos seus pares europeus contra aquilo a que designaram como golpe de Estado, nessa ocasião Passos estava em Portugal lutando pela manutenção do poder e mandou essa coisa pequena, esganiçada e farfalhuda do Rangel à capital espanhola. Já na última reunião foi ele que, já assumindo o papel de rei sem trono, foi a Bruxelas acompanhado do seu pajem Zeca Mendonça, o tipo dos pontapés que agora parece ter por função segurar-lhe no casaco, pedindo a compreensão dos seus pares para com o governo português.
Se não fosse a imagem de rei no exílio que o pantomineiro tenta fazer passar dir-se-ia que não há nada de novo neste Passos, este é o Passos em modo oposição, o Passos que aprovou as medidas de Sócrates e depois pediu desculpa aos portugueses, o Passos que reuniu horas com Sócrates para discutir o PEC IV e depois disse que foi apanhado de surpresa, este é o mesmo Passos de sempre, sonso, mentiroso e sem palavra para quem a conquista do poder tudo vale.
Este Passos espera que o resultado do estado em que deixou o país conduza a um segundo resgate para que nessa ocasião cumpra a sua ameaça de ajudara derrubar Costa para regressar à sua agenda de extrema-direita chique armada em libral, porque Passos só sabe governar em situações extremas, quando ninguém repara nas mentiras, na incompetência, nos negócios estranhos a que ele designa por democracia económica.