segunda-feira, janeiro 15, 2018

VENDER A ALMA AO DIABO

O espetáculo foi deprimente, uma sala vazia, gente a ajeitar cadeiras, a espera pelo fim do jogo do Benfica-Braga para compor a sala, uma quase total ausência dos apoiantes da véspera, um Santana quase em lágrimas a parafrasear Mário Soares, uma resposta atabalhoada ao jornalista que o questionava sobre a perda do tacho na Santa Casa. Tudo isto poucas horas depois das imagens da última sessão de campanha.

Onde estavam o s apoiantes de Passos Coelho que se acotovelavam atrás de Santana Lopes quando ainda imaginavam que este iria ser a sua marioneta durante os próximos dois anos? Na sala estava apenas um Rui Machete que não se podia escapar, o autarca de Viseu e a deputada Teresa Morais. Tudo o resto tinha ar de ter sido arregimentado à pressa para emprestar um mínimo de dignidade ao derrotado.

Não foram precisas muitas horas para que o discurso da unidade fosse esquecido, pouco depois das 9 horas já Ferreira Leite, a ideóloga e grande apoiante de Rui Rio, pedia a cabeça de Hugo Soares, o ainda recentemente eleito líder parlamentar do PSD, ao que parece a maioria parlamentar não podia escolher Ferro Rodrigues para Presidente da Assembleia da República, mas uma minoria de um grupo parlamentar já vai poder escolher o seu líder. 

É a mesma Ferreira Leite que fala em reposicionamento do PSD, assegura que o PSD nunca foi um partido de direita, mas considera que a sua aliança natural é com  a direita mais conservadora do CDS e que uma qualquer negociação com o PS consiste em vender a alma ao diabo para “correr com a esquerda”, perante a incoerência e questionada pelo jornalista da TSF lá corrige a declaração a lembrar os tempos das presidências do Soares Carneiro e do Freitas do Amaral, afinal só quer correr com a extrema esquerda.

Em poucas horas o discurso dos ruirianos torna-se confuso, se já era incoerente em relação ao que os separava das políticas de Passos Coelho, é agora quanto a ideias, já que Rui Rio se limitou a propor banalidades, limitou-se a propor um modelo mais ou menos autocrático de liderança partidária, de mistura com ameaças pouco veladas à diversidade de opiniões.

Veremos agora o que faz Rui Rio, se renova o PSD trazendo caras novas ou se aposta nos cotas do cavaquismo e nos extremistas que tomaram o poder no partido com Passos Coelho, se defende um excedente orçamental alimentado por austeridade, se promove a prometida redução de impostos sobre os rendimentos do capital com aumentos de impostos sobre os rendimentos do trabalho e sobre o consumo ou com cortes na despesa do Estado, designadamente com cortes de rendimentos a que nunca se opôs, antes pelo contrário, não só apoiou na figura de Maria Luís Albuquerque, como sugeriu que ia mais longe.

Rui Rio, Manuela Ferreira Leite, Morais Sarmento e outros conseguiram acabar com Santana Lopes, veremos agora se Rui Rio é melhor do que Santana e mesmo melhor do que o Rui Rio já conhecíamos.  Depois de vender a alma ao diabo tantas vezes, este PSD de esquerda  da treta já tem dificuldades  em arranjar um líder de quem se possa dizer "benza-te deus", é um partido já desalmado, se alma para vender a quem quer que se seja, mesmo com a Dra. Manuela a fazer de caixeiro-viajante.

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