sábado, setembro 02, 2017

Umas no cravo e outras na ferradura



 Jumento do Dia

   
Rui Moreira

Rui Moreira bem pode sugerir que é um nacionalismo mas a verdade é que ao faltar a um debate político em que está em causa uma eleição democrática revela uma grande fragilidade na sua formação democrática, deixando que se veja nele mais uma dessas personalidades da extrema-direita chique que têm aprendido a usar a democracia.

«Na quinta-feira à noite, Rui Moreira tinha um debate televisivo marcado, na “TVI24”, com os candidatos às eleições autárquicas para o município que lidera desde 2013, mas não compareceu.

Segundo o “Diário de Notícias” esta sexta-feira, o autarca terá alegado “questões de agenda” para rejeitar o convite do canal televisivo.

Contudo, o presidente e candidato a novo mandato na liderança da cidade do Porto esteve presente, à hora para que estava marcado o debate, no Estádio do Bessa, para assistir ao Portugal-Ilhas Faroé, que Portugal venceu por 5-1.» [Expresso]

 Pobres miúdos

Contra o que é costume, este ano a "universidade de verão" da JSD foi utilizada quase exclusivamente para ajudar o seu líder a sobreviver. Para isso convidaram-se os esganiçados do costume, que não surpreenderam pelos valores ou pela facilidade com que recorreram à política. Mas o mais ridículo é que uma iniciativa anual dedicou uma boa parte do seu tempo e palco aos incêndios ocorridos há semanas.



      
 Piam ou não piam?
   
«Cavaco Silva saiu da sua reforma política para enviar um conjunto de indiretas ao atual Governo e à maioria que o apoia, bem como ao seu sucessor em Belém. Como de costume, o ex-Presidente da República não nomeou ninguém, mas toda a gente percebeu a quem se referia. Deixando de lado os aspetos menos elevados da intervenção, vale a pena discutir o essencial, ou seja, aquilo que a direita há muito vem afirmando: que a austeridade não acabou e que, mais coisa menos coisa, António Costa está a fazer o que Passos Coelho fez e estaria a fazer.

Para chegar ao recado que queria passar, Cavaco Silva deambulou pelos “devaneios ideológicos” do ex-presidente francês, François Hollande, a “bazófia” do ministro grego das Finanças Yannis Varoufakis e a forma como o atual primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, “pôs a ideologia na gaveta e aceitou iniciar um terceiro resgate com uma austeridade mais dura do que aquilo que ele tinha recusado”. Concluiu, dizendo que “a realidade tira o tapete à ideologia” e que essa realidade (as regras da disciplina orçamental impostas pela União Europeia) tem uma “tal força, contra a retórica dos que, no Governo, querem realizar a revolução socialista, que eles acabam por perder o pio ou fingem que piam, mas são pios que não têm qualquer credibilidade e refletem meras jogadas partidárias”.

Bom, comecemos por sublinhar que a realidade é dinâmica e que quando Hollande, Tsipras e Varoufakis tentaram aplicar receitas diferentes das impostas pelo “diktat” de Berlim e do Eurogrupo os tempos eram bem diferentes: estava-se em plena crise das dívidas soberanas e praticamente não havia contestação científica à receita que estava a ser aplicada, apesar dos resultados provarem que se estava muito longe de chegar à terra de leite e mel prometida pelos seus arautos neoliberais.

Logo, o primeiro ponto a ter em conta é que o atual Governo e a maioria que o apoia chegaram ao poder num contexto diferente, a saber: o BCE, contra a opinião de Berlim, passou a comprar dívida pública dos países da zona euro; reputados Prémios Nobel de Economia, como Paul Krugman ou Joseph Stigliz, colocaram em causa do ponto de vista científico o processo de ajustamento que vinha a ser seguido; mesmo no plano das organizações internacionais, como o Fundo Monetário Internacional, se ouviram declarações (nomeadamente da diretora-geral, Christine Lagarde) ou foram conhecidos estudos (do departamento liderado por Vítor Gaspar, ex-ministro português das Finanças) reconhecendo erros graves e consequências negativas para as economias e os povos que foram sujeitos aos programas de ajustamento; e todos os governos que aplicaram a receita foram afastados do poder.

Ou seja, no final de 2015 vivia-se já o início de um novo clima político, económico e social na Europa. E foi essa janela de oportunidade que o atual Governo e a maioria que o apoia aproveitaram.

Diz Cavaco Silva que a realidade tem uma tal força que se impõe a todos os que querem fazer a revolução socialista. Bom, não me lembro de alguma vez António Costa ter dito que queria fazer a revolução socialista e confesso que tenho alguma dificuldade em ver num primeiro-ministro que por vezes usa sapatos com berloques um perigoso revolucionário. Mas tudo é possível, tudo é possível.

Em qualquer caso, lembro que a anterior maioria dizia que queria devolver ao longo de quatro anos pensões e reformas que tinham sido cortadas entre 2011-2015; foram devolvidas num ano. A anterior maioria queria acabar com a sobretaxa de IRS em quatro anos; também já foi eliminada. O défice que, segundo a direita ia disparar de acordo com a tradição socialista, passou de 3,2% em 2015 para 2% em 2016 (bem abaixo dos 2,5% acordados com Bruxelas) e vai a caminho dos 1,5% este ano. A economia, que tinha crescido 1,6% em 2015, caiu para 1,4% em 2016 mas vai este ano ficar pelo menos em 2,5%, o maior crescimento desde o início do século. O investimento, que a direita insistia que não voltaria com um governo socialista apoiado por bloquistas e comunistas, cresceu acima de 10% em termos homólogos no segundo trimestre deste ano, “o que acontece pela primeira vez em 19 anos”, segundo a insuspeita Católica – Lisbon Forecasting Lab. O desemprego, que iria aumentar com a subida do salário mínimo, não cessa de cair; de 12,6% está agora em 9,1%. Os índices de confiança dos consumidores e de clima económico estão nos valores mais elevados desde há 17 anos. E mesmo as agências de rating melhoraram o outlook da dívida pública portuguesa e provavelmente virão a tirá-la da classificação de “lixo” no próximo ano.

Convenhamos, portanto, que se as ideologias não resistem à realidade, os discursos demagógicos resistem bastante menos aos factos. E o que está escrito acima são factos, factos e mais factos revelados pelo Instituto Nacional de Estatística, pelo Banco de Portugal e por universidades.

Sim, nem tudo está bem e as preocupações são mais que muitas. A dívida pública continua a crescer em valor absoluto, apesar do Governo manter que ficará em 127,7% do PIB no final deste ano. O Orçamento do Estado para 2018, que está em fase de elaboração, parece contemplar um conjunto de encargos de despesa ou de cortes de receita que se podem vir a revelar contraproducentes a prazo para o objetivo de redução do défice nos próximos anos. No crescimento do investimento há um peso muito significativo na importação de veículos automóveis, o que não é seguramente bom. Também o regresso em força da construção, sendo bem vinda, precisa de ser temperado com a aposta em maquinarias e equipamentos para os setores industriais. As exportações podem sofrer com um eventual abrandamento da economia mundial devido à política económica errática e protecionista do presidente norte-americano. As taxas de juro na Europa vão inevitavelmente começar a subir, provavelmente em 2019. E um conflito nuclear na península da Coreia colocará o mundo em ebulição, com os preços do petróleo e das matérias-primas a disparar.

Mas isso é o futuro – e o mais difícil de prever é o futuro.

Até lá, o Governo e a maioria que o apoiam tem resultados para apresentar, a par das boas expectativas dos agentes económicos. E não, não foi a fazer a mesma política do anterior Governo: foi a alterá-la em múltiplos aspetos, por muito que a direita, interna e externa, Berlim e o Eurogrupo, o PSD e o CDS, para se consolar, digam que o que está a ser feito era o que estava na cartilha neoliberal do programa de ajustamento. Convenhamos que há quem pie pior do que aqueles que são acusados de não piar.» [Expresso]
   
Autor:

Nicolau Santos.

      
 Xenófoba é a tua tia
   
«O império dos brandos costumes é uma ficção e os problemas de Portugal não são diferentes dos do resto do mundo neste momento, aponta Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, em entrevista ao “Diário de Notícias” esta sexta-feira. “Portugal é xenófobo e racista, embora goste de viver na ilusão e na narrativa de que não o é, ou de que o é de forma mais suave que noutros países, coisa que não me parece sequer que seja verdade”, disse.

Segundo a bloquista, até pode existir uma xenofobia ou racismo “mais velado ou menos orgulhosamente exibido” em Portugal, mas a verdade é que há: “da violência policial aos guetos, à falta de representação e representatividade de uma série de comunidades que existem, existem há muitos anos e são muito importantes em Portugal”.

A única razão para não existir partido de extrema direita em Portugal ou cujo grande programa político assumidamente racista e xenófobo, aponta a deputada do BE, deve-se à existência de uma “base muito consolidada histórica do Partido Comunista” e do Bloco, que absorvem “muito do descontentamento das pessoas e não deixam descambar para bodes expiatórios mais fáceis”.» [Expresso]
   
Parecer:

Não sei muito bem quem autoriza Mariana Mortágua a acusar todo um país e todo um povo de ser racista e xenófobo, como se ela fosse uma sacerdotiza dos bons princípios. Mas vale a pena ver dizer que o BE tem uma grande base histórica e que não há extrema-direita porque os eleitores preferem outra extrema.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Digam à senhora que tenha juízo e vá chamar nomes à sua tia.»
  
 Sem contar com os que se suicidaram...
   
«O eurodeputado do PSD Paulo Rangel acusou esta sexta-feira o Governo de "dar com uma mão e tirar com a outra" e de "deteriorar o Estado" com "cortes brutais" que já causaram vítimas "e não foram poucas".

Numa intervenção na Universidade de Verão do PSD, iniciativa de formação de jovens quadros, Paulo Rangel acusou o primeiro-ministro de "confundir o Estado social com o Estado salarial", aumentando rendimentos mas, para cumprir as metas orçamentais europeias, fazer "cortes brutais" em áreas como a educação, saúde, segurança e proteção civil.

"O que lamento é que, para cumprirmos as metas europeias e criar a tal ilusão do Estado salarial, tenhamos criado condições de deterioração, de degradação dos nossos serviços públicos essenciais que já causaram vítimas e não foram poucas, é isto que eu lamento", disse, numa referência implícita às vítimas mortais (pelo menos 64) dos incêndios que começaram em Pedrógão Grande.» [Expresso]
   
Parecer:

Este esganiçado é mesmo pequenino.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»

 Os putos do PSD vão para bombeiros?
   
«Marco Martins, que exerceu funções entre março de 2013 e maio de 2017, foi um dos oradores de um painel na Universidade de Verão do PSD sobre o tema 'Incêndios: Porque é que Portugal arde tanto?', a par de António Louro, vice-presidente da Câmara de Mação com os pelouros da proteção civil e florestas.

Recorrendo a uma metáfora, Marco Martins disse que durante quatro anos lhe foi "atribuído um veículo" que aprendeu a conduzir "por caminhos sinuosos", tendo recebido muita formação, paga pelos contribuintes, e, "de um momento para o outro, porque a lei o permite", foi afastado e substituído por outro.

"Tenho consciência de que foram entregues carros a pessoas que nunca conduziram carros daqueles, se calhar nem nunca conduziram carros, só bicicletas", afirmou, questionando se esta metodologia trouxe alguma mais-valia ao sistema.

Sobre este tema, António Louro, militante do PSD, considerou que as decisões políticas de substituir grande parte da estrutura de comando em abril "estão a ter consequências operacionais" e disse ter "sérias dúvidas" de que as novas chefias "sejam equiparáveis às que saíram.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

Nada como convidar um ressabiado para falar mal do governo.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

 Não ofendam o velhote
   
«O vice-presidente do PSD Marco António Costa considerou hoje inaceitáveis e inapropriadas as reações de partidos da esquerda à intervenção de Aníbal Cavaco Silva, afirmando que constituem uma tentativa de silenciar o ex-Presidente da República.

"A reação destes partidos foi uma violenta, inapropriada e inaceitável tentativa de silenciar um ex-Presidente da República que com toda a legitimidade tem o mesmo direito dos seus antecessores em assumir as posições públicas que bem entenda", escreveu Marco António Costa na sua página da rede social Facebook.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

O que esperava Marco António? O Cavaco ofendia tudo e todos e ninguém respondia por respeitinho?
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»