quarta-feira, setembro 20, 2017

Umas no cravo e outras na ferradura



 Jumento do Dia

   
Estudantes de medicina da Universidade de Lisboa

Usar imagens de tortura como protesto contra esta prática pode não ser a melhor opção, mas seria aceitável. O que não é aceitável é que a imagem da tortura seja banalizada usando-a como divertimento, neste caso como uma aceitação de caloiros na sua nova vida profissional. Reproduzir na Rua Augusta as imagens de Abu Ghraib ou das execuções do DAESH, ainda que com camisolas amarelas, tornando essa simulação numa exibição para divertimento de quem passa na Rua Augusta foi uma opção miserável dos estudantes praxistas da Faculdade de Medicina.

Está-se a tornar moda os praxistas usarem a Rua Augusta para transformarem as suas idiotices em espetáculos públicos para turista ver, desta vez foi um espetáculo miserável, tanto mais que sendo estudantes de medicina seria de esperar que tivessem mais um danoninho de cultura. Talvez por isso estivessem de consciência pesada, permitiam aos turistas que fotografasse o espetáculo degradante, mas quando viram uma máquina com ar profissional fizeram tudo para evitar fotografias.




 Não havia necessidade

Qualquer cidadão que ainda suporte a malfadada sobretaxa recorda-se que a promessa deste governo era acabar com ela em finais de 2016, mas a prendinha no sapatinho do OE de 2017 foi a continuação da sobretaxa. As famílias do 4.º escalão vão ter de a suportar até Novembro.

Centeno usou o fim adiado da sobretaxa para que as 90 famílias que ainda a suportam fiquem agradecidas e isso foi um erro, uma boa oportunidade de ficar calado. Em primeiro lugar que ofende aqueles que ainda estão em regime de austeridade e em segundo lugar porque é tecnicamente mentira. O tal alívio fiscal termina antes do final de 2017, isto é, termina em Novembro, isto é, o alívio fiscal surge um mês antes da entrada em vigor do OE para 2018.

 A Teresa na Quinta do cabrinha

Teresa Leal Coelho, de quem se diz ser candidata do PSD à autarquia de Lisboa, escolheu a quinta do Cabrinha para uma cerimónia tristonha de apresentação do seu programa. Foi pouco mais do que um faz de conta paras as televisões, lá estavam os funcionários do partido, as velhinhas olhavam de soslaio a partir das janela e a suposta candidata lá fez o seu discurso. Para apimentar a visita e a título de prova de qual a candidata se preocupa com os pobres, lá se fez um passeio pelas caves de um dos edifícios, com a locutora a mostrar lixo e dizendo que as casas estavam degradadas.

É uma pena que a a candidata do PSD não tenha ido a um bairro social cuja construção tenha sido da iniciativa do seu partido, provavelmente porque não haverá nenhum ou porque estão todos em excelentes condições. A quinta do Cabrinha foi obra do mandato de João Soares, ainda que de pouco lhe tenha servido ao então candidato, a inauguração ocorreu em vésperas de eleições autárquicas e os residentes aproveitavam o interesse das televisões para reivindicar e protestar. Quem tinha um T2 precisava de um T3, quem tinha um T3 queria um T4 porque queria ter mais um filho e por aí adiante.

Este bairro social foi muito útil ao PSD quando Santana chegou a presidente da CML e talvez por isso tenha inspirado Teresa Leal Coelho, ainda que desta vez não havia casas para distribuir e o povo não veio para a rua. Restou à candidata tentar passar a imagem de desleixo, mostrando caves com lixo, como este tivesse sido ali depositado por Medina ou como se nalgumas casas a obrigação da limpeza em vez de caber aos residentes coubesse à CML, como se o regime dos bairros sociais fosse o de "cama, comida e roupa lavada".

Em Lisboa há muitos milhares de prédios com muitos mais anos do que os da Quinta do cabrinha, mas as caixas de correio estão inteiras, as paredes estão limpas, as partes comuns dos prédios estão lavadas e o lixo não se cumula. São casas onde vive gente que pagou a casa com sacrifício ou que suporta rendas por vezes elevadas, mas que assume as responsabilidades por cuidar do que é seu e do que não é, que limpa o que suja e repara o que estraga.

É lamentável que em Loures o PSD recorra ao racismo para atirar os eleitores contra os ciganos e em Lisboa a candidata do mesmo PSD se venha socorrer de um bairro social e use a degradação dos prédios de que os responsáveis são unicamente os seus residentes para de forma subliminar atacar a edilidade. A isto chama-se jogo sujo eleitoral.

Vale a pena ler a notícia do Público sobre a apresentação do programa, um espetáculo ridículo.

 A frigideira da Baixa de Lisboa

Do Cais do Sodré até ao Chafariz d'El Rei a Baixa de Lisboa está sendo transformada numa frigideira, em frente à estação Sul- Sueste há uma placa de cimento sem uma única sombra, o Terreiro do Paço é outra placa de cimento sem uma sombra, o Campo das Cebolas émeio placa de cimento e meio relvado com uns quantos pinheirinhos depenados.

Tenho a impressão de que os arquitetos da CML devem sofrer de alergia ao pólen e odeiam árvores.

 Desprezo canino

O embaixador da Guiné-Bissau acusou Portugal de ter um desprezo canino e avisou de que era um Estado. Ainda bem que avisou, pela forma como falou poderíamos ficar a pensar que era um canil.

      
 Estabilidade psicossomatica 
   
«O vice-presidente da câmara de Manteigas, José Manuel Cardoso (PSD), foi representar a autarquia numa viagem Paris, mas levou o próprio carro e cobrou mais de 1000 euros ao município só em quilómetros. No total, o vice-presidente gastou 1.842 euros em despesas com a viagem. Na Assembleia Municipal, José Manuel Cardoso chegou a justificar que estava apenas a “fazer poupanças” a favor de uma câmara “pequenina” e que tinha “fotocópias” que demonstravam que a viagem de avião a Paris teria ficado em 3.060 euros por ter levado mais pessoas no carro. Ao Observador acrescentou que o seu carro pessoal lhe dá mais “estabilidade psicossomática.”

A viagem foi em outubro de 2014 e, segundo explica o vice-presidente da autarquia em respostas enviadas ao Observador, tratou-se de uma “ação de promoção das Beiras e Serra da Estrela e da Beira Baixa para mostra, divulgação e comercialização de produtos endógenos, enquadrada numa missão promovida pelo jornal do Fundão”. O evento, acrescenta o número dois da autarquia, tinha “a colaboração e apoio institucional das Comunidades Intermunicipais da Beira e Serra da Estrela e da Beira Baixa, em parceria com a Embaixada de Portugal em Paris, a Câmara de Paris, o Instituto Camões e outras entidades oficiais e particulares, designadamente empresários, mas também todas a associações de emigrantes portugueses de França e de Paris.” José Manuel Cardoso esclarece ainda que “ao município de Manteigas incumbiu designadamente ofertar e transportar todo o pão a consumir nos eventos“.» [Observador]
   
Parecer:

Pobre doente...
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Marque-se uma consulta e reserve-se vaga na enfermaria dos idiotas no Júlio de Matos.»