Hoje deveríamos estar a comemorar a chegada do diabo, o mafarrico deveria ter vindo no ano passado, por ocasião da divulgação do relatório da execução orçamental, para devolver o poder ao “legítimo primeiro-ministro”, o tal senhor que ganhou as eleições, mas cujo governo não passou no parlamento, ficando para a história graças às cheias de Albufeira.
Passado um ano, o diabrete de Massamá volta a usar relatórios como cajado, agora já não se preocupa com os da execução orçamental, nem se excita na véspera das revisões da notação das agências de rating. Depois de um verão em que inventou mortes, uns por suicídio e outros que supostamente estariam escondidos no galinheiro dos pavões do jardim da residência oficial e São Bento, Passos vasculha relatórios.
Há algo de semelhante entre o relatório da execução orçamental de Setembro de 2016 e o suposto relatório da secreta militar, uma inutilidade institucional que por aquilo que se diz parece servir para que uns rapazolas engajados partidariamente se entretenham a coçar os ditos enquanto a cada dia 21 os contribuintes lhes abonam as contas bancárias.
O relatório da execução orçamental estava armadilhado, Paulo Núncio e Maria Luís Albuquerque tinham “roubado” muitas centenas de milhões de euros de receita fiscal de 2016 para fazerem campanha eleitoral em todo o ano de 2015. Por isso Passos andou 7 meses com a sua pantomina do primeiro-ministro no exílio, convencido de que quando todas as vigarices da sua equipa fiscal rebentassem com as contas, o que deveria suceder em setembro.
Também este relatório das secretas, no pressuposto de que existe, cheira que tresanda a manipulação por parte de gente que o PSD infiltrou nas secretas. É ridículo que um qualquer sargento-mor escreva um relatório com opiniões pessoais sobre o primeiro-ministro ou sobre o ministro e que depois esses governantes sejam achincalhados na praça pública. Só alguém sem grande sentido de Estado e que luta desesperadamente pela sobrevivência, se socorre de um relatório para fazer política.
Qualquer pessoa com um mínimo de lucidez conclui que se tal relatório existe e com as críticas referidas no Expresso, o mesmo jornal que deu voz aos falsos mortos de Pedrógão Grande, toda a hierarquia que nele colocou um despacho de “concordo” ou que decidiu remetê-lo a outras instituições deveria estar já demitida. No dia em que os funcionários do Estado servirem para elaborar relatórios a achincalhar governantes ou quando estes tiverem de obedecer a sargentos da secreta, o melhor é perguntar a Madrid se não quer trocar a Catalunha por Portugal.
Sem agenda e sem propostas Passos faz uma política baseada em relatórios pouco se importando se existem mesmo ou se correspondem à verdade. Há um ano esperava por um relatório cujos dados ele próprios tinha mandado manipular, já anunciou mortos por suicídio e mortos escondidos, agora socorre-se de um relatório mais do que duvidoso. Um dia destes ainda vai ler o relatório da sua autópsia política e pelas movimentações de Rangel, Santana, Marco António, Montenegro e Rui Rio já faltou mais para que isso aconteça.