terça-feira, dezembro 04, 2012

O memorando tem costas largas


O memorando tem costas largas, tudo o que de mau o governo impõe aos portugueses fá-lo penosamente obrigado pelo memorando, a entrega da soberania nas mãos de funcionários de segunda linha de organizações internacionais de que Portugal é membro de pleno direito resulta do memorando, o excesso de austeridade está no memorando, até os falhanços do Gaspar resultam de ele em vez de adoptar as suas ideias está agarrado ao memorando.
O mesmo governo que não queria mais tempo ou mais dinheiro foi forçado a aceitar mais tempo e um dia destes aceitará mais dinheiro, tudo por culpa do memorando e de quem o negociou. O memorando encobriu o nosso céu noturno, tudo o que nos sucede e vai suceder  deixou de estar escrito nas estrelas, foi escrito no memorando. E, como se sabe, Passos Coelho nada tem que ver com o memorando, o Catroga só reparou no capítulo da privatização da EDP e o pobre do Gaspar não teve a oportunidade de chegar a tempo de salvar o país, pondo o seu brilhantismo intelectual ao serviço do memorando.
Por exemplo, estava no memorando que em 2011 os portugueses eram uma gandulos que se divertiam enquanto os pobrezinhos dos alemães trabalhava e por isso não tiveram tolerância de  ponto natalícias e muito menos para irem para a farra. Mas como o memorando já previa que quando Gaspar chegasse a ministro este país até iria cheirar mal com o suor de tanto trabalho, para não referir a correria dos muitos que procura emprego, já lá estava que em 2012 teriam tolerância de ponto, até porque este ano as datas calhavam a uma terça-feira. Ao que parece em 2013 o Carnaval também vai calhar a uma terça, há coincidências do caraças, e é muito provável que o memorando já preveja que nesse ano podemos brincar graças a uma generosa tolerância.
O corte dos subsídios, a diluição de tudo o que o Gaspar gosta de receber mas que acha abusivo os outros terem, a redução dos feriados, o ódio ao dia da Independência Nacional e ao da República, o aumento brutal do IRS, a tentativa de roubar aos trabalhadores para dar aos patrões, as propinas no secundário, é tudo decisões imaginadas pelo José Sócrates, essa figura maldita, o pobre do Passos limita-se a dar a cara por decisões contra as quais sempre foi.
O que não estava no memorando são outras coisas que andam por aí a tentar convencer-nos de que lá estavam. Gente mal intencionada insiste em falar do corte das gorduras do Estado, nas rendas excessivas da EDP, da eliminação do excesso de autarquias, da cobrança das contribuições para a Segurança Social pela Autoridade Tributária e Aduaneira, o fim do regabofe dos regimes fiscais das fundações, a eliminação de institutos e outros serviços estatais desnecessários. Enfim, uma data de coisas que não constam do memorando e alguns querem impor ao país.