Estavam os portugueses tranquilamente a trocar mensagens de
WhatsApp de fim de ano, desde os desejos de um ano tão forte como a gordinha ao
carro que disparava com a garrafa de espumante aberta à meia-noite, quando
receberam do Dr. Eduardo Barroso a grande notícia de 2017, a única boa notícia
ouvida no país desde o malogrado dia 16 de junho, o ano em que o ano transato
devia ter expirado, a boa nova que ressoava na comunicação social nas últimas
horas de 2017 não podia ser melhor, os intestinos do Professor Macelo voltavam
a trabalhar normalmente.
O primeiro dia do ano de 2018 confirmou a boa nova dada pelo
médico, Marcelo estava em forma no que respeita às suas funções intestinais. A
leitura da mensagem fazia lembrar alguém a ler um dazibao nenhuma rua da Pequim
dos tempos da Revolução Cultural. A não ser que alguma dor no remendo intestinal
lhe desse aquele ar sofrido de um presidente abraçado a uma velhinha, parecia
que o presidente fazia um esforço para ler as letras pequenas dos velhos livros
do Lusíadas. Mas como não escolhemos presidentes pelo seu jeito para declamar
poesia, o que importa é que os seus intestinos estavam a intestinar bem a e a
bom ritmo.
Isso ficou evidente quando declarou que "ninguém
imaginaria há dois anos poder partilhar tão rápida e convincente mudança, sem
dúvida iniciada no ciclo político anterior, mas confirmada e acentuada neste,
que tão grandes apreensões e desconfianças havia suscitado cá dentro e lá fora.".
Isto é, há dois anos ninguém conseguiria imaginar o sucesso das políticas que
iriam ser adotadas pelo Centeno, aquilo a que se designou por reversões e que
levaram alguém anunciar a vinda do diabo. Mas passados esses dois anos é óbvio
que tudo nasceu no ciclo político anterior e que o atual ciclo só teve o mérito
de não estragar o que tinha sido feito.
Essa de ser impossível prever o que iria suceder na economia
em consequência de uma política económica adotada por um governo, para depois
ser mais do que óbvio que o que sucedeu resultou dessa política é uma forma de começar 2018 com muito bom sentido de humor. Curiosamente, já no que se refere à capacidade de resposta de um país a uma grande calamidade como os incêndios é coisa que se resolve na hora, não resulta de mais do que meia legislatura.
Outra ideia muito interessante é a de que há uma maioria silenciosa de gente abenegada mas que conta pouco nas eleições, gente que por ser do interior sog«fre muito e trabalha ainda mais e que por isso é mais do que
o dos que vivem no pecado das cidades do litoral, verdadeiras Sodomas e Gomorras
dos tempos modernos, onde se ganham as eleições e se despreza os desejos do
verdadeiro povo, minoritário mas genuíno, honesto e trabalhador. É para impedir as consequências dessa subversão que é a
democracia, que há quem ouça os desejos dessa maioria qualificada, desejos que não são os dessa
entidade mítica que é o povo. Mas só
alguém com um ouvido especial consegue ouvir a” palavra
de ordem que vem do povo, deste povo mais sofrido, do mais sacrificado e
abnegado”.
Enfim, 2018 promete e graças aos cuidados médicos do Dr.
Eduardo Barroso vamos mesmo conseguir reinventar o país. Aliás, até parece que Portugal tem o primeiro caso de cirurgia em que em vez de se separarem siameses se junta irmãos a fim de serem siameses, ontem Marcelo dizia que 2018 era o ano da reinvenção do país, o Presidente pode estar descansado o seu siamês dos almoços vai fazer-lhe a vontade, Santana Lopes acabou de anunciar que é ele que vai reinventar o país. Mas que grande reinvenção.