Passos Coelho não sabe muito bem como deixar de ser um jiadista da direita radical para se transformar um político do centro muito diferente daquele que nos chamava piegas e que Portas prometia amaciar no seu radicalismo.
Nunca as reuniões dos partidos europeus tiveram tanta importância em Portugal como parece ter agora que são o único palco europeu onde Passos Pode aparecer. O líder do PSD ainda se assume como uma espécie de primeiro-ministro no exílio, fazendo-se acompanhar do seu homem dos pontapés, que sai na sua frente para abrir caminho como fazia em Lisboa, onda desviava jornalistas à canelada. Agora é o Zeca Mendonça que sai na sua frente em busca dos jornalistas para dar tempo de antena ao primeiro-ministro no exílio.
Foi ridículo mas foi assim que Passos se comportou, levando o seu apoderado e comportando-se como um desses monarcas sem trono que andam pela Europa pedindo aos seus primos em quarto grau que sejam amigos dos seus reinos agora transformados em república. Mas a forma escolhida por Passos Coelho para se colocar em bicos de pés foi, no mínimo, ridícula, para não dizer muito pouco digna.
Tratar o seu país como um pequeno país de irresponsáveis e pedir a parceiros do seu partido para que sejam pacientes e generosos como este bando de tresloucados é inaceitável. Mais do que inaceitável, foi uma falta de respeito pelo país, pela sua democracia e por todos os seus cidadãos, incluindo os que tendo votado nele não partilham as suas ideias bizarras sobre o regime parlamentar.
A verdade é que Passos Coelho nunca se soube comportar de forma digna no plano internacional, sujeitando a dignidade do país aos seus próprios conceitos. Comportou-se desta forma quando fazia vénias a técnicos de segunda linha das instituições da troika, quando bajulava a senhora Merkel ou quando falava dos finlandeses.
As palavras de Passos Coelho às televisões, dizendo que tinha pedido aos seus amigos da direita europeia para reagirem com moderação às mudanças em Portugal revelam um indivíduo que reconhece aos que pensam como ele o direito de tratar o seu país como se esse país não tivesse nem soberania, nem dignidade. Passos acha que um país que está entre os mais antigos da Europa pode ser tratado pelos seus pares como se fosse um bando de idiotas e só não o faz porque Passos usou da sua influência para que tenham um pouco de paciência.
Temos portanto um Passos mauzão que pediu à Europa que tramasse a Grécia porque isso lhe dava votos em Portugal e agora que perdeu as eleições e anda armado em primeiro-ministro no exílio mete cunhas para que a Europa desse passar o fim da austeridade de que ele foi um dos teóricos mais ridículos. Enfim, já tínhamos um D. Sebastião que um dia voltará, um D. Duarte que sonha com o tono, agora temos um Passos Coelho que ainda não percebeu que a direita perdeu as eleições e a quem os seus pares europeus evitam contar a verdade, talvez porque ainda não se tenham decidido entre considerá-lo louco ou parvo.