Abro o Google e procuro por “Vila Real de Santo António investimento”, a resposta transporta-me para uma espécie de Dubai, chovem investimentos, 3 milhões numa pousada, seis novos hotéis anunciados em março de 2016, a CML foi ao Salão Imobiliário mostrar a nova Germania algarvia , uns bonecos que o autarca comprou por 180.000 euro, em maio de 2016 anunciava-se que ia abrir o primeiro hotel de cinco estrelas, a autarquia apresenta investimentos de 200 milhões da Bolsa de Turismo de Lisboa. Quem lê as notícias fica espantado porque o concelho foi uma aldeia gaulesa no meio da crise internacional iniciada em 2008.
O problema é quando confrontamos a realidade com as notícias, como muito bem poderia dizer o ilustre cidadão de Boliqueime “a realidade acaba sempre por derrotar a mentira”. Em vez de grandes hotéis vemos bairros sociais degradados, na praia de Monte Gordo vemos as barracas dos pescadores a caírem de podre enquanto as paredes do seu bairro há anos que não sabem o que é tinta. Onde se imaginava uma terra com empregos vemos gente a depender do rendimento social de impressão, os jovens que deveriam ter bons empregos estão em programas ocupacionais e são mobilizados para as arruadas.
Em vez de empresas que criem riqueza e empregos nascem algures no país empresas que só têm contratos com a autarquia, para não falar das empresas locais cuja existência depende dos dinheiros que a CM vai arranjando junto da banca. Onde estão os mais de 350.000 de euros que a CMVRSA gastou nos últimos três mandatos? Numa morgue, numa escola e no edifício camarário? Onde está a obra que justifique tanto dinheiro.
Como se pode explicar que uma pequena autarquia gaste mais em assessorias jurídicas do que muitas grandes empresas? O que de tão valioso vende a CMVRSA para que se gatem tantas centenas de milhares de euro em consultores de marketing? Como é que é possível que em plena crise e com tantos portugueses em dificuldades se comprem uns bonecos arquitetónicos por 180.000 só para um autarca com vocação para cantor caribenho ande armado em Marquês de Pombal.
Como é que se entende tanta mudança de opção política, tantas mudanças de campo por parte de candidatos, o silêncio do jornal local, será pela qualidade políticas e humanas do DJ do Sem Espinhas? Existirão contratos detalhados e justificações escritas para os muitos negócios de adjudicações diretas em que as empresas contratadas nasceram para servir exclusivo a CMVRSA? Há obra feita que justifique tanto dinheiro e tantas adjudicações? De certeza que o Tribunal de Contas analisa estes processos com o mesmo rigor que põe nas auditorias a grandes direções-gerais? O MP preocupa-se tanto com estes negócios como com os políticos das grandes cidades. Alguém devia recordar às autoridades que VRSA não é uma freguesia de Ayamonte.
Os processos até podem ser explicados ainda, talvez se tenha escrito direito por linhas tortas, mas a verdade é que é muito dinheiro, empresas duvidosas, adjudicações sem um mínimo de transparência e tudo isto num concelho campeão da dívida, onde se deve mais de 150.000.000 de euros e com uma boa parte das futuras receitas comprometidas por negócios manhosos que permitiram gastar o dinheiro que já não se tinha. Tudo pode ser administrativamente correto mas a verdade é que nem tudo o que é aparentemente correto é moralmente aceitável.
Este pequeno monstro eleitoral em que o PSD permitiu que se transformassem as suas estruturas locais vai acabar por explodir. Por mais agitados que andem os seus beneficiários ou os respetivos progenitores, a verdade é que o dinheiro acabou, o único banco a que poderão recorrer para continuar com os negócios do costume deverá ser o “banco da areia” e mesmo esse parece ter fugido para a Isla Canela. Mais tarde ou mais cedo a Câmara vai estourar financeiramente e nessa altura veremos muitas ratazanas a fugir com medo das consequências jurídicas.
As próximas eleições vão ser um plebiscito ao métodos do DJ do Sem Espinhas, os eleitores vão dizer se apoiam aquilo em que este senhor transformou o seu concelho ou vão acabar com um ciclo miserável de doze anos e escolhem gente honesta, independentemente do partido a que pertence.