O cartaz engenhoricado pelo candidato Murta, o patriarca do principado do PS em Vila Real de Santo António é, no mínimo, enigmático, está cheio de mensagens que não se entende muito bem o que pretendem dizer.
O que pretenderá um candidato que já foi autarca durante tantos anos e cuja família já sofreu mais do que uma derrota, ao dizer "mudança sem medo"? Ora, se o candidato é sobejamente conhecido o que o levará a sugerir aos seus conterrâneos que "não tenham medo"? Se alguém sugere que não deve haver medo é porque acha que de alguma forma pode haver razões para isso.
Seria lógico que António Costa aparecesse em cartazes de Medina, em Lisboa. Medina foi o seu número dois e um apoio direto mais não significaria do que o renovar da confiança num candidato que só o é graças ao apoio do primeiro-ministro. Mas a que propósito António Costa só aparece e num único cartaz desta campanha autárquica e logo em Vila Real de Santo António? E quando o cartaz diz "juntos por Vila Real de Santo António" sugerindo que o "juntos" do título se refere aos rapazolas da imagem, pretende que António Costa vai ser conselheiro pessoal do Murta?
Outro aspeto curioso da selfie onde António Costa e Murta aparecem vestido de igual, como se fossem dois manos a caminho da missa são as sombras, porque não batem certo. Trata-se de uma imagem original ou de uma montagem. António Costa parece estar refastelado numa cadeira enquanto o Murta aparenta estar em pé, Se estão os dois sentados então estão tão juntinhos que em vez de cadeiras deveriam estar sentados num banco corrido. A face esquerda de Costa tem uma sombra que parece ser projetada por Murta, o que não faz muito sentido pois as testas denuncia que a iluminação é recebida de vários sentidos, o que deveriam eliminar as sombras. Por outro lado, o rosto de Murta está muito mais iluminado do que o de António Costa.
Murta sentiu que sozinho tinha dificuldades e decidiu dizer aos seus conterrâneos "votem em mim que até sou tão amigo de Costa que fui o único candidato autárquico com que ele aceitou aparecer na fotografia". Enfim, uma mensagem demasiado pobre e desrespeitosa da inteligência dos eleitores.