Paulo Portas parece um submarino, submerge e de tempos a
tempos emerge para reabastecimento e volta a submergir. Cavaco Silva parece uma
daquelas vacas felizes da Ilha Graciosa, sorri, sorri, mas não diz nada de útil
ou inteligível. Miguel Relvas parece um satélite, desde que deixou de ser
conveniente aparecer em público substitui o submarinista do Palácio das
Necessidades e dá voltas ao mundo, estando presente em todas as tomadas de
posse presidenciais ou que deve ser uma canseira com tanto país que há por esse
mundo fora, entre eleições e golpes de Estado todas as semanas há uma posse
presidencial. O Álvaro parece um daqueles transeuntes que nos costumam aparecer
entre a Praça de Alvalade e a Av. Rio de Janeiro. O Passos Coelho parece um
porteiro de discoteca a dissertar sobre as soluções para os problemas do país.
Este país está bonito, está…
O congresso do Partido Comunista Português foi uma desilusão,
era de esperar que o primeiro-ministro que o PCP tanto ajudou a eleger
estivesse na primeira fila como convidado mas Passos não apareceu, Relvas não
foi porque estava no México, Portas estar no fundo do Atlântico entre as
Berlengas e o Bolama e Cavaco terá optado por se entreter fazendo tuning com o
jipe que dantes usava para carregar os processos do Sócrates. Mas a maior
desilusão, a mãe de todas as desilusões deste congresso foi Jerónimo de Sousa não
ter apresentado o Eduardo Catroga como militante de honra do PCP, depois de
ganhar 52 mil dele à conta dos camaradas chineses o professor que detesta
contar pentelhos não só deveria ter um lugar por inerência no congresso do povo
da República Popular da China como deveria ter sido recebido no congresso do
PCP num ambiente de apoteose digno de um Gagarine dos tempos miseráveis em que
vivemos.
Passos Coelho deu uma importante entrevista à TVI, tão
importante que Marcelo Rebelo de Sousa suspendeu momentaneamente o seu estatuto
de conselheiro presidencial para assumir o papel de conselheiro especial do
primeiro-ministro. Passos falou, falou e dois dias depois o tema nacional era a
descida da temperatura. Portugal tem um primeiro-ministro a quem ninguém dá
ouvidos, até porque já todos sabem que se o homem tem alguma coisa para dizer
sai asneira e uma semana depois o Gaspar convoca uma conferência de imprensa
para explicar melhor.
Parece que o governo quer reintroduzir as propinas no ensino
obrigatório, parece porque com este governo nunca se sabe quem diz a verdade se
o ministro de cada uma das pastas ou o primeiro-ministro quando dá entrevistas.
Aliás, há o mesmo problema quando o primeiro-ministro se pronuncia sobre as
mesmas coisas em dias diferentes, isto se o Gaspar não se lembrar de se meter
na conversa, nesse caso haverá uma terceira ideia que acaba por ser a decisão.
Assim sendo teremos de esperar que o Gaspar se pronuncie sobre as propinas no
ensino obrigatório, depois ficaremos a saber se a pré-primária estará isenta ou
não.
O grupo parlamentar do PSD fez aquilo para que lhe pagam
durante todo um ano, juntaram-se em rebanho obediente e votaram favoravelmente
o OE, nem um único deputado pediu para ir mijar durante a votação, as azeitonas
puderam esperar, o Passos ainda é primeiro-ministro e enquanto assim for é ele
que decide quem vai ao pote e quem fica de fora a lamber os dedos. Dezoito
deles ainda se lembraram de aliviar a consciência com uma declaração de voto
mas apareceu oRelvas e fizeram xixi pelas calças abaixo.