domingo, dezembro 23, 2012

O Natal da extrema-direita


Depois de décadas a sofrer finalmente a extrema-direita vai ter o seu Natal, quase 40 anos depois do 25 de Abril a direita mais conservadora está novamente no poder, podem finalmente celebrar um Natal com imensas oportunidades para praticarem a caridade num país onde se condena a solidariedade, até podem lembrar-se de outros tempos pois têm como primeiro-ministro alguém para quem a história não transformou colónias em países independente e ainda fala do Ultramar.
 
Graças a uma crise financeira desencadeada pelo grande capital mais oportunista e com a a ajuda de gente cinzenta, uma nova geração de extrema-direita que nasceu e cresceu nos gabinetes sombrios de organizações como a Comissão Europeia ou o FMI a extrema direita piedosa pode finalmente governar contra a vontade do povo. O povo bem defende equilíbrios sociais, até votou esmagadoramente em soluções democráticas, mas o povo pouco conta.
 
O que conta são as ideias do Gaspar, ninguém as conhece, ninguém teve a oportunidade de as discutir, ninguém foi chamado a votar nelas, mas as ideias do Gaspar não são para o povo que só sabe trabalhar e é para isso que serve. As ideias do Gaspar são demasiado complexas, exigiram grandes estudos e muitos sacrifícios, não é coisa que se deite fora só porque a populaça não as entendeu e decide votar contra. As ideias do Gaspar são superiores demais para irem a votos.
 
E se o Gaspar quer conseguir algo ainda melhor do que a escravatura então temos de o apoiar, por mais que falhe nas previsões ou que destrua a economia temos de o elogiar, o que importa é o Gaspar defende algo que ninguém ousava defender desde os anos 20 do século passado, o povo deve ser pobre e pagar tudo o que consome. O que o Gaspar está conseguindo é um milagre, é o regresso da escravatura mas sem que os donos dos escravos tenham de os vestir e alimentar e sem que os próprios escravos possam querer libertar-se pois na aparência são livres.
  
Nunca a extrema-direita imaginou vir a festejar um Natal , para ser perfeito só se conseguíssemos as colónias de volta, se como Passos diz Portugal pudesse voltar a ter Ultramar. Mas já que nem tudo é possível então que se festeje o que se tem, que é muito mais do que alguma vez a extrema-direita imaginou. Governa como se fosse uma ditadura mas graças a uma democracia, tem trabalhadores escravos mas nem precisa de cuidar deles e o Gaspar até vai exigir que sejam os escravos a pagar as contas da escola e do hospital, até nem se sente a falta do Carmona, aquele que quando primeiro-ministro subia às palmeiras agora que é velho e presidente parece sentir-se melhor num bananal com vista para o Pavilhão Atlântico, não foi obra sua mas agora é da família.