Em nome da competitividade alteraram a legislação laboral,
argumentaram que despedindo mais facilmente e de forma mais barata seria mais
fácil criar emprego, aproveitaram-se da vaidade de um líder sindical e até
assinaram um acordo de concertação social de que agora se riem sempre que
ignoram os parceiros sociais em novas aventuras.
Em nome da competitividade eliminaram quatro feriados e
promoveram outras palhaçadas institucionais como a não concessão de tolerâncias
de ponto, incluindo a da Terça-feira Gorda, alguém soprou nos ouvidos da
senhora Merkel que os portugueses são uns malandros e o governo apressou-se a
chicoteá-los par que a senhora fique tranquila com os seus eleitores. Pelos
vistos os bons princípios dependem do dia da semana e como Natal e o Ano Novo
calham a uma terça, o mesmo dia do Carnaval já a senhora Merkel não levará a
mal da bandalhice lusa. Podemos ser gandulos à segunda, o problema é nos outros
dias da semana.
Em nome da competitividade tentaram aumentar os impostos aos
trabalhadores para baixarem a TSU. Em dois dias mudaram de opinião e
descobriram que se o objectivo era dar aos ricos o dinheiro tirado aos pobres a
solução também poderia passar por aumentar o IRS e descer o IRC, isto é, parece
que o problema já não é os que perderam competitividade ou que estão em
dificuldades financeiras como disseram, agora o dinheirinho é entregue como
despesa fiscal competitiva aos que ainda têm lucros. Mas como o dinheiro é
escasso é preciso obrigar a populaça a pagar os serviços do Estado, querem
ronda policial, meter os putos na escola ou ir ao hospital, então paguem. Para
que servem as receitas do IRS e do IVA? Para dar aos ricos.
Em nome da competitividade venderam a EDP aos chineses, porque
o Estado é um mau gestor a ideia foi entregar as empresas públicas estratégicas
aos corruptos do Partido Comunista Chinês, esses sim que são bons gestores,
gente honesta e o símbolo das vantagens da gestão privada. Até meteram o
Catroga na EDP para aprender com os chineses, talvez agora consiga doutorar-se
e justificar a cátedra a tempo parcial zero adquirida com pentelhos curriculares
académicos, enfim, a versão relviana das cátedras.
Em nome da competitividade
vão ajudar gente que nos tempos da fartura ganhou milhões, corrompeu o país,
roubou até não poder mais e agora aproveitam-se da crise financeira
internacional para iniciarem um novo ciclo de enriquecimento fácil e oportunista.
Em nome da competitividade estão
iniciando mais um ciclo de 30 anos de miséria