sexta-feira, janeiro 19, 2018

INÍCIO DESASTRADO



Rui Rio fez questão de ficar no Porto a seguir às diretas para a escolha do novo líder do PSD, fê-lo de forma intencional e para que não restassem dúvidas deu a sua primeira entrevista naquela cidade, a uma jornalista um pouco desajeitada, que lá ia fazendo as perguntas que o conterrâneo esperava. Para além da afirmação regionalista pouco mais se disse nessa entrevista, a não ser que só depois do congresso, a realizar, em fevereiro é que assumiria a presidência.

Passada quase uma semana Rui Rio nada disse, veio a Lisboa só para ver o seu futuro gabinete e pouco mais. Mas o seu silêncio foi compensado pelo frenesim de Manuela ferreira Leite, que na primeira oportunidade iniciou o saneamento do PSD, ainda não eram nove horas de segunda-feira e já estava na TSF a dar entrevistas sucessivas, tendo aproveitado a oportunidade para pedir a cabeça do líder parlamentar do partido.

Se Rui Rio prometeu endireitar o PSD, parece tê-lo começado de uma forma um pouco torta. A forma como Manuela Ferreira Leite “despachou” Hugo Soares é tudo menos digna. A ex-presidente do partido, nem sequer é deputada, sentiu-se no direito de passar por cima dos deputados do seu partido e antes que alguém se antecipasse deu início ao saneamento. 

Se é assim que Rui Rio vai endireitar o PSD, se é com estes métodos que se vai armar em capitão civil de um novo 25 de Abril, estamos muito mal. Uma coisa é ser regionalista e fazer encenações para alimentar os velhos sentimentos com que alguns políticos menos inteligentes insistem em dividir o país, outra é não respeitar o partido a cuja liderança chegou e mandar terceiros organizar autos de fé. 

A verdade é que o mandato de Rui Rio na liderança do PSD fica marcado por declarações que não são dele. Uma semana depois é a vontade de Manuela Ferreira Leite de correr com a esquerda e os seus pedidos de cabeças de adversários feitos através da comunicação social, que marcam o debate partidário. Rui Rio não existe, está no Porto a passear com o seu Simca, carro que, curiosamente, tem uma velhinha matrícula PP.