Enquanto as figuras menores do PSD se digladiam no Facebook porque alguém deu a campanha por encerrada dois dias antes da data e decidiu acusar Passos Coelho de ter matado o seu partido em Lisboa, os verdadeiros senhores da guerra entraram em dia de reflexão, o mesmo sucedendo com o l próprio líder do partido e que durante esta campanha confundiu as o seu partido com uma autarquia e andou por aí fazendo campanha para a primeira volta da escolha do futuro líder do partido.
Para Passos Coelho a reflexão resume-se a encontrar o melhor discurso de derrota pois a não ser que considere que uma vitória numa pequena freguesia justifica um discurso de vitória, vai ter de dar muitas explicações no domingo à noite. Certamente vai tentar dizer que as autárquicas não são legislativa e por isso o derrotado não é ele mas sim os candidatos do seu partido, já ensaiou esta explicação a dois dias das eleições. Passos Coelho é um político sem escrúpulos e nunca fará sua esta derrota.
Mas os eleitores que mais terão de refletir sobre o que dirão no domingo à noite são os putativos candidatos à liderança do PSD. Dois anos será muito tempo, largar o conforto dos rendimentos privados por uma liderança do PSD que obriga a trabalhar dias a fio e a viajar milhares de quilómetros a troco de um ordenado simbólico exige muita coragem. Ainda por cima, a não ser Montenegro a maioria dos supostos candidatos à liderança não são deputados, o que é um belo argumento para dizerem que não vão a jogo.
Irá Morais Sarmento largar o seu luxuoso escritório de advogados onde sem grande esforço ganha fortunas não só em Portugal, mas também em Moçambique e arredores? Morais Sarmento vai a jogo ou faz o que tem feito, deixa a sua candidatura em suspenso só para manter a notoriedade, esperando como fez o seu amigo Durão Barroso, para ver se vale a pena dar a golpada sem ter de fazer sacrifícios?
Terá Santana Lopes coragem para se candidatar à liderança do PSD, o que o obrigará a demitir-se da Santa Casa? No passado já fez encenações destas, mas também é verdade que esteve arruinado e foi Cavaco que lhe deu a mão e o levou para o governo, onde teve como tarefa dar subsídios a artistas que se tornassem admiradores do homem de Boliqueime. A verdade é que Santana Lopes não teve a coragem de correr o risco de perder o ganha pão e enfrentar Medina. Quem não teve coragem para enfrentar Medina vai tê-la agora para enfrentar Costa daqui a dois anos, ainda por cima com a memória fresca em relação ao descalabro do seu governo?
Por falar em coragem a não ser que Rui Rio esteja no desemprego e a precisar do ordenado de líder do PSD, será que é agora que vai ter a coragem que manifestamente não tem desde há mais de dois anos? Se substituir Passos vai ter dois anos para se entreter a fazer crochet na São Caetano à Lapa, sem lugar no parlamento e sem peso nas estruturas locais do partido resta-lhe entreter-se até às próximas eleições. A verdade é que pode ser mais um dos tiros de pólvora seca do PSD.