Imaginem a notícia, a senhora Merkel está a ser investigada porque foi ver um jogo do Dortmund na bancada presidencial e uns dias depois um contribuinte familiar do presidente do clube viu concedido um direito a um benefício fiscal. É evidente que o mundo, incluindo os portugueses iriam rir à gargalhada e os polícias alemães seriam alvo de chacota.
Mas por cá é tudo normal, a PJ e o MP podem entreter-se a abrir inquéritos com base nas habituais cartas anónimas, que todos nós já sabemos quem as manda, difamar os políticos, fazer constar a informação nos seus jornais oficiosos. Quando questionados, lá vem o sindicato dos magistrados exigir o respeito pela separação de poderes, enquanto pede audiência a Belém para irem fazer queixas dos governos, como se fossem virgens violadas.
Quando será que um ministro perde a paciência e responde a estes senhores com o estilo do falecido almirante Pinheiro de Azevedo e lhes diz mais aos jornalistas “vão todos à bardamerda!”. É precisamente isso que eu faria se estivesse na situação de Mário Centeno, convocava os jornalistas e dizia-lhes “quero que vexas, mais quem vos manda cópias de investigações da treta, vão todos à bardamerda, acabei de apresentar o pedido de demissão e sugiro que metam em ministra da Finanças uma qualquer magistrado.
O país parece estar a viver uma espécie de PREC ridículo, a coberto da separação de poderes, de cartas anónimas e da violação programada do segredo de justiça, há quem esteja destruindo a democracia, difamando os políticos um a uma, escapando apenas aqueles que protegem alguns interesses corporativos. Nem o Salazar conseguiu difamar a democracia e os políticos democratas como está sucedendo nos dias de hoje. Não há candidato em evidência ou ministro de sucesso que não veja o seu nome enlameado nos jornais do costume.
Esperemos que um dia um Mário Centeno ou qualquer outro político, da direita ou da esquerda, decida chamar os bois pelos nomes, apresentar a demissão e exigir à Procuradora-Geral da República e ao Diretor Nacional da PJ que apresentem uma acusação com provas consistentes em relação aos processos que alguém fez questão de usar nos jornais como instrumentos difamatórios ou que se demitam assumindo as responsabilidades. Éticas, profissionais e criminais dos prejuízos que sofreram as vítimas destes processos difamatórios.
Já agora, e porque estamos numa época com poucos incêndios, talvez o Presidente da República tenha um minuto para se pronunciar sobre estas misérias nacionais. Não espero que chama Centeno a Belém para lhe dar beijinhos e abraços, mas que chame os responsáveis pela justiça portuguesa para lhes exigir a assunção das responsabilidades pelas consequências das fugas cirúrgicas ao falso segredo da nossa falsa justiça.
Acontecem coisas neste país que nos colocam em termos de ridículo ao nível de um Mugabe ou de um Kim Jong-Un.