terça-feira, setembro 12, 2017

Umas no cravo e outras na ferradura



 Jumento do Dia

   
Ana Rita Cavaco, dirigente nacional do PSD

Talvez porque enquanto dirigente nacional do PSD apoiava as políticas de cortes brutais decididas pelo presidente do PSD a bastonária dos enfermeiros não reparou que o país foi submetido a uma experiência económica que passava pela proletarização forçada dos funcionários públicos. Só isso explica que não encontre razões para a insolvência de uma dúzia de enfermeiros nas políticas do seu governo.

«De Janeiro até ao início de Setembro, "perto de uma dezena" de enfermeiros apresentaram pedidos de insolvência, revelam os despachos que a Ordem recebeu dos tribunais. O número é avançado por Fernando Macedo, tesoureiro da Ordem, que estabelece uma relação directa com a "precariedade da profissão". "Estão a deteriorar-se as condições de trabalho e aumentam este tipo de casos", diz.

Estes são os pedidos "já resolvidos" pela Ordem, que aceitou para todos o perdão da dívida e passou a suportar o pagamento das suas cotas (nove euros por mês). Para além destes, destaca Fernando Macedo, "há muitos outros pedidos que deram entrada e ainda não foram analisados pelos serviços". O tesoureiro alerta que, "até ao final do ano, vão aparecer mais casos".

A bastonária vai mais longe: "O que me dizem os serviços da Ordem é que isto não acontecia no passado." Ana Rita Cavaco diz que o problema deve ser encarado "do ponto de vista da vida destes enfermeiros". "Eles também são gente, precisam de resolver a sua vida. Estes enfermeiros insolventes continuam a trabalhar, precisam da cédula para isso e não conseguem pagar nove euros de quotas por mês.”» [Público]

 As visitas de Marcelo

Há poucos dias Marcelo foi a uma feira do livro no porto e o autarca local lá ganhou longos minutos de televisão ao lado de Marcelo. Agora foi a vez do autarca de Cascais ter sido premiado com imagens "íntimas" na companhia de Marcelo, passando a imagem do amigo do presidente. Não seria má ideia se Marcelo se lembrasse de que em Portugal há vários partidos e se pretende continuar neste roteiro autárquico seria mais democrático se aparecesse ao lado de outros autarcas, talvez em Loures ou noutros concelhos tão sensíveis quanto Cascais ou Porto.

 Marcelo e a celeridade da justiça

O ministro da Defesa deu uma entrevista e disse algo que anda nas bocas do mundo, que muito provavelmente não ocorreu qualquer assalto em Tancos, uma possibilidade que deixa a direita em má situação, depois de todo o aproveitamento que se fez do caso, a Cristas ficou tão irritada que até pediu a demissão do ministro, o que não admira, o desporto preferido dessa senhora é pedir a demissão de ministros.

Depois de toda a indignação da direita Marcelo não resistiu à tentação de fazer o seu comentário, pedindo celeridade no apuramento dos fatos, pelo momento escolhido muitos cidadãos serão induzidos no erro de que o ministro não está a fazer o seu trabalho, precisamente aquilo de que a direita o acusou.

Sucede que o senhor professor de direito, condição de que o próprio Marcelo fez questão de voltar a realçar, sabe muito bem que em portugal a investigação criminal é competência exclusiva do MP e que neste momento o processo está em segredo de justiça. Isto é, a mensagem do Presidente é uma pressão sobre o MP o que na democracia portuguesa significa violação da separação de poderes. Se o Presidente quer acelerar o processo pode muito bem convidar a Procuradora-geral para um chá e debater o tema com a privacidade que o mesmo merece.

Já que o Presidente está preocupado com a lentidão no apuramento dos fatos talvez não seja má ideia pronunciar-se também sobre outros processos onde este apuramento está bem mais atrasado.

      
 O homem não disse nada disso
   
«O líder do PSD, Passos Coelho, desafiou neste domingo António Costa a dizer quem é que em Portugal defende que o país tem licenciados a mais, acusando o primeiro-ministro de poder transformar-se num "agente poluidor" do debate político.

Passos Coelho, que falava no concelho de Pombal, distrito de Leiria, recordava o discurso do primeiro-ministro, ao final da manhã, em Matosinhos, em que, referindo-se ao aumento do número de alunos colocados no ensino superior, sublinhou que essa notícia significava que os portugueses "deixaram de dar ouvidos àqueles que diziam que tínhamos licenciados a mais e que não era importante continuar a estudar".

O líder social-democrata realçou que "nunca, em qualquer tempo", se recorda, "seja à direita, ao centro ou à esquerda, de ouvir ninguém dizer" que Portugal tem licenciados a mais, "que as pessoas não deveriam continuar a estudar, que o que era bom era ter uma economia com salários baixos e que o melhor mesmo era as pessoas ganharem pouco".

"Não tenho ideia", sublinhou Passos Coelho, desafiando António Costa a dizer a quem é que se estava a referir e se conhece "alguém que tenha feito declarações nesse sentido".» [Público]
   
Parecer:

Não apontou o caminho da emigração aos professores, não tinha intenção de cortar as pensões ou os vencimentos e muito menos despedir funcionários públicos.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
  
 Mal informado
   
«Num habitual espaço de comentário, na antena da SIC, Miguel Sousa Tavares faz uma reflexão relativamente ao Orçamento do Estado para 2018, considerando que “o défice tem descido à custa das contenções por departamentos ministeriais e à subida da receita fiscal. Ou seja, não é por via  da diminuição da despesa do Estado que se tem alcançado esse decréscimo”.


Isto significa, na opinião do comentador, que, “apesar da conjuntura favorável, quer interna quer externa, o Governo não está a criar as condições para não cairmos na mesma situação de 2011, altura em que o Estado português foi à falência porque a receita não cobria as despesas”.

A fatura da crise que assolou o país em 2011 foi paga, na perspetiva de Miguel Sousa Tavares, “pelo setor económico privado. Registaram-se 300 a 400 mil desempregados e empresas simplesmente desapareceram. Mas não desapareceu nenhum serviço do Estado ou autarquia, nem foi despedido nenhum funcionário público”.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

Sousa Tavares tem a qualidade de ser capaz de falar do que sabe e do que não sabe correndo um sério risco de dizer baboseiras. Agora, talvez motivado pela aversão a funcionários públicos, disse que o governo governa para os funcionários públicos. talvez não fosse má ideia se Sousa Tavares se informasse das diferenças na situação dos funcionários públicos entre a situação antes e depois da crise. talvez ele percebesse que está bem melhor quanto a austeridade do que os funcionários públicos.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Vomite-se.»