segunda-feira, dezembro 03, 2012

Em nome da competitividade


Em nome da competitividade alteraram a legislação laboral, argumentaram que despedindo mais facilmente e de forma mais barata seria mais fácil criar emprego, aproveitaram-se da vaidade de um líder sindical e até assinaram um acordo de concertação social de que agora se riem sempre que ignoram os parceiros sociais em novas aventuras.
 
Em nome da competitividade eliminaram quatro feriados e promoveram outras palhaçadas institucionais como a não concessão de tolerâncias de ponto, incluindo a da Terça-feira Gorda, alguém soprou nos ouvidos da senhora Merkel que os portugueses são uns malandros e o governo apressou-se a chicoteá-los par que a senhora fique tranquila com os seus eleitores. Pelos vistos os bons princípios dependem do dia da semana e como Natal e o Ano Novo calham a uma terça, o mesmo dia do Carnaval já a senhora Merkel não levará a mal da bandalhice lusa. Podemos ser gandulos à segunda, o problema é nos outros dias da semana.
   
Em nome da competitividade tentaram aumentar os impostos aos trabalhadores para baixarem a TSU. Em dois dias mudaram de opinião e descobriram que se o objectivo era dar aos ricos o dinheiro tirado aos pobres a solução também poderia passar por aumentar o IRS e descer o IRC, isto é, parece que o problema já não é os que perderam competitividade ou que estão em dificuldades financeiras como disseram, agora o dinheirinho é entregue como despesa fiscal competitiva aos que ainda têm lucros. Mas como o dinheiro é escasso é preciso obrigar a populaça a pagar os serviços do Estado, querem ronda policial, meter os putos na escola ou ir ao hospital, então paguem. Para que servem as receitas do IRS e do IVA? Para dar aos ricos.
  
Em nome da competitividade venderam a EDP aos chineses, porque o Estado é um mau gestor a ideia foi entregar as empresas públicas estratégicas aos corruptos do Partido Comunista Chinês, esses sim que são bons gestores, gente honesta e o símbolo das vantagens da gestão privada. Até meteram o Catroga na EDP para aprender com os chineses, talvez agora consiga doutorar-se e justificar a cátedra a tempo parcial zero adquirida com pentelhos curriculares académicos, enfim, a versão relviana das cátedras.
  Em nome da competitividade vão ajudar gente que nos tempos da fartura ganhou milhões, corrompeu o país, roubou até não poder mais e agora aproveitam-se da crise financeira internacional para iniciarem um novo ciclo de enriquecimento fácil e oportunista. Em nome da competitividade estão  iniciando mais um ciclo de 30 anos de miséria