Numa pequena autarquia um presidente de câmara tem duas estratégias para renovar os mandatos, opta pelo respeito dos valores democráticos e promove o desenvolvimento ou opta por promover a pobreza e usa os poderes do município para comprar apoios e votos. Num pequeno município sem empresas que produzam bens de valores acrescentado a autarquia não só é o principal empregador como concentra nela os poucos quadros locais.
Um município destes nas mãos de um autarca com vocação para Maduro depressa se torna numa pequena ditadura saloia. Gera-se miséria e promove-se uma ONG local para promover caridade a troco de votos. Criam-se empregos municipais desnecessárias e nelas colocam-se amigos como dirigentes e empregam jovens a troco de votos. Compram-se os vereadores da oposição, decapitam-se os partidos da oposição dando empregos camarários a troco da mudança para o partido do presidente.
O absurdo chega-se ao ponto de montar um esquema com Cuba e depois comprar-se os militantes do PCP a troco de empregos na autarquia, nem o Maduro da Venezuela consegue destruir desta forma qualquer oposição. O nosso Maduro em vez de ir falar de economia portuguesa a Havana devia antes ir explicar ao congénere de Caracas como é que se elimina a oposição. Pelo que vi dos dotes de cantor do Maduro Venezuelano até podia aproveitar para lhes dar umas aulas de canto, nem que para isso metesse uma palhina no rabo do ditador venezuelano, talvez este ficasse com a voz mais macia.
Como os empregados da CM, “proibidos” de ter opiniões políticas ou de participar em atividades da oposição, podem ser insuficientes, mesmo somando às famílias de ciganos “importadas” do Alentejo, recorre-se ao aumento da dívida para alimentar duas ou três famílias empresariais locais, cujos empregados são mobilizados entre o partido do poder ou entre aqueles que se desvinculam dos partidos da oposição.
Numa localidade com cerca de 10.000 em 2009 a CM chegou a ter 1.000. Se a estes somarmos os empregados dos empresários alimentados pela autarquia, mais os pobres que beneficiam da caridade camarária, não é de admirar que se consiga uma maioria absolutíssima numa terra onde a única tradição da direita era a PIDE local. A compra de opositores com os meios da autarquia foi tão brutal que os partidos da oposição têm dificuldades em apresentar listas.
O regabofe estende-se à junta de freguesia, onde o presidente número 2 da lista da São à câmara acumulou durante 4 anos as funções de presidente de Junta e director regional da juventude, pelo meio teve tempo de fazer diversos trabalhos para a câmara e para a SGU e apenas um deles foi sujeito a registo na base de dados da contratação pública uma vez que os outros foram sempre inferiores a 5 mil euros e ainda arranjou tempo para dar uma mãozinha em Castro Marim para mais uns trabalhinhos de valor inferior a 5 mil cada. Um verdadeiro super-homem.
Não admira que as arruadas da São tenham mais gente do que as da Teresa Leal Coelho, em Lisboa, com a vantagem de no Algarve não ser necessário recorrer a jovens da JSD pagos à jorna, os do Algarve ficam contentes com os ordenados camarários, os subsídios ocupacionais ou a sopa dos pobres, nem precisam de recorrer à guarda pretoriana das Hortas, até porque daria demasiado das vistas.