quinta-feira, dezembro 27, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura


 
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Tentilhão-comum [Fringilla coelebs], Lisboa
   
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Aldeia de Monsanto, [A. Cabral]   

Jumento do dia
  
Passos Coelho
 
Passos Coelho percebeu que se espetou na sua mensagem de Natal, falar em novas oportunidades para todos quando se sabe que as únicas oportunidades que 2013 vai trazer é fome, emigração, perda de casa, desemprego e miséria, é gozar com os portugueses. Os assessores que escrevem os discursos de Passos Coelho estão ao nível do imbecil e ainda não se aperceberam da dimensão trágica da realidade.
 
Há muito tempo que Passos Coelho não recorria ao Fcebook onde, aliás, se tem dado mal, mesmo que a máquina do PSD o encha de likes a verdade é que a página rapidamente se transforma em notícia pelos comentários negativos. Sabendo disso é preciso que Passos Coelho se sinta mesmo desesperado para recorrer ao Facebook.
 
Enquanto o Gaspar despareceu, o Relvas anda escondido e do Portas nada se sabe o número um estica-se ao comprido e como se mensagem não fosse já um desastre reorre ao Facebook para se enterrar de um todo com as suas banalidades.
 
«"Já aqui estivemos antes. Já nos sentámos em mesas em que a comida esticava para chegar a todos, já demos aos nossos filhos presentes menores porque não tínhamos como dar outros. Mas a verdade é que para muitos, este foi apenas mais um dia num ano cheio de sacrifícios, e penso muitas vezes neles e no que estão a sofrer", lê-se numa mensagem divulgada há minutos na página do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, na rede social Facebook.
  
O primeiro-ministro pede também aos portugueses "força" para quando olharem para os filhos e netos não o façam com "pesar" mas com o "orgulho" de quem sabe que os sacrifícios feitos e as "difíceis decisões" foram feitas para que "os nossos filhos tenham no futuro um Natal melhor".» [DE]
   
 As novas oportunidades de Passos Coelho
 
Ouvir Passos Coelho falar de novas oportunidades lembra os líderes das seitas religiosas que conduzem os seus seguidores ao suicídio com a promessa de que está a chegar uma nave espacial que os levará para o céu. O líder de um governo incompetente e de incompetentes que está a destruir a economia e apenas leva por diante as reformas que visam destruir direitos dos trabalhadores tenta ignorar a realidade e fala de oportunidades que nunca surgirão.

A verdade é que a sociedade portuguesa está à beira do colapso social e económico, que não existem expectativas positivas e que o ano de 2013 será de loucos pois o Estado conta com um orçamento irrealista. Passos Coelho imaginava que usava a ajuda externa para impor as suas idiotices ao país mas está com azar, o louco que arranjou para governar o país aplicou uma receita que está a matar a economia portuguesa.
  
Resta esperar que Passos Coelho tenha um momento de lucidez e fuja do país enquanto tem tempo pois o povo pode não vir a perdoar-lhe tanto desvario.


  
 Refutação ao tempo
   
«Meu Dilecto: É verdade que, por vezes, sou tocado por funesta tristeza. E penso que a minha prosa devia, talvez, ser levada para paragens mais alegres. Mas a época é pesada e trágica, não gosto do que vejo e sinto, e, mesmo com o apoio dos meus eventuais merecimentos, soçobro na melancolia. As forças que me confrontam possuem, actualmente um poder ilustrativo do meu descontentamento e das minhas decepções. Mas não desisto. Venho de longe, do desafio de todas as lutas, dos escombros de todas as derrotas e do recomeço de todos os combates. Sei que a frase comporta, em si, algo de bravata, porém as coisas foram assim, e o riso dos enfatuados possui algo de indecoroso.
  
Meu Dilecto:
  
A prova de que estes, os de agora, não venceram, ao contrário do que julgam e proclamam, é a sanha persecutória com que agem. Tentam apagar os nossos símbolos, desprezar o nosso património moral, passar ao lado dos nossos castelos, escarnecer das nossas bandeiras. A história do que têm feito resulta num rasto de sangue, de miséria e de afronta à condição humana. "As direitas sempre se uniram para o mal", escreveu Maurice Merleau-Ponty (Humanisme et Terreur), que temos a obrigação de recuperar do silêncio e das sombras com que o envolveram. A desilusão que o grande filósofo sofreu, posteriormente, não obriga a que o projectemos no limbo. E essa desilusão possui algo de trágico porque configura parte das nossas decepções actuais. Não vale a pena chorar no leite derramado, dizem. Mas calar as incertezas do conflito e a decência de uma luta constantemente desigual constituiria a abdicação da nossa ética. Ter passado é conter lastro, haver história, retribuir ao tempo o que o tempo nos prometeu. Estes biltres que nos governam nada respeitam, nem, sobretudo, o papel dos sentimentos e das emoções, esvaziando de sentido o princípio democrático, para o preencher com negócios, com a adulteração do conceito de «legalidade» substituindo-o por um autoritarismo fascista.
  
Meu Dilecto:
  
Quando um primeiro-ministro, este, diz que os reformados já receberam mais do que as verbas por eles descontadas, a frase deixa de constituir uma questão semântica para configurar a mais desprezível vilania. Este homem não é digno de nos representar, em circunstância alguma. Mas ele vai passar, deixando um traço de ignomínia e uma soma de vergonhas morais, a começar pelas suas mentiras, continuando pela sua frondosa incompetência e terminando na leviandade dos juízos. É um subalterno. A voz não lhe pertence, as ideias são de outros.
  
Meu Dilecto:
  
O que esta gente nos trouxe de miséria, de descrença, de desapontamento, de fome de ser e de angústia de não podermos estar, comporta um peso, uma culpa inaudita na nossa história recente. Contudo, estamos aqui, para o que der e vier. Até já!» [DN]
   
Autor:
 
Baptista-Bastos.   

 Bacalhau e mensagens
   
«A quadra impõe o bacalhau e a mensagem de Natal política. Ao contrário do bacalhau, que cumpre um fim muito concreto, a mensagem de Natal política não precisa de ser sólida nem líquida – é por definição um elemento gasoso.

É muito difícil de cozinhar convenientemente, uma vez que é obrigada a trazer “esperança”, um sentimento quase religioso, e “confiança”, uma coisa em queda no Portugal de 2012 e que ameaça esgotar-se com a entrada em 2013.

Passos Coelho lá cumpriu ontem o dever de desencantar uma mensagem de Natal para oferecer aos cidadãos esgotados pelas rabanadas. Tinha muito pouco para dizer, o que se percebe perfeitamente lendo os últimos números oficiais – com a devidamente assinalada excepção de os juros da dívida terem caído dos 7%, o número mágico inventado por Teixeira dos Santos.

Foi embalado por essa descida que Passos escolheu abrir uma fresta ao “optimismo” – mas de maneira que ninguém o possa vir a acusá-lo de ter apelado ao optimismo. Optando por uma estratégia diferente do dia em que anunciou a retoma e depois teve de recuar a todo o pano, Passos escolheu o discurso do “por um lado sim, por outro lado não”, que será sempre o mais politicamente conveniente em momentos difíceis. Por exemplo: segundo Passos, nós, portugueses, sabemos que “ainda não pusemos esta grave crise para trás das costas”, “mas também sabemos que já começámos a lançar as bases de um futuro próspero”.

Se “ainda não podemos declarar vitória sobre a crise”, “estamos hoje muito mais perto de o conseguir”. Não deixa de ser burlesco para um português comum levar no dia de Natal com a mensagem de que “para sermos vitoriosos sobre a dívida e sobre o desemprego”, o que temos a fazer “é acreditarmos em nós próprios”. Ou a de que a

economia recupera se “encontrarmos a clarividência, a força e a tenacidade para ultrapassarmos este momento”. Ou que haverá saída para a crise “se renunciarmos de uma vez por todas ao pessimismo que marcou a nossa história recente”.

Passos reconhece que a nossa “clarividência” e “força” enfrentam “incertezas”, nomeadamente a crise europeia, mas tem uma solução: “Teremos de responder a essas incertezas com as nossas certezas, as certezas que partilhamos como povo [...] a certeza de que os dias mais prósperos e mais felizes do nosso país estão à nossa frente.” Valha-nos a todos a certeza do tempo que corre: “Estes anos difíceis irão passar, não tenhamos dúvidas.”» [i]
   
Autor:
 
Ana Sá Lopes.
      
 Sair do euro pela direita
   
«A austeridade é o principal inimigo dos trabalhadores portugueses e suas famílias. Arrasa a economia. Destrói emprego. Agrava a precarização das relações laborais. Pressiona para a redução dos salários. Diminui o poder de compra das famílias portuguesas. Arrasa a economia. Destrói emprego. E a história repete-se sem fim. Por isso é que é a austeridade que tem de ser derrotada. Ela e todos os seus defensores. Um governo de esquerda deverá ter como principais desígnios a renegociação do memorando e a reestruturação da dívida. Só assim conseguiremos reduzir a austeridade imposta ao país e ao povo português. Há quem à esquerda defenda a saída do euro como forma de derrotar a austeridade. Só que uma coisa não significa a outra. Se à saída do euro fossemos governados pela direita teríamos o pior dos dois mundos. Às consequências negativas de abandonarmos a zona euro ainda teríamos de somar a austeridade. Sair do euro não significa, necessariamente, governo de esquerda e o fim da austeridade. Poderíamos sair pela direita. E se isso acontecesse seria uma catástrofe de dimensões inimagináveis. Alguns dos que à direita já defendem a saída do euro afirmam que a dívida externa teria de ser paga na totalidade. Imagine-se esta loucura: moeda nova e desvalorizada a pagar uma dívida externa cotada em euros. Esta direita é ainda mais louca do que aquela que, recusando reestruturar a dívida, também não quer sair do euro. Há quem acredite na possibilidade de uma saída financiada pela União Europeia. Argumentam que assim poderíamos continuar a pagar uma dívida cotada em euros. Nada de mais ingénuo. Os países com excedente externo poderão estar dispostos a continuar a financiar-nos se isso significar que fiquemos no euro. Nunca para sairmos. Primeiro, porque têm interesse próprio em manter a imagem de um euro inviolável e inatacável. Segundo, porque não têm interesse nenhum em financiar países para que estes regressem às desvalorizações competitivas.» [i]
   
Autor:
 
Pedro Nuno Santos.
   
  
     
 A estranha saída de Nogueira Leite da CGD
   
«Uma das razões que levaram António Nogueira Leite a deixar a administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD) prende-se com a forma como a gestão liderada por José Matos interpreta as suas funções, o que a levou a optar por não enfrentar as denúncias de existência de ilícitos criminais praticados na década passada por directores em funções na instituição.
   
Na terça-feira da semana passada, pelas 18h, antes de entregar o pedido de demissão a Faria de Oliveira, presidente não executivo da CGD, Nogueira Leite chamou ao seu gabinete Jorge Mota – um dos trabalhadores que confirmaram as alegadas ilegalidades, como ocorrência de roubos e de falta de rigor na aquisição de material de equipamento e segurança praticados por quadros do grupo ainda em funções –, iniciativa que foi interpretada como mais um sinal de divergência dentro da administração.
  
Na reunião, o trabalhador alertou-o, apurou o PÚBLICO, para o teor de uma carta subscrita pelo advogado Garcia Pereira, de 44 páginas, enviada a 18 e 19 deste mês a várias entidades e que menciona, entre outras coisas, a "ocultação" durante 15 anos de um inquérito interno com "fortes indícios" de crimes de coacção, cópias de material não patenteado e corrupção envolvendo quadros de topo do grupo estatal. Documento que Garcia Pereira diz ter sido ignorado, em 2006, por Francisco Bandeira, então vice-presidente, quando aplicou castigos a trabalhadores que denunciaram as alegadas irregularidades. Garcia Pereira representa Jorge Mota e outros funcionários que denunciaram irregularidades.» [Público]
   
Parecer:
 
Se a questão dos ilícitos deve levar a que se questionem as administrações e a própria PGR para a inércia, a verdade é que não parece ser matéria suficiente para uma divergência de gestão.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Questione-se Nogueira Leite sobre os motivos da sua saída.»
   

   
"O burlão voltou a aparecer na televisão"
 
No Câmara Corporativa:
   
«1. Passos Coelho fez tudo para provocar a entrada no país do que viria a designar-se por troika. Mais, Passos Coelho, após assumir a liderança do PSD, procurou convencer os portugueses de que até seria bom que a “ajuda” externa chegasse. Fê-lo, por exemplo, em Outubro de 2010, quando disse, em conferência de imprensa na São Caetano, o seguinte: “ela [a ajuda externa] será bem-vinda e não vale a pena diabolizar a possibilidade de acudirmos [sic] a quem nos possa ajudar se outros mecanismos falharem.” Ao longo dos meses que antecederam as eleições de 2011, todas as intervenções de Passos Coelho foram no sentido de dar uma imagem cor-de-rosa do FMI (“não vale a pena estarmos a diabolizar o FMI”), para assim justificar, por um lado, o chumbo do PEC IV e, por outro, a entrada no país da troika, o pé-de-cabra que serviria de pretexto para todos os desmandos a que assistimos na hora actual.

Apesar dos avisos de José Sócrates (“as medidas impostas por esses programas são muito mais nocivas para a qualidade de vida dos portugueses”), uma parte dos portugueses confiou no que Passos Coelho vinha dizendo.

Mas não é que este cara de pau que se acoitou em São Bento disse hoje, na sua mensagem de Natal, que todos os portugueses já sabiam que, após a negociação do memorando de entendimento com a troika, iríamos passar por um mau bocado? Veja-se:
    “Quando este Governo tomou posse, Portugal tinha acabado de assinar um programa de ajuda financeira com instituições internacionais, um programa cujo valor global equivalia a quase metade de toda a riqueza que produzimos num ano. Este programa implicava a realização de avaliações regulares e impunha uma longa lista de medidas desenhadas para recuperar as nossas finanças públicas e a competitividade da nossa economia.

    Julgo que nesse momento todos terão percebido que iríamos iniciar um período de grandes dificuldades. Não é comum um país ter de pedir ajuda financeira. E quando isto sucede numa economia desenvolvida como a nossa, onde o Estado tem compromissos muito pesados e importantes, então podemos dizer que entramos verdadeiramente numa zona de perigo. Foi isso mesmo que sucedeu há pouco mais de um ano e meio.”

Este sujeito não tem um pingo de vergonha na cara, o que o torna mais perigoso ainda. 

2. E é esse total descaramento que permite a Passos Coelho dizer, apesar de estar a bater todos os records no âmbito do desemprego, que “ninguém sairá desta crise sem a capacidade plena de aproveitar essas oportunidades.” Se os números do desemprego, da recessão, do défice orçamental e da dívida pública não o coíbem de afirmar que tem “a certeza de que os dias mais prósperos e mais felizes do nosso Pais estão à nossa frente”, então terá de ser a realidade a entrar-lhe pela porta dentro. Como aconteceu a Ali, o cómico.»
     

   
   
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