Se compararmos a pena aplicável a quem rouba um papo-seco num hiper com a que deveria ser aplicada aos que conduziram bancos como o BPN, o BASNIF ou o BES o mínimo que esperaríamos é que todos os que tiveram alguma coisa a ver ou que de forma directa ou indirecta beneficiaram com consultorias manhosas, passeios de férias e outras mordomias deviam ser entregues ao Estado Islâmico já que por cá o MP anda muito ocupado com Sócrates.
Mas, infelizmente, as trafulhices bancárias. a incompetência culposa no BdP, as gorjetas e jantares de banqueiros corruptos para políticos, nada disso é crime. Aliás, todos eles são muito honestos, muito competentes, muito dedicados ao interesse nacional e ficam muito ofendidos quando lhes recordam o que fizeram como se fosse o mais natural do mundo. Os portugueses foram enganados por governantes que enganaram o país com uma saída porca e mais algumas fraudes como o reembolso da sobretaxa, apoiados incondicionalmente por um presidente que a natureza já devia ter dispensado das suas funções públicas.
O que enoja em tudo isto é que o que fecharam os olhos às diatribes dos banqueiros vivem à grande e à francesa, os banqueiros gozam na nossa cara e alguns até já são comentadores de televisão, os que andaram em jantaradas e outros negócios com os banqueiros trafulhas são agora candidatos presidenciais que mais não fizeram do que ganhar uns trocos de forma honesta e com o suor do seu trabalho.
A verdade é que quem matou os portugueses que ficaram abandonados nas urgências, quem forçou os jovens a emigrar, quem mandou para o desemprego os muitos milhares de portugueses que hoje têm um natal miserável foram esses senhores e para isso contaram e continuam a contar com políticos que se prestam a enganar os portugueses com as suas falinhas da treta. Veja-se o caso do muito bem cheiroso presidente do BANIF, nos últimos meses esse rapazola que sem saber como foi ministro dos Negócios Estrangeiros em vez de tratar de problemas internos do seu banco de vigaristas, andou de televisão em televisão fazendo a propaganda de um governo de Passos Coelho apoiado pelo PS: Percebemos agora que o senhora andava muito preocupado com a vida dos portugueses.
O que dizer de um Cavaco que há dias tentava fazer um golpe de estado impondo ao país um governo empossado sem apoio parlamentar e que na hora de "indicar" um primeiro-ministro apoiado por uma maioria parlamentar exigia que não fosse posta em causa a estabilidade do sistema financeiro? Qal era a estabilidade a que se referia, só poderia ser a panelinha entre a Maria Luís e o senhor Costa para transferir para os portugueses os custos das suas asneiras e no fim ainda vão dizer aos portugueses que a culpa foi da solução adoptada pelo Costa. Agora não aparecem, o Cavaco, o Sôr Costa do BdP e a Maria Luís anda muito ocupados a fritar as panadilhas e o mesmo se pode dizer dos candidatos presidenciais que no passados foram modestos amigos ou empregados dedicados dos banqueiros.
Agora dizem de forma simpática que vão ser os contribuintes a pagar, têm razão, resta agora saber quais os contribuintes. Os velhinhos não porque esses têm muitos votos, os trabalhadores que ganham um pouco menos também não porque são protegidos pela esquerda, os ricos muitos menos porque como não têm ordenado não pagam IRS. Já perceberam? Pois é, quem vai pagar tudo são os quadros qualificados, os tais que continuam a pagar a totalidade ou quase totalidade da sobretaxa, os mesmos que continuam com cortes nos vencimentos, são esse que vão ter mais um ano de austeridade e que ainda 2016 não começou e já sabem que vão ter que pagar mais 1.766 milhões de euros.
Um dia destes ficam cá os idosos, os trabalhadores que ganhem menos de 1000 euros, os banqueiros, os Amados, os candidatos presidenciais amigos dos banqueiros e as crianças em idade escolar, os quadros qualificados partem fartos de um país onde a sacanice e o oportunismo são as regras do jogo.